AGENDA CULTURAL

14.12.20

O futuro do trabalho - Tacilim Oréfice

      

Trabalho em casa     

Se me perguntassem há alguns anos atrás: “com o que você quer trabalhar?”. Eu não saberia dizer. Mas se me perguntassem hoje eu diria: trabalhar com a internet, é claro. Esse é o grande fato que, quanto mais as pessoas ignorarem, mais difícil vai ser para as gerações futuras se adaptarem a esta nova realidade.

Antigamente eu consegui muitos trabalhos conversando pessoalmente com as pessoas. Dar aulas era um dos meus serviços. Eu atendia, corria atrás de clientes, buscava novas oportunidade, criava algumas. Tudo na conversa, tudo no cumprimento, olho no olho… Doce ilusão achar que sempre seria assim.

Hoje, mesmo sendo de uma geração que nasceu com a cara grudada em uma tela e as mãos em um teclado, eu enfrento dificuldade em divulgar o meu trabalho para as pessoas virtualmente. Parece, mesmo com todas as praticidades, falta experiência para tanto.

Muitos conseguem fazer isso brincando, mas é porque já estão há cinco ou mais anos trabalhando somente com o computador e somente pela internet. Essas pessoas saíram na vantagem, principalmente quando todas as portas se fecharam e só as virtuais ficaram abertas.

Hoje eu deixo esta reflexão: quando acabarem os empregos, o que faremos?

É essa a grande questão das próximas décadas. Sem um salário, sem um empregador e uma carteira assinada, o que fazer? Como fica o futuro daquelas pessoas que estão na transição de um modelo antigo de vida e um novo modelo? Eu sinceramente não sei. Estou tentando descobrir. Vivendo um híbrido entre pessoas que já se estabilizaram no mercado virtual e as pessoas que ainda estão buscando estabilidade.

O meu meio termo foi encontrar um serviço de meio período e o restante tentando alcançar pela internet. Não está funcionando tão bem quanto eu queria, mas não podemos parar até conseguirmos alcançar o que almejamos. No meu caso, é uma estabilidade boa para poder sempre ter comida na mesa, um gás e tempo para poder desenvolver projetos que podem dar frutos para um futuro onde não existe mais aposentadoria.

Resta para essa geração ser rica, rica o suficiente para se sustentar com as próprias pernas sem esperar nada de ninguém, principalmente do estado. Embora pareça tudo muito cômodo, para muitos que viveram épocas áureas, hoje já não é tanto. A única vez que atendido pelo SUS eles confundiram uma crise de labirintite com embriaguez. Resultado: me deram glicose e o meu quadro piorou. Fiquei quinze dias de cama. Sorte que uma médica me atendeu de verdade. É brincar de roleta russa com a vida. Uma situação que não dá para se sustentar por muito mais tempo.

Tempos de grande mudança estão vindo. É melhor se adaptar o quanto antes ou ficar para trás. Por favor, incentivem, se te perguntarem, para qualquer um de vocês caros leitores, à explorarem o mundo digital e as várias possibilidades que ele oferece e, acima de tudo, a se integrarem com a natureza. Sinto muita falta de não ter dado tanta atenção para as viagens que meu pai me incentivava a ir com ele. A olhar a beleza da natureza e tudo o que ela proporciona. 

Acredito que esteja nesses dois âmbitos o futuro do trabalho: na natureza e na tecnologia. Um não pode se sustentar sem o outro e uma nova geração não pode viver sem a orientação da predecessora. Só espero poderem perceber a mudança o quanto antes e orientarem as novas mentes o quanto antes.

O futuro é agora. Espero podermos fazer um bom antes que seja a mudança venha com tudo e não haja um preparo.

Tacilim Oréfice, 30 anos, arte-finalista, especializado em editar livros, inclusive os digitais - tacilim.1990@gmail.com

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