AGENDA CULTURAL

30.9.20

Se ninguém fosse candidato?

 


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Em todo pleito eleitoral, sempre surge a campanha do voto nulo ou não reeleger ninguém. As argumentações são as mais esdrúxulas, de gente que não sabe porque nasceu no Brasil. História mesmo, não conhece nem a sua própria. Mas é o que temos, é com esse eleitorado que o candidato precisa trabalhar.

Às vezes, o eleitor tem razão, porque há muito candidato que quer entrar no poder público para arrastar dinheiro ao seu canto privado. Construir o seu patrimônio. A campanha eleitoral é feita por discursos vazios, enganosos ou, para ser generoso, inocentes.

Apesar de tudo isso, acho que todo cidadão devia ser candidato um dia, candidato mesmo, nada de laranja. Chegar na cara limpa e pedir para o cidadão: quero o seu voto. É mais fácil pedir esmolas.  

Todos se queixam ao votar, mas já pensou se não houvesse candidatos? Se todos se cansassem em ouvir os eleitores xingarem sua mãe ou ser classificado num balaio só: todo político é ladrão. Como dizem por aí: "gente séria não se submete a isso".

Se você não governa, vai ser governado por alguém. Os governantes podem ser impostos pela força por um grupo, sem o voto popular. Bem ou mal, considero melhor escolher o meu comandante, ir trocando de tempo em tempo. Isso se chama democracia representativa.

É impossível ficar sem governantes, ter alguém que organize a cidade, por exemplo; recolher os impostos, que é uma forma coletiva de sustentar a urbe funcionando, com suas ruas, água, esgoto, recolhimento de lixo. 

Se houvesse uma rebeldia orquestrada dos políticos e nenhum fosse candidato numa cidade, por exemplo, como seria o próximo ano? O município se pareceria com uma entidade abandonada, sem ninguém interessado em tocar o trem para a frente.

Essa situação de não ter candidatos para dirigir a cidade é inimaginável, sempre vai surgir um Zé Mané pensando: "Chegou a minha vez".

Ter candidatos é garantir a democracia. Bons ou ruins, eles são um mal necessário. E esse negócio de candidato bom ou ruim é muito relativo, o que é bom para um é ruim para o outro.

Então, salvemos as diferenças; respeitemos o outro. Tais princípios antecedem o voto numa democracia. Precisamos de comportamentos democráticos.

4 comentários:

Alcino disse...

Falou tudo grande mestre Hélio Consolaro, pois quem não gosta de política é dominado pelos políticos!

Ruy Barbosa dos Santos disse...

Parabéns, Hélio. Claro, direto e ponderado. Depois dessa, só desenhando. Professor é professor...

Simone Leite Gava disse...

Muitas amizades se perdem por diferentes opiniões.
Respeitar é importante.

Aprendendo a aprender disse...

Parabéns pelo primoroso texto... GENIAL!!!