AGENDA CULTURAL

7.4.22

Safadezas juvenis ensinadas no filme


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP 

Falso cartaz é colocado em banheiro de escola

A direção de uma escola particular de Araçatuba-SP procurou a polícia para registrar um boletim de ocorrência depois de uma brincadeira feita no Dia da Mentira (1.º de abril). Foi fixado no banheiro masculino do colégio um falso comunicado.

No falso aviso, constava que a escola iria realizar uma manutenção no encanamento, que teria sido prejudicado pelo excesso de sêmen nos ralos por conta de masturbação dos alunos. O papel ainda trazia a assinatura do diretor e coordenador do colégio e os dizeres: “Qualquer aluno que for flagrado se masturbando nos mictórios será suspenso da atividade escolar e irá pagar o ‘concerto’ do encanamento”. (Folha da Região, digital, 06/04/2022)

Tal notícia é reflexo do filme brasileiro COMO SE TORNAR O PIOR ALUNO DA ESCOLA, tão criticado e censurado, mas que continua sendo oferecido nas plataformas, como a Netflix. Aliás, a notícia de que o Palácio do Planalto não havia gostado do filme, feito em 2017, serviu para alavancá-lo para alegria de Danilo Gentili, um bolsonarista arrependido, seu diretor. Eu mesmo só assisti recentemente por dever de ofício, pois queria escrever sobre o filme.

Estava este cronista à espera de um gancho que desse a oportunidade do comentário, eis que o filme repercute em Araçatuba, justamente envolvendo a rede de esgoto da escola particular, como no filme. Meu amigo, que é diretor desse educandário, não merecia tal infortúnio.

Como professor, fiquei chocado com o filme, mas aquilo que o Danilo Gentili expõe é uma amostra exagerada do que acontece nas escolas particulares de perfil autoritário. A escola do filme é particular.

Apesar disso, não direi que os jovens são irresponsáveis, a exemplo de Aristóteles e nem serei favorável à censura do filme. Ele foi reclassificado para maiores de 18 anos.

Há no filme ironias e críticas válidas às nossas escolas, mas ensina safadezas para o público juvenil, enquanto incentiva os meninos a saírem do celular, que vivam a rebeldia inconsequente, como se fosse um tio passando os truques para seus sobrinhos.

Educar é muito mais que dar ordens como pensam os autoritários. Há muita hipocrisia e falso moralismo no escândalo com o filme. Antigamente, tais peraltices não saíam publicadas nos jornais e nem havia cronistas metendo o bedelho. A inquietude juvenil sempre existiu. Vai dizer, meu contemporâneo de cabelos brancos, que você não aprontou as suas na juventude?

Que meu amigo diretor de escola encontre o caminho mais pedagógico possível para solucionar tal problema em sua escola.

LEIA A NOTÍCIA, CLICANDO AQUI.


Um comentário:

Ventura Picasso disse...

Salve-se quem puder até os canhotos são adeptos do velho esporte...