AGENDA CULTURAL

27.12.15

Bem-vindos ao Brasil, refugiados

Hélio Consolaro*

Nos últimos cinco anos, 300 mil europeus migraram para o Brasil para ocupar cargos altos em grandes empresas: “Ninguém diz que vieram roubar empregos”. Não são refugiados

O Brasil tem hoje 8.400 pessoas refugiadas de 81 países, de acordo com o último levantamento do Comitê Nacional para os Refugiados. Os maiores percentuais são da Síria, Palestina e da África. Eles estão fugindo de seu país por guerra, perseguição, etc.

Os dados são de reportagem de Sarah Fernandes, na RBA, sobre o assunto a campanha “Bem-vindos, refugiados”, inserida no Portal Fórum.

No ano de 2013, quando viajei para a Itália, convivi lá por 10 dias num ônibus, uma torre de Babel, com pessoas que falavam vários idiomas.

Um senhor argentino estava felicíssimo porque seu filho arrumou emprego como executivo numa empresa paulista. Os passageiros de outras nacionalidades elogiavam o Brasil, enquanto, os brasileiros do mesmo ônibus falavam a toda hora mal de seu país. Não percebiam a ridícula atitude. Certamente, são os mesmos que não aceitaram a derrota na campanha para presidente da República.

Outro dia refutei com certa veemência a afirmação de um nissei brasileiro que falava mal do Brasil. Disse-lhe que ele (descendente de japonês) e eu (descendente de italiano) não tínhamos o direito de falar mal do país que acolheu os nossos antepassados. Ele estava cuspindo no prato em que seus ancestrais e ele comeram até hoje.

Italianos e japoneses vieram para cá, empurrados por seus governantes, porque estávamos passando fome lá. Éramos imigrantes. E concluí dizendo que ele fosse ser dekassegui no Japão. Voltasse para lá, já que é aqui é tão ruim...

A miscigenação brasileira está desfigurando raças e nacionalidades, aqui acontece a verdadeira globalização, mas não devemos perder a dimensão de como o país formou a sua população. A única etnia verdadeira brasileira são os índios, mas eles não estão no rosto dos brasileiros. Isso é uma outra discussão.

O Brasil, mais do que nunca, está nas condições de ajudar outros países, já não somos mais tão pobres. Aliás, acaba mais sendo ajudado com a importação de mão de obra qualificada. Não podemos substituir a nossa cordialidade pelo rancor.




*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP

Nenhum comentário: