AGENDA CULTURAL

17.9.13

Praça João Pessoa e Samar - Araçatuba

Araçá Rock, 15 de setembro de 2013, no palco Tom Jobim

Hélio Consolaro*

Jornal “Folha da Região” mostrou que a praça João Pessoa não está bem conservada. Não podemos esconder e nem negar as evidências, mas se a reportagem tivesse procurado a mim, secretário municipal de Cultura, eu teria algumas coisas dizer.

A restauração da praça João Pessoa foi feita sem projeto arquitetônico, como se diz no popular “a zoio”. Não vou escrever nada sobre a Getúlio Vargas porque ela não está sob a administração da Secretaria Municipal de Cultura.

Não podemos menosprezar o empenho dos mentores e nem dos patrocinadores da reforma na tentativa de mudar alguma coisa, mas tudo isso ocorreu porque obras “meia boca” ficam mais baratas. Não sei se o araçatubense já percebeu, os prédios públicos feitos em Araçatuba até 2008 (depois do Valadão) são todos acanhados, cheios de problemas, carregados de puxadinhos. Um desprezo ao que é público. Ou, para ser mais verdadeiro, na entrega final de obra licitada (não é o caso da praça), se recebia qualquer coisa, porque a descrição dela na licitação era genérica, imprecisa. Isso era feito intencionalmente. Na Secretaria Municipal de Cultura, temos problemas em todos os equipamentos.

Fiquemos na João Pessoa. A parte elétrica da praça é péssima, tivemos que refazer a entrada de energia elétrica, porque já não suportava aparelhos de som modernos, mas ainda não tivemos condições de mudar toda a fiação da iluminação que dá curto circuito constantemente. Debaixo do palco Tom Jobim é um depósito sem saída e o camarim funciona na base da caixa d’água, desobedecendo a todos as normas de segurança.  
 
A contiguidade do palco Tom Jobim e o reservatório
Reconstruímos os banheiros, mas os frequentadores da praça na madrugada arrebentam tudo, vandalizam. Apenas o feminino está mais conservado. Os globos dos postes são quebrados. A praça acolhe as pessoas a qualquer hora, mas não há uma retribuição para esse acolhimento, zelando dela.

Na reforma, fizeram uma cantina dentro da praça que é explorada sem licitação desde o ano 2000, quando houve a restauração. Não há lugar onde a cantina possa guardar cadeiras, mesas, etc. Tudo lá é improvisado e ilegal desde que ocorreu a restauração. Só tivemos essa visão após assumir o cargo de secretário. Como frequentador da praça, antes de 2009, eu achava-a divina e maravilhosa. E será assim se houver as mudanças de correçãop acenadas pela Soluções Ambientais de Araçatuba (Samar), sucessora do Departamento de Água e Esgoto de Araçatuba (Daea).

Assim que assumiu o Daea, a Samar lacrou por medida de segurança as dependências da praça João Pessoa (palco e camarim), nos deixando apavorado. Assim que procuramos o Dr. Renato de Faria, presidente da empresa, mediado pelo prefeito Cido Sério, houve a liberação provisória e ele assumiu um compromisso de fazer da praça João Pessoa um cartão de visita de Araçatuba, marketing da Samar, porque é nela que está o mais antigo reservatório de água de Araçatuba, construído pelo então prefeito Aureliano Valadão Furquim.

Como o leitor seguiu o nosso raciocínio, o problema da praça vem de uma restauração mal conduzida, feita sem planejamento arquitetônico e aceita pelo poder público da época, em 2000. Os problemas são estruturais, não dependem apenas de maquilagem. Ainda bem que a praça Rui Barbosa está trilhando caminhos diferentes.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário Municipal de Cultura de Araçatuba-SP.



Um comentário:

ESTACÃO BRASIL (UP GRADE) disse...

Aclarações justas e concisas. tenho muito carinho pela Praça João Pessoa, aonde, mesmo enfrentando muitas dificuldades e grandes esforços, sem apoio algum , realizamos durante 3 anos o Projeto Cultural Cinco e Meia, entre 2002 e 2005 nos tempos nefastos da administração malulysta.
A Praça merece um projeto arquitetônico adequado e moderno, como uma concha acústica que além de melhorar a questão sonora, protegeria equipamentos e instrumentos em caso de tempo adverso. Espaço ali não faltaria. seria o caso da gente se unir em torno de uma proposta e buscar recursos aonde seja possível. Quanto a questão da destruição de patrimônio por vândalos, a solução certamente seria um policiamento efetivo e constante, 24 p/ dia, com a construção de uma guarita da guarda civil, que garanta segurança e algum conforto para quem lá fique de plantão. Penso que nenhuma destas propostas são impraticáveis. São plenamente realizáveis a curto e médio prazo. Vamos começar?
Marco Ianner
Músico e agente cultural