Para não se gastar com essas coisas, inventamos o amor.
Hélio Consolaro*
Ao ler a notícia "O japonês que ganha a vida 'alugando'
sua amizade" no site de notícias da BBC, fiquei curioso para ler a
notícia. Ele usa as redes sociais para oferecer o seu serviço e não vive
desempregado. O fato acontece em Tóquio.
Já sabia que a pessoa aluga suas partes para outra pessoa,
como fazem as prostitutas ou mesmo os homossexuais prostituídos.
Também vi circulando pelas ruas de Araçatuba um furgão com a
expressão "marido de aluguel". Na verdade, é um profissional que
conserta as coisas quebradas numa casa. Viúvas, separadas, sozinhas, tico-tico
no fubá, ou mesmo casadas com um bananão que não sabe trocar uma lâmpada,
acabam contratando o "marido de aluguel". Entre um aluguel e outro
pode rolar algum clima. Quem sabe!
Como já me falaram que o fulano é homossexual não assumido,
ainda está no armário, mas sempre está com mulher, que, na verdade são damas de
companhia. Há essa possibilidade também, que não é muito diferente da proposta
do japonês da matéria do BBC.
Para não se gastar com essas coisas, inventamos o amor. A
mulher cuida da casa por amor, o homem é o provedor do lar por amor, mas por
trás de tudo está o dinheiro. As coisas feitas por amor parecem mais
verdadeiras, mas se faltar a grana ou um bom cartão de crédito dura pouco. Gostamos
da hipocrisia.
Na política, há o puxa-saco, que é um assessor contratado
para sempre elogiar, nunca apontar erros. Como de vez em quando vivo neste
meio, noto que o puxa-saco faz falta, há políticos que adoram a sabujice. E
ainda o bajulador é pago com o dinheiro público.
Se o político perdeu o emprego, o puxa-saco ignora-o e vai
procurar novo emprego, um saco novo para puxar. O mesmo acontece com a amizade
do japonês. Amizade por conveniência.
-->
*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Membro
da Academia Araçatubense de Letras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário