No dia 08 de setembro de 2011, tive que fazer uma cirurgia de grande
vulto e risco para colocar três próteses nas aortas abdominal e
inguinais, devido ao aparecimento de aneurismas. Enquanto era levado
para a sala de cirurgia, lembro-me de ter pensado em duas coisas: primeiro, que
era jovem ainda para morrer; segundo que ainda havia realizações que gostaria
de levar adiante.
Graças a um atendimento médico e
hospitalar excelentes e às orações de muitas pessoas, sobrevivi e hoje gozo de
boa saúde. No entanto, durante o processo de convalescença, pensei muito sobre
a vida, a morte e o impacto que gostaria de exercer antes de morrer. Conforme
avaliava o que poderia ter acontecido, fiquei pensando em quem teria
comparecido ao meu velório. Tenta imaginar o que as pessoas diriam. E, num
momento de sinceridade, tive de rir ao constatar que a frequência de meu
velório seria determinado pela previsão do tempo.
Além disso, trinta minutos depois do enterro, as pessoas estariam em
algum outro lugar, muito mais preocupadas com as coisas de seus dia a
dia.
Um dos resultados mais benéficos daquela cirurgia foi a motivação que
ela me proporcionou para fazer a seguinte pergunta: qual será o meu legado? Um
legado é algo que deixamos para a geração seguinte. Podem ser posses que
entregamos a outras pessoas. Podem ser princípios segundo os quais vivíamos e
que permaneceram depois de nossa morte. Também podem ser pessoas que
influenciamos, e cujas vidas melhoraram depois de nos conhecerem.
Com certeza, não desejo ser lembrado
pelos “troféus” que ganhei em minha vida, pelo sucesso na carreira que abracei.
Espero que as pessoas se lembrem de mim como alguém que foi gentil e atencioso
com os outros.
O que você deixará para a posteridade?
Acho que todos gostaríamos de voltar no
tempo e mudar algumas coisas na vida. Mesmo assim, podemos optar por viver
daqui para a frente de modo a produzir um impacto positivo na vida dos outros
depois de nossa morte. Podemos deixar um legado que valha a pena, com alguns
conselhos:
1.Escolha
hoje o legado que deseja deixar: um legado pode ser passado às gerações
seguintes de modo premeditado, mas se percebe que na maioria dos casos, é
involuntário. Recebi legados de muitas pessoas que não investiram
deliberadamente em mim. Meu pai foi um exemplo de determinação e força de
vontade. Minha mãe me dedicou um amor incondicional. Muitos professores pelos
seus exemplos de vida. Meu amigo Nelson, no curso antigo colegial, científico,
me despertou o gosto pela leitura. Alguns líderes imediatos. O
romancista Anatole France, vencedor do prêmio Nobel, comentou “De maneira
geral, ninguém sabe o que fazer com a vida, mas mesmo assim deseja outra que
seja eterna”. A maioria das pessoas não forma um legado de modo
intencional, mas deveria fazê-lo.
2.Viva o
legado que deseja deixar: uma coisa é identificar um legado. Outra coisa é
transmiti-lo. A maior garantia de que você deixará o legado que deseja é a
maneira como vive. Grenville Kleiser, treinadora de líderes escreveu “sua vida
é como um livro. A capa é seu nome; o prefácio, suas apresentações ao mundo. As
páginas são um registro diário de seus esforços, suas provações, seus prazeres,
seus desânimos e suas realizações. Dia após dia, seus pensamentos e atos são
inscritos no livro de sua vida. A cada hora, um novo registro que deve
permanecer para sempre. Quando chegar a hora de escrever a palavra “fim”,
trabalhe para que seu livro seja considerado o registro de um propósito nobre,
de uma vida de serviço generoso e de um trabalho bem-feito”.
3. As pessoas geralmente não
podem escolher quando ou como morrerão, mas podem decidir como viverão. O
sociólogo Anthony Campolo fez um estudo ouvindo cinquenta pessoas na faixa
dos 95 anos, respondendo a seguinte pergunta: Se você pudesse voltar no tempo e
viver de novo, o que faria diferente? A pergunta permitia respostas espontâneas,
e as respostas variavam bastante. No entanto, três temas eram recorrentes: “Se
eu tivesse de começar tudo de novo: “pensaria melhor” “arriscaria mais” e
“faria mais coisas que permanecessem depois da minha morte”.
Por fim, esperemos que ao chegar ao
fim da vida, não tenhamos nenhum arrependimento; que tenhamos vivido da maneira
mais intensa possível; e que tenha feito tudo que pôde, dia após dia, para
aproveitar ao máximo seu tempo na terra. Definir o seu legado e vivê-lo
diariamente ajudará a alcançar esse objetivo.
Gervásio Antônio Consolaro, ex- delegado regional tributário do estado/SP, agente fiscal de rendas aposentado. Assessor executivo da Prefeitura de Araçatuba, administrador de empresas, contador, bacharel em Direito e pós-graduação em Direito Tributário. Curso de Gestão Pública Avançada pelo Amana Key e coach pela SBC.
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