![]() |
Daniel - cara do pai |
Blake, o poeta, afirmou que “...Ter na infinidade/ a palma da mão cheia/ e em uma hora ver / a eternidade de /passagem /um cão pelo dono / abandonado/ faminto, prediz a / ruina do estado...”, talvez se referindo às oportunidades que perdemos vida afora. Talvez também, não nos basta apenas a inteligência ou nossas mágoas não superadas para nossa presença nesse mundo. Cada um de nós somos uma possibilidade em trilhões de outras para estarmos nessa mundo e nem sempre, fazemos dessa dádiva, reconhecimento. Sim, porque “a vida esconde nos lugares mais simples sua grande beleza”, já nos disse Pablo Neruda. E o tempo não tem por que nos esperar a decidir o que fazer na vida. Quem somos nós para esse desejar?
“Com o tempo tudo passa. Vi, com
alguma paciência, o inesquecível tornar-se esquecido e o necessário sobrar.”,
já escreveu Gabriel García Marquez, com a lucidez que muitas vezes nós não temos. Não basta ter rumo, tem que saber onde queremos
chegar. Cheshire tem sempre razão.
Vasculhando o que me resta de memória, lembro do poeta uruguaio Mário Benedetti: "Esse grande simulacro...o esquecimento está
tão cheio de memória que às vezes não cabem as lembranças e rancores...
precisam ser jogados pela borda”, haja vista que “no fundo o esquecimento é um
grande simulacro”, pois ”ninguém sabe nem pode, ainda que queira, esquecer”. E,
claro, não posso me esquecer desse 27.09, seu nascimento pois as coisas mais auspiciosas são as que ficam.
E no pouco tempo me dado, por escolhas certas ou tortas, me regozijei com sua
vinda e que esse dia, foi um dia que me ficou
na memória pois asseverou
Benedetti; “Lento mas vem, o futuro se
aproxima devagar, mas vem”.
Como também me recordo das nossas
andanças por São Paulo, ou de quando você, distraído, trombou com um poste. No Mercadão ou de quando você atuava no
movimento estudantil. Da sua primeira namorada, a médica (eu gostava muito dela). Ou seu
abandono dos cursos onde você entrou com
destaque. Daquele emprego, que permitia a você, frequentar bons restaurantes em Sampa. Da sua ida para Portugal. Do nascimento de Agnes e do Teo . Enfim, da sua
presença em nossas vidas, para o bem e para o mau.
Gabriel Garcia Márquez, disse que “a idade não é a que temos, mas a que sentimos”, assim como “a vida não é a que a gente viveu e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la”. Nestes tempos ainda de incertezas, nos quais precisamos nos livrar das mentiras, da ignorância e seus derivados, da negação das ciências, do racismo, do machismo e todas as fobias de gênero, de etnia, de sexo, de raça, de nacionalidade, de classe, de guerras injustas, do LGTBQ + etc que possamos contar nessas datas como mais um momento de brado, de luta para a plena libertação dos espíritos e de resistência, contra todas as formas de opressão, mas que também seja um momento de comemoração, de alegria, de parcerias, de perdões, de delicadeza e de gentileza, para com o mundo e do mundo para nós. Podemos sempre recomeçar, reconstruir e participar de um futuro melhor para a Humanidade. Se pudermos ler Dostoiévsk “ ...O homem tem tudo em suas mãos, e tudo escapa entre seus dedos por pura covardia...”
E aqui te vejo vivendo, neste 27 setembro, com certeza,
tentando reencontrar rumos e lugar para chegar, como mais um dia de celebração
para poder contar sobre sua VIDA para as
suas pessoas queridas, pois como também escreveu o grande escritor colombiano,
“a vida não é mais do que uma contínua sucessão de oportunidades para
sobreviver”, sendo que “a memória do coração elimina as más lembranças e
enaltece as boas e que graças a este artifício conseguimos suportar o passado”,
pois “os seres humanos não nascem para sempre no dia em que as mães os dão à
luz, e sim que a vida os obriga outra vez e muitas vezes a se parirem a si
mesmos”. Que você esteja
sendo muito feliz, sabendo que a lembrança desse nascimento é uma alegria por
saber que, de alguma maneira, você cruzou minha vida mesmo antes do seu
nascimento e isto é motivo de
celebração, uma celebração pública permitida por esta mídia, mas uma celebração
sincera pela pessoa importantes que você se tornou em minha trajetória mesmo quando dos nossos desencontros. Melhoro, não
por conta apenas da sua presença ou pelo fato de você ser “minha” imortalidade,
mas por saber que vc irá encontrar seu lugar nesses tempos de viver. Amo
você. Parabéns pelo aniversário
Marcos Francisco Alves, professor, 27.09.2025.
Araçatuba-SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário