AGENDA CULTURAL

21.10.17

Assédio ou flerte?

O cara está secando
Hélio Consolaro*

As meninas são mais precoces sexualmente. Menino com 13 anos, embora já tenha a espermatogênese, ainda é um garotão; já uma menina com a mesma idade é uma mocinha, já menstrua. Pais, tios, avôs (os machões da palhada) atiçam o neto:

- Cara, você está muito mole. No meu tempo...

Nada. No tempo dele, era tão banana quanto o coitadinho de hoje. Mudou apenas o nome, em vez de sofrer zoação, agora inventaram um nome em inglês para ficar chique, mais dependente culturalmente: bullying. 

Abordo este assunto, caro leitor, porque hoje está uma confusão total: assédio ou flerte? Considero o local do fato um grande diferencial. Nenhuma mulher  vai acusar um homem de assédio sexual porque recebeu uma cantada nas baladas da vida. Se for no local de trabalho, aí é diferente... Meu avô sempre dizia: "No lugar em que se ganha o pão, não se come a carne".

Ainda no século 21 cabe ao homem a inciativa da conquista, ou seja, a Bela Adormecida espera o beijo do príncipe, então, o sujeito precisa chegar com jeito para abordar uma mulher. Nem que o encontro aconteça num prostíbulo o homem precisa ser elegante. Esta frase: "Pode ser ou está difícil?" é coisa de troglodita.   

Na verdade, as mulheres estão descontando em nós, homens da modernidade, os séculos de opressão sofridos por elas. Esse negócio de o masculino ter a espada e a mulher, a bainha, nos torna uma agressor natural. Mas a mulherada anda batendo nos homens com toalha molhada para não deixar marca.

Esse negócio de sexo, ou melhor, de gênero, está ficando complicado em nossos dias. Na sociedade rural, seguia-se o ritmo biológico. Se a menina menstruava, estava pronta para o casamento. 

Eu me lembro de que a objeção do pai para ceder a mão da moça a um determinado rapaz, acabava no sequestro dela (tudo combinado) nas altas horas da noite, a donzela pulava a janela de seu quarto e montava na garupa do cavalo do príncipe amado. A moça, geralmente, tinha 14 ou 15 anos. Se fosse hoje, já era pedofilia.

Quando a mulher estiver com a estima lá embaixo, é só ela passar na frente de um prédio em construção, com um andar sensual. Com certeza, vai ouvir muitos assobios dos trabalhadores em construção e voltará para casa com ego inflado, se achando a mulher mais bonita do mundo. Como a gente vive se enganando, não custa montar mais essa, ué!   

E assim caminha a humanidade. Cada tempo com seu jeito de ser. Só não vale dizer que o mundo está perdido, porque quem fala isso é que se perdeu.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras


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