AGENDA CULTURAL

4.5.17

Amizade alugada

Para não se gastar com essas coisas, inventamos o amor.

Hélio Consolaro*

Ao ler a notícia "O japonês que ganha a vida 'alugando' sua amizade" no site de notícias da BBC, fiquei curioso para ler a notícia. Ele usa as redes sociais para oferecer o seu serviço e não vive desempregado. O fato acontece em Tóquio.

Já sabia que a pessoa aluga suas partes para outra pessoa, como fazem as prostitutas ou mesmo os homossexuais prostituídos.

Também vi circulando pelas ruas de Araçatuba um furgão com a expressão "marido de aluguel". Na verdade, é um profissional que conserta as coisas quebradas numa casa. Viúvas, separadas, sozinhas, tico-tico no fubá, ou mesmo casadas com um bananão que não sabe trocar uma lâmpada, acabam contratando o "marido de aluguel". Entre um aluguel e outro pode rolar algum clima. Quem sabe!

Como já me falaram que o fulano é homossexual não assumido, ainda está no armário, mas sempre está com mulher, que, na verdade são damas de companhia. Há essa possibilidade também, que não é muito diferente da proposta do japonês da matéria do BBC. 

Para não se gastar com essas coisas, inventamos o amor. A mulher cuida da casa por amor, o homem é o provedor do lar por amor, mas por trás de tudo está o dinheiro. As coisas feitas por amor parecem mais verdadeiras, mas se faltar a grana ou um bom cartão de crédito dura pouco. Gostamos da hipocrisia.

Na política, há o puxa-saco, que é um assessor contratado para sempre elogiar, nunca apontar erros. Como de vez em quando vivo neste meio, noto que o puxa-saco faz falta, há políticos que adoram a sabujice. E ainda o bajulador é pago com o dinheiro público.

Se o político perdeu o emprego, o puxa-saco ignora-o e vai procurar novo emprego, um saco novo para puxar. O mesmo acontece com a amizade do japonês. Amizade por conveniência.



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*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras.

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