AGENDA CULTURAL

17.2.17

Pinchar no mato



Em Araçatuba, ainda se pincham coisas imprestáveis no mato

Hélio Consolaro*

Araçatuba ainda tem muito mato, é uma cidade caipira, a zona rural está aí, numa esticada de beiço. Apesar disso, faz tempo que não ouço a expressão "pinchar no mato", às vezes, as pessoas substituem "pinchar" por jogar: "jogar no mato". 


Pinchar é pinchar, um verbo de origem popular, que não tem estirpe, não veio do latim e nem do grego e muito menos do francês. 

Apesar de os habitantes de Araçatuba não usarem a expressão "pinchar no mato", algumas delas não abandonaram a filosofia de jogar as coisas em terrenos baldios, beiras de estradas, onde haja mato, continuam como antigamente, sem perceber que a realidade mudou.


O doutor pincha, a empregada também, até o padre comete o crime ambiental. Mas quem mais pincha no mato é o carroceiro e os veículos de pequenos fretes pagos para pinchar. Se não presta, se for galhada, entulho, móveis velho. Não há lugares oficiais para receber os dejetos, nem perto e nem longe. Se no canteiro da avenida tiver uma grama viçosa, pincha-se também.


Mas vai jogar aonde se a Prefeitura de Araçatuba, desde os prefeitos de antes como o de agora, não construíram lugares onde se possa jogar as coisas que não prestam mais e educar toda a população para usá-los.


Se não gostou deste texto, caro leitor, pincha-o na lixeira. O mundo virtual está mais organizado, cada coisa no seu lugar. Assim, em Araçatuba pincha-se (não é "picha-se") por qualquer coisa.   


*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras.

Um comentário:

Gabriel Araújo dos Santos disse...



E o Consa ainda tem tempo e paciência para seus desabafos educacionais. Pena que tais desabafos e orientações não cheguem à autoridade máxima da cidade e aos seus conselheiros. Mas fico pensando, ainda que acheguem ao seu conhecimento, vão pinchar tudo fora. E se vão!!!!!