Bombons
muito bons
Hélio
Consolaro*
Hoje
é dia de quebrar os Ovos de Páscoa. Não há nenhuma novidade, a não ser que o instrumento
empacotador da fábrica tenha aprontado alguma traquinagem, mas fique tranqüilo,
caro leitor, porque todas as máquinas são previsíveis, a única imprevisão é
enguiçar na hora em que a gente mais precisa delas.
Seja
realista, mas não é bom ficar na mesmice, achar que tudo é repetitivo, que a
vida não tem graça, pois só os velhos de
espírito têm tal comportamento. Sonhar faz bem. A graça se busca na Fonte.
Exercite o otimismo para poder enfrentar com mais coragem os problemas. Nem é
necessário dizer novamente o velho chavão: a vida, cara, só temos uma!
Façamos
uma brincadeira de faz-de-conta, como gostam as crianças. Deixe
o seu lado infantil aflorar. Quebrar o Ovo de Páscoa seria abrir o coração e
cada bombom representaria um bom sentimento. Afinal, Páscoa em hebraico quer
dizer passagem, travessia para um mundo novo.
No
primeiro bombom estaria escrito solidariedade. Ao pegá-lo, cada um podia pensar
numa forma de ajudar pelo menos os parentes que estão passando por
dificuldades, pois começar pelos estranhos é conversão radical, pode ser o
próximo passo.
Já
a segunda guloseima teria na embalagem a inscrição: caridade. Este sentimento
bonito que nós só aguardamos que ele venha dos outros, sempre nos colocamos
como vítimas da incompreensão. A primeira atitude é conhecer a si mesmo, se
amar, porque sem este primeiro passo, fica impossível dar o segundo.
Aceitar-se
como sou, conhecer minhas limitações, mas saber que não poderia ser diferente,
pois toda criatura humana é assim, meio fraqueza e meio fortaleza. Saber que
meus problemas não são únicos, portanto o melhor caminho é o encontro,
resolvê-los em conjunto.
Depois
disso, tranqüilo, zen, relacionar-se com o outro não será mais uma tragédia. Dizem
os psicólogos que atravessamos uma época em que as pessoas buscam o outro, numa
interação de sentimentos e emoções, sem brincar de esconde-esconde.
A
terceira peça a ser retirada do invólucro de chocolate seria o bombom do amor.
Depois de comer o primeiro e o segundo, o terceiro se torna uma delícia, seria
a sobremesa da boa vida.
Lógico,
o ovo é grande, há outros bombons. Os outros teriam inscrições repetidas para que sua família,
por suas mãos, possa também experimentar as mesmas emoções.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura
de Araçatuba-SP
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