AGENDA CULTURAL

17.9.19

Economizando cachorro


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Já contei para você, caro leitor, que sou presidente da Associação dos Criadores de Pardais de Araçatuba. Basta ter o passarinho voando pelo quintal para se tornar sócio. Trata-se de uma filiação automática, sem pagar imposto sindical.

No meu quintal ponho água com açúcar para os beija-flores, uma vasilha com a água para as rolinhas. Bem-te-vi canta por lá, de vez em quando; até anum preto já andou visitando meu quintal. Como é um lugar arejado, ainda não ouvi à noite o agourento canto da coruja.  

Cabeça baixa, eu varria o quintal de manhã, quando levantei o meu chapéu e vi na forquilha do oitizeiro um gato preto com olhar de piedade, como se quisesse puxar uma conversa. Meu impulso foi rápido, vassourada no gato preto. E acertou. Pelo susto, esse vai demorar para voltar. 

Na verdade, os felinos domésticos fazem parte da fauna de meu quintal. Não sou malvado, caro leitor, a vida tem lado. Eu estou com os passarinhos, e o gato quer comê-los, então será perseguido por mim, levará vassouradas. Criador de gato é folgado, porque a sua criatura anda por todas as casas, roubam até carne da pia da cozinha. Ainda bem que nesse dia não era sexta-feira, nem o dia, 13.

Confesso, caro leitor, que nunca fiz e nem comi churrasquinho de filé-miau no meu quintal. Minhas malvadezas com os gatos, quando muito, é acertar uma vassourada. 

Estou economizando cachorro, caro leitor. A situação econômica está brava! Percebeu? Não vou arrumar um canino para perseguir os gatos do quintal, eu mesmo faço isso, só não vou latir.

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