Hélio Consolaro*
(Escrito em 14/10/2001)
Quem já não ouviu histórias compridas
de animais ensinados, bichos inteligentes. Há pessoas que contam casos e casos,
se alongam, dão detalhes.
Meu compadre José Laerte, meu tio Tonico e meu amigo
José Pedron, de Ourinhos, são mestres no assunto.
Participei de um retiro espiritual com
José Pedron, em Ribeirão. Ele, eu e José Calixto ficávamos, durante as
refeições e intervalos, jogando conversa fora. Calixto, o conhecia de longa
data, como vendedor de pimenta na Feira Livre de Araçatuba; Pedron era amizade
feita no encontro religioso.
O tio de Pedron, há muito falecido,
tinha um cachorro ensinado que ia levar almoço para ele na roça, e não o
deixava esquecer o chapéu em lugar nenhum. Caso o esquecesse, lá vinha o Dragão
com o chapéu do tio na boca.
- Me empresta o Dragão para que ele
busque o meu livrinho de canto, Pedrão...
Meu tio Tonico tinha uma vaca
inteligente, pois não havia porteira que ela não abrisse. A Mimosa arrancava
seus obstáculos no chifre, tirando as porteiras dos pinos com a cabeça.
Danado com a vaca, Tio Tonico resolveu
vendê-la ao frigorífico. Quando o caminhão chegou e encostou no embarcador,
Mimosa adentrou-o com facilidade, pensando: "Mais uma porteira na minha
lista!".
Desta vez seus chifres não funcionaram. Virou carne de
açougue.
Meu compadre José Laerte conta algumas
histórias de Presidente Bernardes sem ficar vermelho. Dois touros brigavam
amiúde, mas certa vez a contenda virou assassinato.
Tempo chuvoso, com muitas
poças d'água pela fazenda, Xodó e Bugre juntaram as testas, levaram as cabeças
até o chão, dentro de uma poça, sendo que Bugre teve mais força, deixando Xodó
vários minutos com as ventas dentro d'água, até morrer afogado. Não houve quem
conseguisse tirar Bugre de cima do Xodó que morreu afogado.
*Hélio Consolaro, escritor, Araçatuba-SP
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