Iniciativa da Prefeitura de São Paulo oferecerá 45 atividades de 17 a 31 de janeiro. Prefeito Bruno Covas
O Festival Verão Sem Censura , que reunirá em São Paulo atrações culturais atacadas pelo governo federal, anunciou sua programação completa na última sexta-feira (20). O evento da Secretaria Municipal de Cultura terá ao todo 45 atividades gratuitas de 17 a 31 de janeiro.
O idealizador do festival, o secretário de Cultura Alexandre Youssef, no entanto, nega que a iniciativa seja um projeto de antagonismo ao governo federal.
— É uma medida de valorização da nossa cultura — disse Alê, como é conhecido, em comunicado à imprensa.
Para o secretário, trata-se de “uma resistência que luta pelo bem mais valioso da nossa cultura, a liberdade de expressão”.
A abertura, na Praça das Artes, ficará a cargo de Arnaldo Antunes — um clipe do músico, “O Real Resiste”, segundo denúncia de funcionários da TV Brasil, foi retirado da grade do canal no final de novembro. Na mesma noite, na sacada do Theatro Municipal, tocará o DJ Rennan da Penha, funkeiro que criou o Baile da Gaiola. Ele foi condenado pelo crime de associação para o tráfico em março. Em novembro, foi libertado após um habeas corpus. A prisão foi questionada pela Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ), que entende que a condenação é uma tentativa de criminalizar o funk.
Outro destaque da programação musical é o grupo de punk rock feminista Pussy Riot, censurado na Rússia, que fará show em 30 de janeiro, na Praça das Artes, com participação da cantora transexual Linn da Quebrada.
Cinema
Na agenda de filmes, uma das atividades mais movimentadas deve ser uma exibição de “Bruna Surfistinha”, que em julho apareceu em uma fala de Bolsonaro. Ele disse: “Não posso admitir que, com dinheiro público, se façam filmes como o da Bruna Surfistinha. Não dá”. Programada para o dia 18, na Praça das Artes, a sessão terá no final um debate com Raquel Pacheco, ex-prostituta cuja história inspirou o filme, e com a protagonista, Deborah Secco.
No dia seguinte, 19, no Centro Cultural São Paulo (CCSP), passará “A Vida Invisível”, de Karim Aïnouz, que foi cotado para representar o Brasil no Oscar. Em dezembro, uma sessão para funcionários da Ancine foi cancelada. Em protesto, os servidores organizaram uma projeção na rua, no centro do Rio.
Também está prevista no CCSP uma mostra de cartazes de filmes brasileiros. A ação é uma resposta à retirada, no começo do mês, de cartazes da sede e do site da Ancine à pedido da direção.
Teatro
A curadoria de artes cênicas inclui espetáculos que enfrentaram problemas em 2019, mas também dá destaque para uma montagem conhecida pela censura que sofreu durante a ditadura militar: a peça “Roda Viva”, do Teatro Oficina, vai encerrar o festival. O texto de Chico Buarque, com direção de José Celso Martinez Corrêa, será encenado no Municipal.
Já entre as peças recentes estão “Caranguejo Overdrive”, de Aquela Cia de Teatro, “RES PUBLICA 2023”, do coletivo A Motosserra Perfumada, “Domínio Público”, de Elisabete Finger, Wagner Schwartz, Maikon K e Renata Carvalho, “Abrazo”, da companhia Clowns de Shakespeare, e “Gritos”, da companhia Dos à Deux.
A programação completa do Festival Verão Sem Censura está disponível no site da Prefeitura de São Paulo . Informações para a retirada de ingressos ainda não foram divulgadas.
FESTIVAL VERÃO SEM CENSURA VAI CELEBRAR FILMES E ARTISTAS ATACADOS POR BOLSONARO
Confira a programação completa:
Festival Verão Sem Censura - 2020
Praça das Artes
17/01
20h00 Arnaldo Antunes
18/01
21h30 Conversa com a Déborah Secco e Raquel Pacheco
22h00 Exibição do filme "Bruna Surfistinha"
00h00 Daspu - Desfile de abertura
00h30 Desculpa Qualquer Coisa com performance das Maravilhosas Corpo de Baile
30/01
22h Pussy Riot com participação de Linn da Quebrada
Centro Cultural São Paulo
17/01
21h Caranguejo Overdrive - Aquela Cia de Teatro
18/01
21h Caranguejo Overdrive - Aquela Cia de Teatro
19/01
15h Vida Invisível - Sala Lima Barreto
17 a 31/01
Exposição com cartazes de filmes censurados
18/01 - Circuito Spcine
16h Sessão de curtas LGBT
Vando Vulgo Vendita
O Órfão
Preciso dizer que te amo
Reforma
Tea for two
Swinguerra
19 /01 - Circuito Spcine
15h Corpo Elétrico
17h Sessão de médias
Verona
Nova Dubai
19h Bixa Travesty
19/01
20h Caranguejo Overdrive - Aquela Cia de Teatro
Biblioteca Mário de Andrade
17/01 a 31/01
19h - Banidos – Obras censuradas no decorrer de três séculos fazem parte dessa exposição do acervo de raridades da Biblioteca Mário de Andrade. Incluem-se desde títulos como Comedia Eufrosina, de Jorge Ferreira de Vasconcellos, peça de teatro do século 16 censurada pela Igreja e incluída no Index de livros proibidos; chegando a Capitães da Areia, de Jorge Amado, incinerado em praça pública pelo Estado Novo, em 1937.
No dia da abertura, 17 de janeiro, 19h, bate-papo vai reunir Ignácio de Loyola Brandão, romancista brasileiro autor de obras que foram censuradas na época da ditadura; e Laura Mattos, autora do recente Herói mutilado: Roque Santeiro e os bastidores da censura à TV na ditadura. Moderação: Maria Fernanda Rodrigues
18 e 19/01
19h - O Caderno Rosa de Lori Lamby - Uma menina de oito anos escreve um diário com peripécias sexuais. Peça baseada em obra homônima de Hilda Hilst, na fronteira onde se encontram a irrealidade, o tabu, o desejo e a inocência da imaginação infantil. Iara Jamra vive o papel, com direção geral de Bete Coelho e direção de arte de Cassio Brasil.
21/01
19h - Cabaré da Fossa - Entre o humor e o drama, essa leitura homoerótica inclui também canções e cenas de filmes e ficará a cargo de Caetano Romão, Ismar Tirelli Neto e Ricardo Domeneck, com a especialíssima participação de Horácio Costa.
19h - Uma aula sobre 1984– O romance distópico de George Orwell, um dos livros que mais nos fizeram discutir sociedades totalitárias, acaba de completar 70 anos e será apresentado pela historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, autora do recente Sobre o autoritarismo.
23/01
19h - Erotismo censurado – Uma história de autores e obras malditos, de Sade a Hilda Hilst, será apresentada nesta aula de Eliane Robert Moraes, filósofa e ensaísta, uma das mais destacadas especialistas em literatura erótica e proscrita. Trechos escolhidos serão lidos pela atriz Helena Ignez.
24, 25 e 26/01
19h - Navalha na Carne Negra - A peça de 1967 foi vetada pela ditadura, e seu autor, Plínio Marcos, chegou a ter a integralidade de sua obra banida dos palcos. Em cena, tudo começa com o dinheiro deixado pela prostituta Neusa Sueli para seu cafetão Vado. Com Lucélia Sérgio, Raphael Garcia e Rodrigo dos Santos, e direção de José Fernando Peixoto de Azevedo.
25/01
das 10h às 13h, das 14h às 17h - Oficina de poesia sem censura, com Angélica Freitas - Neste laboratório, comandado pela poeta Angélica Freitas (Rilke Shake, 2007; Um útero é do tamanho de um punho, prêmio APCA 2012) os participantes utilizam o caderno como espaço de experimentação para aguçar suas habilidades poéticas. 20 vagas, oficina sequencial, das 10h às 13h, das 14h às 17h.
28/01
19h - Proibidas - A revista literária “Puñado”, editada por um coletivo de mulheres, vai fazer um clube de leitura especial, com trechos de autoras latino-americanas brancas e negras que foram censuradas, proibidas ou sofreram resistência, seja pelo teor político, seja pelo teor moral. Com Laura Del Rey e Raquel Dommarco Pedrão, organizadoras da Puñado, e as convidadas Hailey Kaas, Jéssica Balbino, Luciana Bento e Vanessa Ferrari.
29/01
19h - Marighella - Personagem da história política brasileira que enfrentou censura tanto em vida quanto após sua morte é o tema desse diálogo que reúne o escritor e jornalista Mário Magalhães, autor de sua biografia, e Maria Marighella, sua neta, que está à frente do relançamento de volume de escritos, Chamamento ao povo brasileiro. Moderação: Rodrigo Casarin.
30/01
19h - Mulheres nos anos de chumbo – As romancistas Claudia Lage e Maria Valéria Rezende e a historiadora Maria Claudia Badan Ribeiro conversam sobre a escrita ficcional e historiográfica que reconstitui a atuação feminina e a repressão de 1964 à reabertura política. Participação especial de Adelaide Ivánova, que apresentará duas performances. Mediação: Robson Viturino
30 e 31/01
19h - Calabar, o elogio da traição - Por uma década ficou censurada esta peça de teatro musicada de Chico Buarque e Ruy Guerra que recupera a figura de Domingos Fernandes Calabar, que tomou partido dos holandeses, contra a coroa portuguesa, durante a Insurreição Pernambucana. Esta adaptação para leitura dramática, com onze atores e três músicos, é assinada por Renata Palottini e é um projeto do Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura, da ECA-USP. Direção de Roberto Ascar e direção musical de Jean Garfunkel.
Centro Cultural Olido
17, 18 e 19/01 - Sala Paissandu
18h Abrazo - Grupo Clowns de Shakespeare
17, 18 e 19/01 - Sala Olido
21h Gritos - Cia Dos à Deux
Centro Cultural da Diversidade
18/01
21h A Mulher Monstro - S.E.M. Cia de Teatro
19/01
19h A Mulher Monstro - S.E.M. Cia de Teatro
25/01
21h Sombra - Teatro da Pomba Gira
26/01
19h Sombra - Teatro da Pomba Gira
Teatro Flávio Império
18/01
20h O Crime da Cabra - Cia do Sal
19/01
19h O Crime da Cabra- Cia do Sal
29/01
20h Lembro Todo dia de Você - Núcleo Experimental
30/01
20h Lembro Todo dia de Você - Núcleo Experimental
Vila Itororó
18 e 19/01
15h Blitz, o império que nunca dorme - Trupe Olho da Rua
25 e 26/01
20h Quando Quebra Queima - Coletiva Ocupação
Centro Cultural da Juventude
17 e 18/01
20h Domínio Público
22/01
20h Res Pvblica 2023 - Grupo A Motosserra Perfumada
23/01
20h Res Pvblica 2023 - Grupo A Motosserra Perfumada
Centro de Culturas Negras
25 e 26/01
16h Macacos - Cia do Sal
Praça Ramos de Azevedo
31/01
23h Cortejo com a Espetacular Charanga do França
00h Festa com Tarado Ni Você
01h Minhoqueens
Theatro Municipal
17/01
23h Rennan da Penha (Sacada)
29/01
20h Divinas Divas
31/01
19h Roda Viva
22:30 Concentração da Espetacular Charanga do França (Na frente do Theatro)
23h Cortejo: Roda Viva e Espetacular Charanga do França
OBS.: Todas as apresentações de teatro serão seguidas de mediação.
PARCERIA
CASA 1
17 a 31/01
Projeto Instituto Temporário de pesquisa sobre censura - um mergulho crítico sobre a trajetória da censura
ENDEREÇOS
Biblioteca Mário de Andrade: Rua da Consolação, 94 - República
Centro Cultural da Diversidade: Rua Lopes Neto, 206 - Itaim Bibi
CCJ- Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso - Av. Dep. Emílio Carlos, 3641 - Vila dos Andrades
Centro Cultural Olido: Av. São João, 473 - Centro Histórico de São Paulo
Centro Cultural Santo Amaro: Av. João Dias, 822 - Santo Amaro
CCN- Centro de Culturas Negras - Mãe Sylvia de Oxalá: Rua Arsênio Tavolieri, 45 - Jabaquara
CCSP: Rua Vergueiro, 1000 - Paraíso
Praça das Artes: Av. São João, 281 - Centro Histórico de São Paulo
Teatro Décio de Almeida Prado: R. Lopes Neto, 206 - Itaim Bibi
Teatro Flávio Império: Rua Prof. Alves Pedroso, 600 - Cangaíba
Tendal da Lapa: Rua Guaicurus, 1100 - Água Branca
Theatro Municipal: Praça Ramos De Azevedo, s/n - República
Vila Itororó - Rua Pedroso, 238 – Bela Vista
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