AGENDA CULTURAL

18.9.17

Zoológico municipal: animais engaiolados são tratados por humanos presos

O jornal O LIBERAL, 14 de setembro de 2017, apresentou a manchete "Detentos transformam recintos do Zoo de Araçatuba". 



O Zoológico Municipal Dr. Flávio Leite Ribeiro está com novas atrações, especialmente para os bichos que vivem no local. A administração do Zoo, nos últimos meses, remanejou espécies que estavam em recintos antigos para recintos reformados e adaptados para cada uma delas, deixando o local diferente para quem vê e mais agradável para os animais. A ambientação dos espaços foi feita por reeducandos do Centro de Ressocialização de Araçatuba (CR) e o resultado tem sido comemorado pela equipe do Zoo e do CR.

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Li o texto da notícia e concluí que não era uma transformação, na verdade, foi uma garibada. Embora sempre seja pouco, mas é um cuidado com os lugares públicos, o título otimizou os feitos. Mas não é isso que vamos pôr em discussão nesta crônica.

Ao ler a notícia, percebi que havia algo esquisito nela. Cronista é um bicho danado, desconfia de tudo e quando ele sorri no canto da boca, saia debaixo. 

Constatei que os presos humanos saíram de suas grades para cuidar dos animais presos em gaiolas. Perceba, caro leitor, a ironia. Era preso cuidando de preso sob a guarda de homens livres. A nossa civilização chegou a contradições terríveis, mas é uma saída sem fugir dos problemas.

Na solenidade de entrega de um ônibus para uso interurbano à Secretaria Municipal de Educação, o vereador Márcio Saito deixou escapar, deu um fora, que com o ônibus novo, ficaria mais fácil levar as crianças ao Zoológico de Bauru. Como se nosso zoológico não merecesse visita.

Não conheço o de Bauru, mas vi o nosso antigo "bosque municipal" ser fundado, criado, com pretensões de ser um zoo. Nunca visitei o de Bauru, mas com certeza, por aquilo que falam os visitantes, é bem melhor. Apesar de ser público, cobra-se um pequeno ingresso que certamente ajuda na gestão.

Araçatuba é pobre na área de lazer, principalmente para os bairros. Os campos de futebol são escassos na periferia. Nesses anos de secretário municipal de Cultura, senti uma mentalidade tacanha na cidade de que pobre só serve para trabalhar, não tem direito a entretenimento. 

E saí frustrado porque não consegui mudar isso. Diferente de outras cidades, Araçatuba não possui centros culturais nos bairros, porque até os equipamentos centrais estavam mal-conservados.   

Então, vereador Márcio Saito, companheiro de Rotary, dê um empurrãozinho, vamos fazer com que Araçatuba se orgulhe de seu zoológico (ou coisa parecida), sem precisar levar nossas crianças para outra cidades.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras


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