O cronista vê coisa onde ninguém enxerga nada. Às vezes, encontra chifres em cabeça de cavalo de tanto observar a realidade.
Assim foi com uma amiga. Fazíamos parte de uma mesa diretora de solenidade. Ela, militante da classe A, só compra roupa de grife em lojas chiques, odeia o PT. E eu, caro leitor, você sabe a minha posição. Essa minha amiga deu um testemunho de que soube que seu filho estava fazendo estágio
(recém-formado) em loja de rede na capital paulista.
- Como? Estudou tanto para trabalhar em loja que vende para o povão?
O filho nem ligou para a mãe, continuou a ser estágio.
E agora, ela estava declarando à plateia o seu contentamento, porque o filho fora designado para ser gerente de uma filial de grande cidade, com mais de 60 funcionários, ganhando um dinheirão.
E continuou:
- Veja como como me enganei...
Ironicamente, falei em voz alta:
- Vender pra pobre, hoje em dia, dá dinheiro, minha cara!
Ela fez que não entendeu. Então acrescentei:
- Graças ao PT, querida!
Não vou lhe contar, caro leitor, como a plateia reagiu.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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