AGENDA CULTURAL

26.5.15

Maio, mês das noivas. Há noivas?

Hélio Consolaro*

Maio, segundo o calendário litúrgico, católico, é o Mês de Maria que, por ser tão feminino, o mundo do consumo estabeleceu ser o Mês das Noivas e nele está o Dia das Mães. E antigamente, o mês das virgens.

Em maio, as igrejas viviam repletas de casamentos, procissões à Virgem Maria. E se a igreja fosse bonita, com arquitetura majestosa, a agenda de casamentos era disputadíssima pelas noivas. A Igreja São João, em Araçatuba, ainda é um exemplo disso.

Poços de Caldas, estância turística de Minas Gerais, já não é mais a "cidade dos cabaços", porque era  campeã em receber casais em lua de mel após o casamento. Essa viagem de cada casal era noticiada com fotos por colunistas sociais.

Caro leitor, não se apavore, o mundo não está perdido, o capeta, quando pensa que está ganhando, na verdade, perde. De repente, o que era pecado já virou costume, ninguém critica. Até os padres fazem as pregações e agem de modo diferente para perder seus fiéis.  

A realidade vai mudando, mas os nomes permanecem o mesmo. Antigamente, era melhor namorar em casa do que fora dela; hoje, é melhor “dar” em casa do que ficar pagando motel por aí.

O casamento, nos velhos moldes está falido, mas a indústria das festas nupciais continua forte. Qual mulher que não quer ainda entrar na igreja sob o som da marcha nupcial, sendo recebida por seu noivo? Nem que seja apenas no primeiro casamento, pois assim o desejo está realizado.

Se a noiva não entra mais na igreja com vestido branco, a modista (agora não é mais costureira) põe a menina com a cor de mel a caminho do altar.

Homem, que é o responsável pela preservação da espécie, se encarrega de gerar crianças, mas quem cuida mesmo é a mãe, porque o fato de o ser humano ser gerado no ventre dela, o apego entre mãe e filhos é intenso. Mãe só temos uma; pai, alguns.

Reunião de família em festa e enterro hoje são diversificados, porque a mulher é o vínculo. Se a festa acontece na casa da avó, juntam-se ex-mulheres, ex-maridos, meios-irmãos, enteados, etc.

O valor da mulher como centro da família foi reconhecido pelo Governo do PT, quando privilegia nos contratos do “Programa Minha Casa, Minha Vida” (com renda menor de 03 salários mínimos) que são assinados por mulheres, porque a mulher não vende a casa com tanta facilidade como o homem. Ela pensa mais na família.

Afirmam os catastrofistas que o mundo é um vale de lágrimas e que a vida é uma ilusão. Então, caro leitor, a gente vai inventando jeitos diferentes para empurrar os dias. Maio é o mês das noivas e elas existem, mas com motivações diferentes.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP


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