Hélio Consolaro*
Vivemos numa mesma
cidade e devemos respeitar uns aos outros, independentemente de ideologias
partidárias. João Luís dos Santos
(PT), ex-prefeito de Penápolis por dois mandatos
Desde quando o vereador mais antigo da Câmara Municipal de
Araçatuba, Arlindo Araújo (PPS), veterinário, e o vereador eleito Almir
Fernandes (PSDB), advogado, quase se pegaram no Palácio 9 de Julho, estou
querendo escrever sobre o assunto, porque tenho coisas a dizer sobre o assunto.
Mas me contive, esquecia o assunto, quase mandei a Helena
amarrar minhas mãos, mas antes de começar de fato, ainda me impus uma flagelação:
fui lavar toda a cozinha acumulada na pia. Enquanto lavava, ruminava o
assunto, trabalhava o texto.
Mas o que me motivou a escrita foi a fala do companheiro,
também professor de Português, prefeito de Penápolis por duas vezes, João Luís
dos Santos. A frase foi registrada pela Folha da Região, 10/12/2016, e é a
epígrafe desta crônica. Ele discorria sobre a situação em que vive a cidade com
prefeito reeleito cassado.
Na assembleia da Amolivros na biblioteca municipal Rubens do
Amaral, de Araçatuba, na quarta-feira, o jornalista Iranilson Silva, que também
é blogueiro conversávamos separadamente sobre o assunto e eu lhe disse uma
frase parecida com a do João Luís, de Penápolis. Entre Almir Fernandes e
Arlindo Araújo, há uma complicação: de 2017 a 2020, os dois conviverão numa
corporação: 15 vereadores de Araçatuba e participarão da mesma base, a
governista. Não há como um evitar o outro.
O ex-prefeito de Penápolis, João Luís dos Santos, que
conheço desde quando ele era jovem, tem toda moral para dizer essa frase
pacifista, porque ele não é de brigar com ninguém; mas eu não, porque eu já fui
meio doido na Câmara Municipal de Araçatuba (1983-88).
O finado delegado de polícia (olha com quem fui brigar), Nélson
Reis Alves, ficou três anos sem conversar comigo por causa de atrito em
plenário, como ele era delegado, podia andar armado, até coçou o cabo do 38 por
cima do paletó. Depois de três anos, voltamos às boas. Não precisava tanto
tempo, demoramos muito.
Diante da ameaça do Miguel Isique (outro vereador da época)
de que ia socar a mão na minha cara (isso aconteceu na cantina da Câmara
Municipal), tirei os óculos e mandei-o bater e ainda disse: “Tiro os óculos para
não aumentar as despesas”. Ele teve juízo e me desobedeceu. Hoje conversamos tranquilamente.
Sem conviver diretamente com o Arlindo Araújo, o vereador
também não me cumprimenta, quem foi testemunha disso foi o ex-vereador Netão numa
audiência pública na Câmara Municipal. Talvez seja porque eu tinha aquela
coluna “Ponto Cego”, na Folha da Região, que mexia com os políticos da cidade.
Não fiz nenhum escândalo com a negação do cumprimento porque é um direito dele;
e também desejo que a porta da reconciliação fique aberta, nem que seja no
leito de morte.
Como o Almir Fernandes se elegeu criticando vereadores e a
Câmara Municipal de Araçatuba numa linguagem agressiva nas redes sociais,
certamente, os primeiros momentos dos trabalhos do Legislativo Municipal em
2017 vão ser pesados. Tomara que se acertem, seguindo o conselho do João Luís
dos Santos.
Afinal, os dois (Almir e Arlindo) ajudaram a eleger o novo
prefeito, os dois apoiam os governos estadual e federal, não há discordância
ideológica. Vamos aumentar o tamanho desse pavio.
Os conflitos são inevitáveis, até dentro da própria família.
A sabedoria está em superá-los. Na política, a toda hora seus agentes estão com
os fios desencampados, então, a saída é manter a formalidade, polir a
linguagem, respeitar o opinião do outro.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro
da Academia Araçatubense de Letras.
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