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Cartum de João Luís dos Santos |
tempo não é linha
é poeira na sola do pé
é passo dado e não lembrado
é o “e se” que ninguém colheu
pode ser faca
ou flor nascendo na areia
às vezes arranha
às vezes afaga
depende do quanto a gente se entrega
tempo mora na gente
naquele abraço que ficou pra depois
na mensagem não mandada
no beijo que a gente pensou
e ficou só pensamento
o amor —
não vive no coração
vive no gesto
no jeito de ouvir o outro sem pressa
na mão que encosta sem querer nada
só encostar
porque se não saiu de mim
não nasceu
morreu comigo
mudo
quieto
como fruta que apodrece no pé
porque ninguém teve coragem de colher
tempo é bicho danado
às vezes,
se a gente se mexe,
ele também se dobra,
vira rede,
balanço,
vento leve no final da tarde
amor não é sentimento
é direção
é verbo
é ação
é atravessar a cerca
mesmo sem saber se tem espinhos do outro lado
sou o tempo que me permito
sou as cartas que escrevi e entreguei
ou não
sou os silêncios que preferi
e o medo que engoli seco
achando que era proteção
no fundo,
era só covardia com nome bonito
tempo gentil
é quando a gente vive
sem amarrar o afeto
porque se o amor não se move
ele some
e aí, meu amigo,
já é tarde.
é passo dado e não lembrado
é o “e se” que ninguém colheu
pode ser faca
ou flor nascendo na areia
às vezes arranha
às vezes afaga
depende do quanto a gente se entrega
tempo mora na gente
naquele abraço que ficou pra depois
na mensagem não mandada
no beijo que a gente pensou
e ficou só pensamento
o amor —
não vive no coração
vive no gesto
no jeito de ouvir o outro sem pressa
na mão que encosta sem querer nada
só encostar
porque se não saiu de mim
não nasceu
morreu comigo
mudo
quieto
como fruta que apodrece no pé
porque ninguém teve coragem de colher
tempo é bicho danado
às vezes,
se a gente se mexe,
ele também se dobra,
vira rede,
balanço,
vento leve no final da tarde
amor não é sentimento
é direção
é verbo
é ação
é atravessar a cerca
mesmo sem saber se tem espinhos do outro lado
sou o tempo que me permito
sou as cartas que escrevi e entreguei
ou não
sou os silêncios que preferi
e o medo que engoli seco
achando que era proteção
no fundo,
era só covardia com nome bonito
tempo gentil
é quando a gente vive
sem amarrar o afeto
porque se o amor não se move
ele some
e aí, meu amigo,
já é tarde.
*João Luís dos Santos, poeta, professor, presidente da Academia Penapolense de Letras, ex-prefeito de Penápolis-SP
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