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Virchow descreveu que as doenças originavam nas células, como revelam seus desenhos, e que estavam associadas às condições e estilos de vida!
Rudolph Virchow, talvez tenha sido o maior
patologista que passou pelo planeta e o pai da patologia, que viveu na nação
que precedeu a Alemanha, na época chamada de Prússia, entre 1850-1900. Ele era
genial e por 30 anos também foi um grande opositor político da monarquia,
chefiada pelo autoritário primeiro-ministro Otto von Bismark.
Quando algo acontecia de diferente no reino
e não encontravam explicação, sempre a contragosto dos poderosos, Virchow era
chamado para viajar e inspecionar a região com algum problema sério de saúde.
Seus relatórios eram fantásticos e verdadeiras obras geniais de patologia
humana e da sociologia. E resolvia-se o problema.
Quase sempre, eram condições precárias de
mineradores, trabalhadores em condições insalubres, água contaminada, alimentos
inadequados, quando não tudo isto misturado que provocavam as epidemias,
tragédias locais e dramas humanitários. Quase sempre estava relacionado com a
exploração escrava e sub-humana de trabalhadores por gananciosos e poderosos
implacáveis.
NÃO É NORMAL
Não é normal, e nem é inevitável, ter
viroses. Os vírus são transmitidos em condições de superpopulação, em meios
urbanos com salas fechadas com muitas pessoas e geralmente pessoas de várias
origens e idades. Em centros de compras, farmácias, academias, lojas,
ambulatórios, escolas, creches e centros de diversão, sem contar as igrejas,
shows e baladas. Como se reage frente a esta constatação? Com indignação, pois
vai contra o que um sistema de mercado precisa para vender e lucrar.
Ao planejar uma escola qual é o número
ideal de crianças na sala? Qual a distância entre as carteiras? É certo ter
ar-condicionado? As janelas devem estar abertas ou fechadas? E os intervalos
das crianças são todas no mesmo horário? E a água e alimentos como são
partilhados?
E quando algum aluno tem gripe ou outra
virose, quanto tempo fica sem ir a escola? E se o professor ou funcionário
relatar coriza, ele é afastado temporariamente? A escola tem um assessor
especial de saúde pública que cuida desta parte, ou não?
Na escola, há treinamento detalhado de
professores e funcionários sobre como evitar o contágio de doenças? Como os
alunos são orientados na escola e em casa para evitar pegar uma virose de uma
outra criança ou de um adulto? Existe cartilha, vídeos e orientações para o os
pais, orientando sobre este assunto? Há reuniões de pais para se discutir estas
diretrizes e formas de evitar contágios?
DUAS REFLEXÕES FINAIS
1. Respostas
a estas perguntas são difíceis, pois são opções entre o humano e o lucro. Se
algum profissional de saúde falar que ter virose é normal, que faz parte da
espécie humana, peça esta declaração por escrito no receituário com assinatura,
carimbo e número do conselho profissional. Isto me faz lembrar o personagem
Pedro Pedreira, da Escolinha do Professor Raimundo, que dizia: “Pedra Noventa,
só enfrenta quem aguenta”.
2. Os vírus entram em nós e a maioria não sai mais, ficam incorporados no DNA e isto não é normal para a espécie. Em vez de dizer que ter virose é normal, diga que “nas condições de vida daquela população, ter virose é inevitável e frequente”, mas aí vou ter que chamar o Rudolph Virchow de volta, para fazer um relatório sobre o que se passa por ali, pois as condições ambientais devem ser precárias.
Professor Titular da USP
FOB de Bauru
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