AGENDA CULTURAL

3.9.20

Ouvir a intuição - Gervásio Antônio Consolaro


             
                                        
     Talvez você acredite que intuir seja algum dom especial  de pessoas místicas, mas é uma capacidade humana com a qual todos nós nascemos, capaz de levar informação e conhecimento à nossa mente sem passar pelo filtro dos modelos racionais.

     Quem se sente bem conectado com a sua intuição sabe que ela é a sua voz mais sábia e segura.

     Ela pode nos ajudar a tomar pequenas decisões diárias, as quais nem percebemos, bem como nos assopra aos ouvidos um comando que por vezes teima em permanecer ali, nos guiando para outra direção que tem mais a ver com a nossa natureza.

    O psiquiatra italiano Mauro Maldonado em seu livro Na Hora da Decisão, “Nada nos ajudou mais a enfrentar e resolver dificuldades e problemas do que a intuição. Essa forma inconsciente de conhecimento entra em jogo em todas aquelas situações nas quais temos dificuldade para refletir”.

     Quando falamos em intuição, logo perguntamos e a razão? Estamos mergulhados em uma cultura ocidental que hipervaloriza  a razão e a lógica, os argumentos supostamente baseados em dados concretos, e subestima o valor desse processo interno tão sutil e subjetivo, prejudicando a nossa conexão com o que é mais profundo e interno. O erro é tido como sinal de fracasso e então somos sempre chamados a decidir da forma mais acertada, clara, produtiva e certeira.

    É curioso pensar que Albert Einstein, um dos cientistas mais importantes de todos os tempos, tenha se apoiado tanto na própria intuição para avançar em seus experimentos e descobertas. Ele disse” A mente intuitiva é um dom sagrado, e a mente racional é um criado fiel. Nós criamos uma sociedade que honra o criado e esqueceu o sagrado”

     Ainda o psiquiatra Mauro defende que no campo das ciências a intuição é valiosa. E que as nossas escolhas não teriam o mesmo efeito se fossem tomadas apenas de forma lógica. O que nos leva a conclusões eficazes não são raciocínios cansativos, mas sensações viscerais, emotivas, instintivas. São elas que resolvem nossas indecisões e nos fazem dizer: “Muito bem, agora eu sei o que fazer! “Por acaso a lógica poderia nos dizer com quem devemos nos casar, em quem confiar, qual trabalho escolher?"

    Distanciar de muitos ruídos e estímulos externos que nos fazem permanecer em constante distração também nos aproxima da intuição. Para ouvir a sua voz interior, buscar se recolher e desacelerar. Ficar menos tempo em eletrônicos, como o computador e celular. Fazer leituras, escutar músicas e pedir em orações. Essa prática em depoimentos tem dado segurança para decidir quando a voz da intuição aparece.

    Por fim, abrir o nosso portão intuitivo terá muito mais a ver com desaprender e desconstruir. Nem sempre tudo precisa fazer sentido, e podemos aprender a ver a beleza disso.  “Há um salto de consciência, chamemos isso de intuição ou do que quer que seja, e a solução surge à sua frente, sem que você saiba como e porquê” disse Einstein, o que sugere acreditar na própria mágica por trás da vida. Se a nossa essência sempre vai nos levar pelos caminhos que forem certos para a gente, a intuição definitivamente nunca poderá estar errada.  




Gervásio Antônio Consolaro, ex- delegado regional tributário do estado/SP, agente fiscal de rendas aposentado. Assessor executivo da Prefeitura de Araçatuba, administrador de empresas, contador, bacharel em Direito e pós-graduação em Direito Tributário. Curso de Gestão Pública Avançada pelo Amana Key e coach pela SBC.      

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