AGENDA CULTURAL

16.5.24

Alunos da escola pública municipal do jardim Damasceno (São Paulo) lançam livro

Título: Lutas e Resistências do Espaço Cultural Jardim Damasceno.
Capa do livro
Hoje (16/05/2024), foi um dia maravilhoso e me senti um privilegiado, pois recebi das mãos do aluno PEDRO RIQUELME estudante da EMEF JARDIM DAMASCENO I - Professor João Antônio Felício DRE / FB um livro que eles / elas escreveram. Este livro foi lançado no Espaço Cultural do Jardim Damasceno no último dia 27/04/24.

É muito significativo que alunos (as) de uma escola pública da periferia escrevam um livro junto com o movimento popular do Jardim Damasceno na Brasilândia na Zona Norte da Cidade de São Paulo.

O livro é uma publicação coletiva de vários autores (as) da região, mulherese homens, adolescentes e crianças identificados com o Movimento Popular. Essa publicação tem como objetivo mostrar suas “Histórias de Lutas e Resistências”, em defesa do Jardim Damasceno, lugar onde vivem. Nesta obra estão presentes as narrativas de suas alegrias, tristezas, mais principalmente os seus sonhos.
Prof. Duarte e o aluno
Pedro Riquelme
A realização deste sonho só foi possível graças à Emenda Parlamentar do Vereador Hélio Rodrigues, do PT.
Quem escreveu tudo isso foi o professor Duarte Júlio, diretor da Escola Professor João Antônio Felício, do Jardim Damasceno.


15.5.24

Sabesp e Daea

Movimentos populares e sindicatos realizaram um ato contra a privatização
da Sabesp no dia 29 de abril de 2024 - Joanne Mota/Sintaema

 Há uma briga no Estado de São Paulo sobre a privatização da Sabesp, que virou uma luta ideológica de esquerda e direita. Na verdade, ela já é uma empresa mista com controle das ações pelo Estado de 50,3%. O que o governo estadual quer é deixar de ser o acionista majoritário, diluir o seu poder.

O DAEA - autarquia Departamento de Água e Esgoto de Araçatuba - foi "privatizada" (concedida) em 2012 pelo prefeito Cido Sério, ou seja, concedida por 30 anos. A novidade: um petista entregando o público para o privado.

Nada foi vendido, foi um concessão por tempo determinado, como se faz com os ônibus urbanos. Em 2042, o futuro prefeito poderá assumir o DAEA como autarquia ou fazer nova licitação para refazer a concessão. Não se tratava de uma empresa.

Na época, eu fazia parte da administração municipal como secretário de Cultura. E não fui contra, ainda acho que foi uma das melhores decisões do prefeito Cido Sério.

A Prefeitura de Araçatuba, na época, quando a empresa SAMAR (Soluções Ambientais de Araçatuba) adquiriu a concessão, recebeu uma outorga milionária que permitiu ao prefeito Cido Sério a refazer o asfalto da cidade inteira. Isso lhe deu condições de ser reeleito.

Por que foi bom a prefeitura se livrar do DAEA? Precisava de muito investimento, rede de água e esgoto parcialmente podre e uma cúpula de funcionários ganhando fortuna.

Não vejo a privatização como um remédio para todos os males da administração pública, mas quando necessária precisa ser adotada. Também esse negócio de estado mínimo exacerbado é para quem quer se aproveitar dos cofres públicos. 

Na época do processo da concessão do DAEA não houve ação na Justiça, nem a oposição foi radicalmente contra. O segmento mais contrário era o dos funcionários da autarquia.

Quanto à Sabesp, que tem ramificação em vários municípios, e é uma empresa com ações na bolsa de valores de Nova York, o processo é mais lento e já foi ao Judiciário. 

E nós, araçatubenses, que não temos Sabesp por aqui (com água muito cara), pois temos uma empresa fazendo o serviço há 13 anos, cobrando um preço menor da população, devemos nos engajar na luta contra a privatização?

O engenheiro José Luís Fares, que foi da agência reguladora em Araçatuba, me disse que aqui passou para as mãos privadas e a água está num preço acessível porque tudo foi muito bem costurado pelo então prefeito Cido Sério. 

Então é preciso saber privatizar, regulamentando até a política de reajustes de tarifas. Privatização em mãos de corrupto é uma catástrofe.

12.5.24

Quem foi Lúcia Piantino? Vá saber na Academia Araçatubense de Letras

 


Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Araçatuba-SP

As escolhas e os sorteios foram realizados. Cada vivo pegou um morto para conviver por alguns dias, ou meses. Assim foi a organização do projeto "Literatura local" organizado pela Academia Araçatubense de Letras, uma forma de manter a memória viva sobre os escritores locais.

Eu escolhi o patrono da cadeira 18, Aldo Campos; a Antonio Luceni coube Célio Pinheiro; a Marcelo Teixeira, Eddio Castanheira. E na próxima terça, 14/05/2024, Tito Damazo discorrerá sobre Lúcia Piantino.

Está sendo uma experiência interessante, porque cada um fala sobre o escritor de interior, com uma biografia escondida, sem postagens na internet, sem ser objeto de dissertações e teses publicadas. Entre os acadêmicos perguntava-se sobre o falecido: "conviveu com ele"? Foi preciso bater à porta de familiares para conhecer a figura a ser debulhada numa conferência.

Eu mesmo descobri muita coisa sobre Aldo Campos viajando para Jabuticabal, onde nasceu Aldo Campos. Só encontrei sobrinhos, mas foi o necessário.  

Quando eu vi estampadas no cartaz de divulgação da palestra postadas nas redes sociais com foto de Lúcia Piantino e Tito Damazo levei um susto. Os dois são meus amigos, colegas de magistério, nascidos  na década de 40. Havia uma diferença fundamental entre eles: um morto e outro vivo, mas isso foi omitido no cartaz.

Alguns ex-alunos de Dona Lúcia me passaram mensagens perguntando: "ela não morreu?". Respondia que sim, mas temos a mania de vasculhar a vida dos mortos. E acrescentava que Dona Lúcia não era só professora, era também escritora.  

Consa e Lúcia foram professores na EE Genésio de Assis na mesma época, Tito Damazo foi diretor da escola quando não estávamos mais lá, éramos aposentados. Somos figuras conhecidas no  bairro Paraíso, Araçatuba.  

Se você, caro leitor, foi aluno da Lúcia Piantino, gostava de suas crônicas escritas nos jornais sob o pseudônimo de L. Lins ou então leu o seu romance "Boinu", compareça à  sede da Academia Araçatubense de Letras, na rua Joaquim Nabuco, 210, no dia 14/05/2024, terça-feira, às 19h30 para matar saudades ou contribuir com o palestrante. Entrada franca.  

  

11.5.24

A Madonna é uma puta! - Douglas Amorim - um psicólogo em Cuiabá


 Puta e indecente, disse meu pai, ao ver o comercial que anunciava seu show a ser exibido na Band, talvez o ano fosse 97, eu tinha 10 anos. Obviamente eu assisti escondido aquele show. E não era só Puta, era isso e muito mais.

Vi uma mulher que desejava! Era ela dona, meretriz, chefe, sensível, forte - literalmente forte-, feroz, volátil, sexual, puta e desejante. Chamá-la de puta era a resposta de seu próprio comando. Quão poderoso era isso!
Cresci ouvindo sobre ela, e sobre Adriane galisteu com Sena, Xuxa com Pelé, Elza Soares com Garrincha, todas mulheres ruins, putas, indecentes e interesseiras. O que me causou fascínio instantâneo por escutá-las, “lê-las”, ouvi-las, percebê-las sob outra perspectiva.
Nem Evas, nem Marias. Nem Santas, putas, boas ou más, sobretudo mulheres desejantes.
Como mulher é odiada! As desejantes em potencial reforço.
A mulher nao pode desejar. O desejo parte do homem, elas esperam, e agradecem se são.
A primeira a desejar, na literatura bíblica, foi Eva. E por Deus, como essa mulher errou feio, não?!
Isso porque objeto não deseja, ele é desejado, ele serve, ele tá lá pra ser acessado e descartado. Ele obedece e sempre diz sim. O desejo delas é visto como uma ameaça à quem tem poder sobre elas.
Madonna nunca esteve nesse lugar. Ela é quem deseja.
O desejo foi tomado do outro, para ela. Ela se concretizou não na limitação do ser desejada, mas naquela que deseja. O foco muda da órbita para si, para o corpo de um outro, homem ou não, mas não antes de partir de si mesma. Isso foi, é e sempre será chocante. Mordeu a maçã porque quis, a serpente foi ela mesma, glória a deusa.
Adiantou Madonna a grande revolução, sendo a pedra fundamental de um movimento que é imparável. Mulheres desejam!
Tomou dos homens, tomou da igreja, tomou do meu pai.
Em Madonna a mulher desejante pôde tudo. Dizer sim, dizer Não. Engravidar, abortar, casar, descasar, nunca casar, amar, desamar, construir uma carreira, ir ou ficar.
Madonna está para as mulheres e os homens gays, como Alexandre O grande está para a civilização moderna. Se fez maldição, deu voz, luz e palco. Eu me sinto honrado em ser seu contemporâneo.

8.5.24

Dilúvio sem arca



Escritoras Rita Lavoyer e Fernanda Goiatto 

Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Araçatuba-SP

Como é bom morar em Araçatuba, não tem lama dentro de casa e nem os mananciais transbordaram. Há em nós uma sensação de conforto com a desgraça do outro.

Castigaram a natureza num lugar do planeta, e o castigo coube aos gaúchos. Ou eles também são culpados? Não há inocentes nesta tragédia televisa.

Que planeta deixaremos para nossos descendentes? Não sei se nossos ancestrais fizeram tal pergunta.

Somos um bando de cegos, perdidos nesse planeta, um acusando o outro pela sujeira. Não soubemos nem conservar a Terra limpa.

Na verdade, estamos perdidos e dessa vez não há Arca de Noé. A única coisa que posso dizer aos gaúchos que estou triste com tanta desgraça.

 QUAL É O PREFEITO DE PLANTÃO EM BIRIGUI?

Que vexame para o povo biriguiense ter políticos desse quilate. Não tem gente melhor para o povo eleger?

Não estou me referindo a este ou aquele grupo, falo de todos. Cada um pensando só em si, se esquecendo da cidade.

A copeira do gabinete não sabe que tipo de café faz, pois cada dia tem um prefeito diferente.

Araçatuba não é muito diferente, mas não se chegou a essa antropofagia.

Crie vergonha, Birigui!

 O MOSQUITO DENGOSO 

A escritora Rita Lavoyer estava chegando à biblioteca municipal Rubens do Amaral no seu carro para autografar o livro infantil “Dengoso-o mosquitinho anti-herói!”, quando viu centenas de carros estacionados ao redor, sem vagas. Ela gritou:

- Não tenho exemplares suficientes, vou passar vergonha!

O marido emendou:

- Não sabia que você era tão famosa!

Ao adentrar o saguão, Rita percebeu que não era tanta gente assim!

- Ué! Cadê o povo?

Uma amiga lhe disse que havia jogos regionais dos idosos no Ginásio de Esporte, daí tantos carros estacionados na redondeza!

Mas uma voz mais esclarecedora foi fundo:

- Quem disse que velho junta tanta gente?

- É o jogo da AEA no estádio municipal!

Havia muita gente na sessão de lançamento do livro, mas nem tanto, que enchesse um estádio.

A AEA está na série C, que hiperbolicamente chamam de “Bezinha”, mas os pais, recordando a infância, levam seus filhos para ver um jogo no estádio, coisa nunca vista por eles.

“Dengoso, mosquinho anti-herói” chama a atenção para a conscientização no combate à dengue com muita poesia, ludicidade e informação. Livro premiado pela Secretaria Municipal de Cultura de Araçatuba.

A vida precisa do esporte, mas a leitura ajuda também.

NÃO ERA ELE

Afinal, ele insistia em falar comigo, falar de uma amizade de 50 anos atrás. Mas para quê? Para brigar? Não era ele que viria me visitar, era outro, totalmente diferente.

Dois velhos se encontrariam, nem do passado poderiam falar, porque ele passou a ser negacionista, pois sofria da Síndrome de Estocolmo, se apaixonou pelo algoz.

Dois velhos de passados iguais, mas que não podiam se referir a ele, não podiam se encontrar. Melhor não.

A campainha da casa tocou, abri uma fresta na janela, era ele. Não veio uniformizado, vestido com a camiseta da seleção brasileira. Abri a porta, entrou. Fui mostrar-lhe o jardim. Conversamos mais de hora sobre um presente ameno. Sementes, mudas e flores. 

7.5.24

O mundo é um moinho - Alberto Consolaro


Vamos subindo

Escrevo para você, mas quem tu és? Vou lhe identificar: você ainda tem menos de 50. E lhe peço algo que parece impossível: pare! Responda: onde queres chegar? O quanto quer acumular e para quê? Já conseguiu o que queria e não consegue mais parar a roda da vida em que se meteu? Que pena.

Conheço muitas pessoas que sonhavam em trabalhar após os 50 anos e não conseguiu, mas bem que poderia! Mas, como não se decide, os seus sonhos se desmilinguíram na rotina diária que esfacela o romantismo, empatia e a vontade de viver e ver o tempo passar com saúde e harmonia. Cada vez mais viramos escravos, pois não conseguimos sair desta coisa que Darcy Ribeiro chamou de “máquina de moer gente”.

ERA ASSIM

O ser humano era para usufruir da natureza e, de vez em quando, iria aparecer um leão para lhe degustar. Você tranquilo se assusta com aquela fera, e num piscar de olhos a sua máquina humana acelera e ascende tudo que serve para correr, lutar, enxergar, decidir e raciocinar. É sangue e glicose para os músculos, cérebro e coração. O resto do organismo que se dane, agora temos que nos salvar na fuga ou enfrentamento.

Depois que conseguiu se safar da fera, por algumas horas ainda, você fica ofegante, pensativo e reflexivo, curtindo a façanha e tirando as lições para um dia, quem sabe daqui alguns meses ou anos, se isso acontecer de novo. Cá entre nós, o que aconteceu com o corpo neste momento?

A fera, o leão e o perigo, acionaram as glândulas suprarrenais, dois verdadeiros chapéus dos rins, onde são produzidos os hormônios que estimulam nossas atividades vitais, especialmente nos casos de estresse agudo. Sãos os corticosteroides, entre os quais o cortisol, mas tem outros também que estimulam as funções vitais de fuga e ou luta.

LEÕES E BOLETOS

Ao priorizarem a sobrevivência, os hormônios deixaram de lado o sistema imunológico, inflamação, romantismo, diálogo, reflexão e inteligência emocional. O negócio era salvar a vida e não virar comida de leão. Hoje, o ser humano sabe disso e usa estes hormônios como drogas anti-inflamatórias e imunodepressoras. Estas funções eram momentaneamente apagadas em um curto período de tempo, em alguns minutos tudo estaria normal de novo e nem caracterizaria um período insignificante de fraqueza orgânica.

O tempo foi passando e o ritmo da vida acelerando. Agora, todo dia, temos alguns leões para fugir ou lutar. Assim são os boletos para pagar, as metas para cumprir, os presentes para dar e os desempenhos pessoais a cumprir. Todos os dias passamos por estresses extenuantes. O que era para ficar fraco para sobreviver por alguns minutos, uma vez por ano ou mais do que isso, passou a ser frequentes e diários.

Se o sistema imunológico fica atenuado pelo estresse e a inflamação menos competente todos os dias, teremos muito mais doenças infecciosas e muito mais cânceres que aparecem em várias partes do corpo. A medicina de mercado dá um jeito, e sobreviveremos por longo período com qualidade de vida menor e em condições precária para nem usufruir aquilo que construímos!

REFLEXÕES FINAIS

1.   Não aguento mais notícias de amigos, parentes e conhecidos que estão com problemas de câncer. Eu apelo, parem de trabalhar tanto para acumular o vil metal, não vale a pena. Eu apelo mais ainda, às pessoas com menos de 50 anos, ainda dá tempo de readministrar o seu modo de vida.

2.   São bilhões de mitoses por dia no corpo, algumas resultam em células atípicas e bizarras que o sistema imunológico e a inflamação conseguem acabar com elas em condições normais. Mas se você mata leões todo dia, este estresse diário acaba com suas defesas elementares. Tá na hora de parar para pensar em parar!

3.   Cartola cantou assim para sua filha: “Ouça-me bem, amor. Preste atenção, o mundo é um moinho. Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho. Vai reduzir as ilusões a pó.” 


Alberto Consolaro 

Professor Titular da USP  
FOB de Bauru 

consolaro@uol.com.br   

 



O que dizem as garrafas de água? - Alberto Consolaro

        

As garrafas podem oferecer riscos à saúde, pois o contato com a boca e o refluxo da água da boca são inevitáveis!

    Todos tocam na boca ao beber água das garrafas levadas para cá e para lá. Reparem, disfarçadamente, que as pessoas ao pararem de beber, abaixam a garrafa. É impossível não levar um pouco de água e saliva de volta para a garrafa. Eu nem imagino alguém beber a água na garrafa do amigo.

Reparem como fecham ou abrem as garrafas de água: com as mãos contaminadas. As mesmas mãos que cumprimentam as pessoas e seguram maçanetas de portas nos vestiários, banheiros e carros. Não se tem um cuidado especial ao abrir e fechar a garrafas repetitivamente com as mãos contaminadas.

A água potável é límpida, e os meios líquidos de cultura bacteriana nos laboratórios, também. Quando há crescimento bacteriano, o líquido fica turvo, pois as bactérias estão presentes em grande número. Esta verificação pode ser visual direta ou com aparelhos de laboratório, afinal se faz em tubos de ensaio ou recipientes transparentes. A turbidez de uma água também pode ser microbiana e ou por adição de impurezas como partículas de alimentos, farinha, açúcar etc.

Quantas vezes ao dia se lava o interior de uma garrafa de água com escova e sabão? Quantas vezes se faz uma desinfeção dessas garrafas, usando-se álcool ou outro desinfetante, para eliminar-se as bactérias, fungos, vírus e parasitas? A boca é a parte mais contaminada, são trilhões de microrganismos encontradas em pesquisas com garrafas de água.

O QUE TEM NELAS?

Devemos desinfectar todos os dias, pois infelizmente, uma parte do conteúdo da água que se bebe e já está na boca, volta para as garrafas. E são várias vezes que levamos a garrafa de água na boca em cada vez que bebemos. Junto com esta parte da água, irão microrganismos e partículas de alimentos e bebidas.

Juntando microrganismos com partículas de alimentos e bebidas, é claro que a água das garrafas pode, também, ficar turva. E como não notamos isso? É porque a maioria das garrafas de água não é transparente, não dá para ver se está turva ou não! Não dá para ver as partículas de alimentos e bebidas que voltaram para a garrafa e, agora, faz parte da “água”.

Todas as garrafas de água poderiam ser transparentes e sem cor. Se for azul transparente, vai anular uma possível cor amarela da água, pois o azul anula a cor amarela por efeito ótico. O vermelho ou rosa, anulam o verde. Algumas garrafas tem desenhos lindos, até de times de futebol, e outras com pedras cravejadas. Boa parte das garrafas são de inox, outras são plásticas. Seria bom que não fossem tão grandes, que coubessem até três copos médios de água. Quanto maior, mais tempo de vai e volta de água da boca com o refluxo bucal.

Algumas garrafas de água têm mecanismo para sugar o líquido usando bocais de canudos de plástico diretamente ou a partir de dispositivos tipo bicos de chupetas. Não se iludam, pelos canudos e por estes dispositivos, uma parte da água também volta para a boca. Os plásticos são porosos e retêm muito mais partículas, favorecendo a adesão e o crescimento microbiano, muito mais do que as superfícies de aço inox. As garrafas de plástico descartáveis passam por todos os mesmos riscos descritos, especialmente quando são reutilizadas.

REFLEXÃO FINAL

1-  Por que levamos garrafas de água para cá e para lá? É uma forma de protesto, consciente ou inconsciente, de dizer que a água potável do mundo está acabando, pois quase todas as fontes estão poluídas. Ela deveria estar à disposição, gratuitamente, em todos os lugares.

2-  Tomar água em quantidade e frequência deve ver feito, mas cuidando-se minuciosamente dos recipientes onde transportá-las. Muitas doenças, como as gripes e resfriados, são repetitivas, pois as pessoas podem esquecer de trocar as escovas de dentes, sabonetes e apetrechos de banho e que alojam os vírus, bactérias e fungos, reinfectando seu dono. Com as garrafas de água pode acontecer o mesmo!


Alberto Consolaro 

Professor Titular da USP  
FOB de Bauru 

consolaro@uol.com.br    



1.5.24

Sincronicidade, existe? - Alberto Consolaro

Será que existe influência dos astros na sincronicidade ou seria o contrário?

Como seria bom estar em um café, conversando com aquela pessoa querida e admirada. O peito aquecido pela saudade é acalmado pelo cérebro consciente de que isso um dia vai acontecer de novo. E não é que, ao olhar a paisagem lá fora, entra pela porta a pessoa lembrada!

Isto não foi coincidência, mas sim sincronicidade. Coincidências para Carl Jung não existem, pois ele chegou até a pensar em classificar estas “coincidências incríveis” como uma forma de intuição. Ao chamar de sincronicidade esta coincidência, se atribuiu um significado a ela, mas sem estabelecer-se uma relação direta de causa e efeito.

Acontece muito no telefone, quando se está pensando muito e de forma importante sobre uma determinada pessoa, instituição ou oportunidade, e eis que o telefone toca ou o aplicativo registra que lhe estão chamando ou requisitando para conversar sobre o assunto. Podemos conceituar sincronicidade como a coincidência significativa entre eventos psíquicos e físicos de dois ou mais fatos. Já aconteceu muitas vezes no avião, ao meu lado sentar uma pessoa que há muito tempo queria dividir algumas horas de conversa.

Eu diria: que coincidência! Hoje eu quase grito: que sincronicidade! O ser humano deveria curtir mais a sincronicidade, pois ela representa uma das facetas na beleza e da inteligência humana. Nada é por acaso. O saudoso escritor Milan Kundera diria que “Os astros se alinham e o universo conspira a favor dos bem-intencionados” e Paulo Coelho foi mais longe ao escrever que “O Universo não julga e ainda conspira a favor do que desejamos”. Se fixarmos o pensamento e o objetivo, concentrar-se nas ações e acreditar no seu potencial, será praticamente inevitável, nós chegaremos lá! Acreditem na sincronicidade, ela tem muitas coincidências significativas que somando-se os prováveis efeitos, levam ao objetivo desejado. 

SERÁ?

Se experiência pessoal valer, eu tive e tenho coisas que nem o mais crente dos humanos advindos do mesmo lugar que eu, pensaria em conseguir ao longo da vida. Acho que desejei tanto, orei e trabalhei tanto, que acabei premiado. Talvez, ajudou muito o fato de ter aprendido bem cedo, que esta frase está errada: “Deus ajuda, quem cedo madruga”. A frase certa é: “A Deus ajuda, quem cedo madruga”, pois fica mais fácil Deus te ajudar se você trabalhar um pouco mais, até acordando de madrugada para isso, ou até nem dormindo. Que diferença faz um “A” em uma frase.

Aprofundando mais ainda a reflexão, nós seríamos objetos da sincronicidade ou apenas uma coincidência factual? Para Marilyn Ferguson. “o mundo não nos parece ser um jogo cego de átomos, mas sim uma grande organização”. Seríamos casuais ou estaríamos aqui de forma planejada?  Entre milhões de espermatozoides, um ter encontrado aquele óvulo e dado origem a você é incrível! O que fez aquele espermatozoide ser o campeão: é sincronicidade ou coincidência muito maluca!

O encontro entre duas pessoas pode ser casual ou é sincronicidade resultante de um desejo mental de ambas dentro de um padrão afetivo, físico e emotivo que se materializou? Às vezes, se quer tanto encontrar, que acontece! Existem os que acreditam que o encontro faz parte de uma programação espiritual como parte de um verdadeiro destino marcado.

REFLEXÃO FINAL

Será que na ciência existe sincronicidade? Eu já vi coisas na prática da ciência, que apenas a sincronicidade explicaria!

E na sua vida, já notou a sincronicidade alguma vez? Estás com alguém por coincidência ou seria sincronicidade? Você já usou sua força mental para ter uma sincronicidade ou nunca pensou sobre isto? Ou você acha que tudo nesta vida é pura coincidência! Converse sobre isso com os amigos, familiares e até a dois! 

Alberto Consolaro 

Professor Titular da USP  
FOB de Bauru 

consolaro@uol.com.br   

 


30.4.24

Francisco, Clara e Eduardo Moreira



Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Araçatuba-SP

Uma pessoa do mundo financeiro, cheio da grana, passou a apoiar o MST - Movimento de Trabalhadores Sem Terra. Como foi, como não foi. Foi verdade. A história de Assis e Clara se repete. Para o gado miúdo do bolsonarismo, ele virou comunista. 

Para que o leitor tenha uma noção de seu trabalho antes de se converter aos desvalidos, veja o que ele fazia:

graduado em engenharia pela PUC-Rio, estudou na Universidade da Califórnia, em San Diego. É ex-banqueiro de investimentos. Foi eleito, 2013, pela revista Época Negócios, um dos quarenta brasileiros de maior sucesso com menos de 40 anos, e pela revista investidor institucional, em 2016, um dos três melhores economistas do Brasil. É autor de diversos livros, entre eles os best-sellers Encantadores de vidas; Desigualdades e Economia do desejo. Em 2019, foi um dos vencedores do prêmio Vozes da Resistência, oferecido pela Câmara dos Deputados em Brasília. Quer mais, caro leitor?  

Dinheiro sobrando, grandes conhecimentos do lado dos endinheirados do Brasil, um economista sempre a serviço do mercado financeiro passou a apoiar Lula para presidente.

Não foi um apoio momentâneo, no calor eleitoral. O cara mudou seu estilo de vida, deixou de ser consumista, passou a investir no MST, ajudando o povo sofrido, passando os conhecimentos da gente graúda para a gente miúda. Fazendo-o mais empreendedor.

Estou seguindo o cara nas redes sociais. As notificações de suas postagens caem em minhas páginas. Passei a seguir o noticiário do ICL - Instituto Conhecimento Liberta - entidade fundada por ele que atualmente cresceu nos canais do YouTube.



Em Araçatuba, percebi que pessoas da direita educada já estava lendo seus livros, inclusive meu mano já falecido. Eduardo Moreira tinha argumentos fantásticos.

Avançando sobre o conhecimento de meu personagem, assinei o ICL e li um de seus livros básicos: "Travessia - de banqueiro a companheiro", editora Civilização Brasileira, onde relatou suas experiências, visitando acampamentos e assentamentos do MST. A cada visita, sua conversão à causa dos espoliados era melhor. 

Assim, Eduardo Moreira, 48 anos, casado, com filhos e propriedades, não se despojou como Francisco, mas pôs-se a serviço dos pobres seus conhecimentos e seu dinheiro, inclusive sua força política junto à classe dominante. 

De repente, sou convidado para um dia de reflexão: Economia de Francisco e Clara. Movimento da igreja católica. "Os jovens brasileiros reunidos em articulação, estão lançando, além de um subsídio de estudos para comunidades, contendo a síntese do caminho até Assis, um livro, intitulado Realmar a Economia: A Economia de Francisco e Clara, pela editora Paulus, e um curso nacional de articuladores, destinado a fortalecer os vínculos comunitários desse processo coletivo de responder ao chamado da Economia de Francisco e Clara".    

O planeta, a vida e o Criador estão exigindo posições mais firmes das pessoas de boa vontade. Acompanhe o movimento, caro leitor, leia o livro. 


Biblioteca municipal Rubens do Amaral


Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. ex-secretário municipal de Cultura - Araçatuba-SP 

A biblioteca municipal de Araçatuba Rubens do Amaral retornou ao seu prédio na rua Armando Sales de Oliveira, próximo ao estádio municipal. Está com banheiros remodelados e rampa de acessibilidade. Além de outros reparos caríssimos, mas que só aparecem quando chove. Ter bibliotecas públicas na cidade é preocupação com a leitura.  

A biblioteca foi inaugurada em 1940 pelo então prefeito Valadão Furquim no prédio da praça Rui Barbosa, onde hoje se encontra o Banco do Brasil. Como estudante, frequentei as suas dependências.

Em 1981, depois de passar um tempo sob a arquibancada do estádio municipal Adhemar de Barros (como aconteceu novamente agora), ela ocupou o atual prédio, novo e inaugurado no governo Paulo Salim Maluf, prefeito Oscar Gurjão Cotrim.  A partir daí meus alunos passaram a frequentar a meu pedido, como professor.

Uma de suas dependências inauguradas era um auditório que seria usado para as palestras dadas pela biblioteca. Na falta de um teatro, foi transformado em teatro municipal Paulo Alcides Jorge. E continua até hoje.

Antes da Lei Federal da Responsabilidade Fiscal, as obras eram entregues quase de qualquer jeito. Nunca se podia ter construído a biblioteca naquele terreno, pois se tratava de área verde. Assim não podia receber verbas do Estado e da União porque era um prédio irregular. A luta jurídica demora mais que a construção física, mas o problema foi resolvido.

A entrada de energia elétrica não aguentava ares condicionados, a biblioteca não era climatizada, por isso foi trocada para que aguentasse os aparelhos. Ela foi climatizada na administração do então prefeito Cido Sério. O teatro ainda não foi reformado, não foi entregue na reinauguração do dia 23/04/2024.

As paredes do prédio começaram a rachar. Ninguém descobria a causa. Até que se foi procurar o hidrômetro para ver se havia vazamento. Na construção de 1981, não foi posto o medidor de água, por isso havia vazamento e ninguém percebia. A ligação era clandestina. Na reforma de 2024, fez-se o trabalho de fundação, que também é caro. O prédio era pomposo, mas estava comprometido.

Foi criada a lei de acessibilidade em nível federal, facilitando a entrada aos prédios para as pessoas com problemas físicos. Qualquer projeto apresentado nas esferas administrativas superiores ou mesmo às empresas privadas, vinha a pergunta: cadê a acessibilidade da biblioteca. Não tem. Então não há recursos. Na verdade, o prédio da biblioteca era um trambolho.

Outro problema sério de uma biblioteca é seu acervo. Adquirir as novas publicações, acompanhar o mercado editorial, não se contentar apenas com as doações da sociedade. A última atualização do acervo com livros adquiridos pela Prefeitura Municipal de Araçatuba foi em 2012, na administração de Cido Sério, quando gastou-se mais de R$100 mil. Antes dele, Válter Tinti ampliou o acervo.    

A reinauguração de 23/4/2024 foi um grande passo, faltando ainda a reforma do teatro contíguo, que está fechado. Deu-se um grande passo. Financiar projetos para os artistas é uma necessidade, mas ter equipamentos funcionando plenamente no município é crucial. O desafio do atual prefeito Dilador Borges é inaugurar o Centro Cultural Ferroviário e o Museu Cândido Rondon. Parabéns pela biblioteca.

    

23.4.24

Gratidão sem ideologia

 


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Organizo os fatos de minha vida em linha cronológica. Desconfio que só os medíocres o fazem assim, mas não consigo chegar a outra maneira. Confesso minha mediocridade.

No curso chamado primário, todo dia a professora começava a aula pondo na lousa um cabeçalho. O sobrenome do presidente da República era difícil de ser escrito: Kubitschek. Foi eleito pelo povo.

Com 16 anos, o governador do Estado de São Paulo era Adhemar de Barros. Num conchavo dos funcionários do antigo Posto Experimental de Criação (Araçatuba) com o zootecnista Fernando Lima Pires fui admitido como trabalhador braçal aos 16 anos, 1965, mas na verdade eu era auxiliar de veterinário. Não importa, iniciava minha carreira de funcionário público, que interrompi com a aposentadoria. 

Depois prestei concurso público em 1968, fui aprovado e passei a ser escriturário da Secretaria da Agricultura (DIRA). Com salário melhor, pude pagar faculdade em Penápolis.

Por que não em Araçatuba, se a cidade já tinha a Instituição Toledo? Porque a cidade onde nasci sempre foi elitista, não implantou o curso superior noturno. A Fundação Educação de Araçatuba foi criada em 197, mas abafada  pelo então pelo  prefeito da época para privilegiar a Toledo.   

Enquanto Edson Geraissate, prefeito de Penápolis, uma cidade menor, que morreu por esses dias com 96 anos, criou a FUNEPE, Fundação Educacional de Penápolis, mantenedora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, com curso noturno. Mais de 20 kômbis saíam toda noite de Araçatuba levando alunos: partida às 18h e volta à meia-noite. Com trampo marcado para as 8h do outro dia. Com isso a FUNEPE teve mais de mil alunos. 

Em 1969, montei num ônibus da Reunidas e fui fazer inscrição para o vestibular. Eu estava traçando o meu futuro, que não foi tão glorioso, mas bem melhor com a ousadia do sacrifício. 

Edson Geirassate não me pagou uma mensalidade, nem deu desconto, mas me deu a chance de fazer uma faculdade. Abriu portas. Eu queria história, não havia (só Araçatuba, curso diurno), fiz mesmo Letras por falta de opção. Ele povoou a Noroeste Paulista de professores competentes.    

Morrer qualquer um morre, mas a morte de Edson Geirassate me foi significativa. Fazer-lhe uma estátua é muito pouco, mas já seria uma homenagem. Lá em Penápolis, aprendi que a pobreza entre os homens não era vontade de Deus, mas fabricada pelos seres humanos.

Em 1976, o governador indicado pela ditadura militar, Paulo Egydio Martins, convocou concurso para preencher vagas no magistério paulista. Eu era professor em Rosana-SP, caráter temporário. Fiz o concurso, fui aprovado e voltei para Araçatuba como professor de Português efetivo: 29 anos de puro orgulho. Gratidão ao ex-governador, pois com o concurso, ele me abriu portas.

Em 2009, por iniciativa do então deputado estadual Renato Simões (PT),  Assembleia Legislativa de São Paulo votou lei para indenizar os funcionários públicos estaduais que tiveram presos pela ditadura militar e sofreram prejuízos funcionais. Eu fui um dos indenizados. A minha gratidão foi para o ex-governador Geraldo Alckmin que sancionou a lei.  

Com o espírito da gratidão instalado em seu interior, os agradecimentos brotam, mas hoje, neste texto, registrei minha gratidão aos contrários ou fizeram o bem pelas atitudes dignas que tomaram. E o  Edson Geirassate, ex-prefeito de Penápolis, é o meu líder nesse quesito.