AGENDA CULTURAL

7.12.18

Conosco não tem enrosco


*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Dois jovens desencontrados ou desempregados (homem e mulher) procuravam uma saída. Nem tão jovens assim, ambos com diploma universitário, beirando os 30 (ou passando pouco), acreditando ainda nos velhos. Sexos opostos que que se juntaram para desenvolver um projeto. Ninguém sabe se há algo mais entre eles.

Eu e minha amiga com mais de 60 anos, fomos chamados para uma reunião às 15 horas de uma terça-feira, pois nossos dias são todos inúteis (aposentados), para tomar cerveja no barraco de um deles. Eis a recomendação pelo telefone:

- Traga a cerveja, se possível já gelada!

Ué! Não fomos convidados? Quem nos convidou para tomar cerveja não tinha a bebida. Gente dura, sem um tostão no bolso...

Querem montar um negócio, ganhar dinheiro com internet. Brasileiros falando metade das palavras em inglês.

Na verdade, eu e a amiga passamos o tempo na internet, gastamos com ela, divulgamos nossas idéias pela rede. E os dois jovens querem ganhar dinheiro com a nova mídia. Não temos nada a dizer.

Bebemos cerveja, falamos de time de futebol e de política, chegamos a citar algumas experiências bem-sucedidas. E eles querendo uma lista de empresas de Araçatuba que tenham uma visão moderna de marketing.

Nós, brasileiros, temos uma mentalidade patrimonial de investimento (fazenda, casa, apartamentos, carro), não temos o hábito de investir em novas ideias, projetos abstratos. 

E nós dois, eu e minha amiga, fomos contaminados por isso, além disso, somos funcionários públicos aposentados, nunca fomos gestores do setor privado.

Falar o quê para tais criaturas. Nossa mensagem final foi a seguinte: "Crianças, somos seus amigos, mas não temos prática de manipular as ferramentas que precisam. Se precisassem de orientações para prestar concurso público, quem sabe..."  

Falaram para eles que a vida é uma aventura, querer é poder e outros chavões de autoajuda, mas se esqueceram de dizer que no meio do caminho às vezes há muitas pedras. E também um velhote e uma senhorinha para o desânimo geral.   

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