AGENDA CULTURAL

6.1.18

Whatsapp, zap, complica a vida da gente


Hélio Consolaro*


“Tudo era paz até que surgiu o grupo do Whatsapp,” disse alguém. É um fato, mas não é uma verdade. Todos têm o aplicativo no seu celular, as pessoas não pedem água por onde passam, mas se há Wi-Fi no lugar. 

Antes o grupo se encontrava pouco, agora a comunicação entre seus membros permanece ligada por 24h. Qualquer lembrança, corre lá. A chance de um desentendimento virtual é maior.

Outro fator que influi é que dizer algo na cara da pessoa exige mais coragem do que escrevê-la, então a transparência nas relações torna-se maior. A cabeça podre de cada um fica mais exposta.

Mas não é só nisso que o “zap” (nome brasileiro do Whatsapp) interfere em nossa vida. Há até gente que assombra a todos com sua insônia, aquele barulhinho nos celulares do grupo em plena madrugada. Tirei o som do Whatsapp, nada de passarinho cantar o tempo todo. O único barulho que permito ao aparelho é me chamar ao telefone.

Ao configurar o seu “zap”, há a possibilidade de você colocar uma epígrafe, uma frase que marca a personalidade do usuário. A minha é “Receber a mensagem, não me nego, mas respondo quando puder.” Não fico com aquela ansiedade de ficar com o telefone na mão. Se não estou participando de uma conversa,  olho as mensagens a cada 30 minutos. Há gente “nervosa” que reclama desse meu comportamento

Não pretendo ser exemplo para ninguém, apenas desejo mostrar ao caro leitor que o usuário deve se servir do aparelho e não o aparelho escravizar o usuário.

Outro fator de mal-estar num grupo de Whatsapp e que muitas pessoas desconsideram é retransmitir mensagem que atinge a religião, o time de futebol ou a posição política de alguém do grupo. O usuário recebeu, gostou, riu, solta para o grupo todo sem pensar nas consequências. Ou então há um homossexual no grupo e começa a falar de “veado”. Sujeito sem noção.


Navegar pela internet, zarpar pela realidade virtual, além dos conhecimentos técnicos, exige muito pensar no outro, é como viver cada dia, um atrás do outro.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras. 

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