AGENDA CULTURAL

20.10.13

Reforma agrária em Araçatuba

Ontem, sábado à noite, o Calçadão da Marechal, esquina da rua Princesa Isabel, foi palco de uma peça teatral do grupo "Nóis de Teatro", de Fortaleza, Ceará, quando o tema posto foi a reforma agrária, o agrotóxico, o agronegócio, a política agrária do Brasil.

Gritou-se contra latifundiários, a venda de agrotóxicos, houve até bandeiras vermelhas, na terra do boi. A peça foi trazida ao Festival de Teatro de Araçatuba - FESTARA - pelo Sesc.

Não me imaginava em Araçatuba, vendo aqui a apresentação do que se chamava na década de 60 de "teatro engajado". A classe artística de Araçatuba não se envolve em temas sociais, há uma autocensura ou  um compromisso tácito com a classe dominante local. Os temas polêmicos ficam mais no campo da sexualidade.

No início, achei que o grupo fosse um 68 jovem, gente com discurso antigo da ditadura militar. Mas o "Nós do Teatro" soube atualizar o discurso, ligando a reforma agrária com a agroecologia, com as questões atuais na produção de alimentos. Senti-me contemplado.

O grupo "Nóis do Teatro" existe há 11 anos, atuando na periferia de Fortaleza, desenvolvendo projetos culturais no bairro Granja Portugal, tendo se tornado referência nacional. Atual pesquisa do grupo está na interface do Teatro do Oprimido com o Teatro Épico e a Performance, fazendo um link com a linguagem do Teatro de Rua Contemporâneo em suas discussões sobre ocupação e vivência.  



Contatos: 85 8720 1135 / 85 9920 1134

6 comentários:

Bete Medeiros disse...

Helio, parabéns pelo Festival de Teatro...algo raro em nossa região.
A propósito, falando no tema, fui contatada por alguns assentados em Araçatuba para dar oficinas de artesanato da fibra da bananeira e taboa. Solicitei que procurassem a Secretaria.
Abraços,
Bete Medeiros

Bete Medeiros disse...

Precisamos agendar uma reunião. Seria possível?

Laerte Silva Jr disse...

“(…) todo teatro é necessariamente político, porque políticas são todas as atividades do homem, e o teatro é uma delas. Os que pretendem separar teatro da política pretendem conduzir-nos ao erro – e esta é uma atitude política. (…) teatro é uma arma. Uma arma muito eficiente. Por isso, é necessário lutar por ele. Por isso as classes dominantes permanentemente tentam apropriar-se do teatro e utilizá-lo como instrumento de dominação. Ao fazê-lo modificam o próprio conceito do que seja “o teatro”. Mas o teatro pode igualmente ser uma arma de liberação. Para isso é necessário criar formas teatrais correspondentes. É necessário transformar.”

- Augusto Boal


Laerte Silva Jr disse...

Permita-me discordar e mostrar meu descontentamento com "a classe artística de Araçatuba não se envolve em temas sociais, há uma autocensura ou um compromisso tácito com a classe dominante local. Os temas polêmicos ficam mais no campo da sexualidade."

Primeiro: temas sexuais (como as fobias ligadas a gênero e orientação) também são QUESTÕES SOCIAIS, tão importantes quanto a retratada em "Sertão.DOC".

Não consigo, por exemplo, retirar a questão social do sensível espetáculo "Manhã", do Grupo Domo (Brasília/DF), também apresentado no FESTARA 2013.

Bem verdade que "Manhã" transcende a questão da sexualidade (vide sua própria análise da peça), mas lá estava o "no Brasil, trezentas pessoas são assassinadas por conta de sua orientação sexual ou identidade de gênero".

Quer mais "bandeira social" que essa?

Tabus e preconceitos são assuntos que a sociedade gosta de esconder sob o tapete. Quando a arte vem e consegue quebrar (ou pelo menos trincar) o gesso do conservadorismo hipócrita, palmas pra ela!

Segundo: não compactuo velada ou explicitamente com a "classe dominante".

Como você generalizou, senti quase como uma ofensa.

É isso.

Em tempo: adorei Sertão.DOC

Abraço.

Hélio Consolaro disse...

Bete Medeiros. Agende-se com a Rose, 18 3636 1270

Gabriel Araújo dos Santos disse...

Não me lembro de ter visto em "comentários" tantas e entusiastas manifestações. Sinal de que a apresentação da peça mexeu, e muito, com o modo de pensar das pessoas, o que é muito bom, pois "da discussão nasce a luz". Não foi por menos que o incansável amigo Consa envidou todos os esforços para a realização de tão importante evento. Parabéns!!! Bié.