AGENDA CULTURAL

12.11.13

No PT, peão manda


Hélio Consolaro*

Num partido democrático, onde o filiado não é apenas uma ficha para legalizar a agremiação na Justiça Eleitoral, as eleições internas surpreendem as figuras estelares, como aconteceu no último domingo, 10/11/2013, com o PT em todo o Brasil.

No PT, os dirigentes são escolhidos pelo voto direto, em nível municipal, regional, estadual e nacional. Não são os membros eleitos de cada diretório, num colégio eleitoral minúsculo, numa forma indireta, que se escolhe a direção do colegiado. Ela é eleita pela base, pelos filiados. Costuma-se dizer que o peão manda no PT, não é apenas cabo eleitoral pago.

Com esse modus operandi, fica difícil ter coronel no partido. Há lideranças duradouras, mais respeitáveis, como é o caso do Lula, mas dono o partido não tem. O grande líder tem oposição interna.

Assim, gente acostumada com o coronelismo, com legendas de aluguel cujo inquilino é um vereador, por exemplo; ou onde o prefeito é dono do partido, estranha o fato de a vereadora Beatriz Nogueira (apoiada pelo prefeito Cido Sério) ter perdido a eleição para um militante da burocracia partidária, Fernando Zar, que não tem mandato popular e nem cargo de confiança no poder público. Com certeza, usou a máquina partidária a seu favor, mas só isso não é justificativa para a vitória.   

Em Araçatuba, não há tendências ideológicas, diferenciadas e fortes, que justificassem duas chapas. Pelo que parece, até a candidata a deputada estadual será a mesma para ambas as chapas.  


A divisão se deu por particularidades locais. Sabemos que a chapa de Fernando Zar era composta por candidatos a vereador não eleitos, gente que se ressente por não ter tido cargo de confiança na administração municipal; outros não aceitam que votos do PT possam ter elegido os vereadores Prof. Cláudio (PMN) e Dr. Nava (PSD) por causa da coligação feita por necessidade premente, preterindo Alex Lapenta (PT).  

A incoerência grave é o PT participar de alianças partidárias durante a eleição, ganhá-la, e petistas torcerem o nariz quando o prefeito nomeia militantes de outros partidos para os cargos de confiança.

Cada um tem uma razão legítima que, às vezes, se escondem atrás de nobres máscaras. Assim, na hora de votar tem todo o direito de se manifestar.

Apesar de derrota ou de vitória, a vida continua, a política, como parte dela, também. Como companheiros de um mesmo partido, somos como uma família. Quebramos o pau, mas estamos sempre juntos e ninguém de fora se atreva a atacar um de nós, mesmo que tenha participado da outra chapa.    

*Hélio Consolaro (PT) é professor, jornalista, escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP.

   

3 comentários:

Valter Kiyotaka (Cacá) Iwai disse...

A política de unanimidade não existe. A divergência é própria da política. O que importa é a maneira como tratamos as nossas diferenças. Sobretudo quando temos uma administração para tocar. Administração à qual chegamos contando com coligações com outros partidos. Não temos como fugir de um governo de coalisão. Mas é muito importante não desarticular o partido. Assim como é importante que o partido esteja maduro para essa fase(do partido no governo) que ainda é novidade para nós do PT. Obviamente não tenho a menor ideia de qual é o melhor caminho a seguir, tanto do governo petista quanto da direção partidária petista.

Anônimo disse...

É nobre vir a público exaltar toda a raiva e o inconformismo pela derrota.
Mas é na derrota que a gente aprende! Na próxima, estarão maduros!

Good luck!

Souza

Anônimo disse...

Vou tentar novamente por minha opinião, pois não tenho email do google para por meu nome, por isso coloco como anonimo e assino abaixo.

"outros não aceitam que votos do PT possam ter elegido os vereadores Prof. Cláudio (PMN) e Dr. Nava (PSD) por causa da coligação feita por necessidade premente, preterindo Alex Lapenta (PT)".
Eu sou um desses, pois foi VOTADO em um dia que não haveria acordo, e na madrugada tudo mudou, ou seja, grande traição por parte de quem fez isso, quem participou disso. E elegemos um Nava que sempre soubemos que seria oposição, como hoje é!!!

É estranho, pois esse Diretório que perdeu, ainda ocuparão até janeiro, e o Presidente, no caso o Fernando Zar não resolve tudo sozinho, ora essa.. tudo passa pelo diretória, pela executiva... então se nada era feito, se não havia diálogo, não seria por conta do Presidente, e sim por todo o GRUPO que era composto por maioria da sua chapa.

Quanto aos profissionais que vem de fora: Se são capacitados tudo bem, o problema é quando vem pessoas para mamar apenas, pessoas com status e salário de secretário mas que não faz nada e nem secretário éé!!

Pois bem Hélio, eu não tenho o rabo preso, nao tenho cargo, nao preciso ter cargo, sou mto bem resolvido financeiramente, nao seria qualquer 10 mil reais que faria com que eu mudasse de personalidade, como você mudou! (Tem que defender quem te deu emprego).
Voce que em um dia pediu exoneração, mas depois enfiou o rabo no meio das pernas, e continuou no emprego...

O Sr que veio de um PMDB faz mais o estilo de PSDB... e foge um pouco da cara de PT.

Mas tudo bem, você continua chorando as mágoas, a eleição já acabou, todos vão se unir no próximo ano... e nessa chapa que ganhou, sei que grande maioria,nao precisam trabalhar na prefeitura, nao precisam de cargo, sao pessoas também bem resolvidas, sem rabo preso.... são militantes, essa é a diferença, entre a chapa que venceu e a chapa que voce estava.

Abraço

Marcos Barbosa de Souza