AGENDA CULTURAL

28.3.13

Bombons muito bons



Bombons muito bons
Hélio Consolaro*

Hoje é dia de quebrar os Ovos de Páscoa. Não há nenhuma novidade, a não ser que o instrumento empacotador da fábrica tenha aprontado alguma traquinagem, mas fique tranqüilo, caro leitor, porque todas as máquinas são previsíveis, a única imprevisão é enguiçar na hora em que a gente mais precisa delas.
Seja realista, mas não é bom ficar na mesmice, achar que tudo é repetitivo, que a vida não tem graça,  pois só os velhos de espírito têm tal comportamento. Sonhar faz bem. A graça se busca na Fonte. Exercite o otimismo para poder enfrentar com mais coragem os problemas. Nem é necessário dizer novamente o velho chavão: a vida, cara, só temos uma!
Façamos uma brincadeira de faz-de-conta, como gostam as crianças. Deixe o seu lado infantil aflorar. Quebrar o Ovo de Páscoa seria abrir o coração e cada bombom representaria um bom sentimento. Afinal, Páscoa em hebraico quer dizer passagem, travessia para um mundo novo.
No primeiro bombom estaria escrito solidariedade. Ao pegá-lo, cada um podia pensar numa forma de ajudar pelo menos os parentes que estão passando por dificuldades, pois começar pelos estranhos é conversão radical, pode ser o próximo passo.
Já a segunda guloseima teria na embalagem a inscrição: caridade. Este sentimento bonito que nós só aguardamos que ele venha dos outros, sempre nos colocamos como vítimas da incompreensão. A primeira atitude é conhecer a si mesmo, se amar, porque sem este primeiro passo, fica impossível dar o segundo.
Aceitar-se como sou, conhecer minhas limitações, mas saber que não poderia ser diferente, pois toda criatura humana é assim, meio fraqueza e meio fortaleza. Saber que meus problemas não são únicos, portanto o melhor caminho é o encontro, resolvê-los em conjunto.
Depois disso, tranqüilo, zen, relacionar-se com o outro não será mais uma tragédia. Dizem os psicólogos que atravessamos uma época em que as pessoas buscam o outro, numa interação de sentimentos e emoções, sem brincar de esconde-esconde. 
A terceira peça a ser retirada do invólucro de chocolate seria o bombom do amor. Depois de comer o primeiro e o segundo, o terceiro se torna uma delícia, seria a sobremesa da boa vida.
Lógico, o ovo é grande, há outros bombons. Os outros teriam  inscrições repetidas para que sua família, por suas mãos, possa também experimentar as mesmas emoções. 

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP

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