AGENDA CULTURAL

27.8.25

Semana da pátria: o Brasil é dos brasileiros

Presidente Lula e governador Tarcísio Freitas
 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

A vida é como um rio, conforme as águas vão passando, ela incorpora novas ideias, às vezes nem tão novas. Quando entrei no magistério, em plena ditadura militar, havia a Semana da Pátria: Brasil, ame-o ou deixe-o. Hinos e lacinhos verde-amarelos. Dom e Ravel cantando suas composições carregadas de patriotadas.

Não concordávamos com aquilo, pois os militares a mando dos Estados Unidos fazia o jogo da guerra fria: combater o comunismo, mas obedecíamos. Ordem era ordem, mesmo sob o ranger de dentes. 

Havia as disciplinas de Educação Moral e Cívica (EMC) e Organização Social e Política Brasileira (OSPB). Professoras e professores que lecionavam esses conteúdos eram olhados de viés pelos outros.  

O tri obtido pela Seleção Brasileiro no México ajudou o nacionalismo de fachada. O general Emílio Garrastazu Médici, presidente entre 1969-1974 foi ao estádio assistir ao jogo de futebol. Enquanto no Brasil havia  prisões, mortes e o milagre brasileiro.    

Como vereador de Araçatuba participei da Campanha das Diretas: Eu quero votar para presidente. Em 1982, com voto vinculado, elegemos os governadores; em 1989, para presidente da República. E assim fomos amadurecendo a nossa democracia.

Até que surgiu Luís Inácio Lula da Silva, que segundo os estrategistas, era um sonho de Golbery do Couto e Silva a criação do PT. E Lula está em seu terceiro mandato como presidente da República. O metalúrgico navega bem nos mares da política.

Como Lula, que não é comunista no sentido tradicional, mas luta pela inclusão social, começou a afrontar os interesses da elite econômica do Brasil, inventaram o Jair Bolsonaro com o nacionalismo de fachada, retornamos a 1964, com os interesses norte-americanos à flor da pele. Até cair a máscara, sendo Donald Trump o protetor do bolsonarismo.

O slogan "O Brasil é dos brasileiros" encabeça a retomada do nacionalismo com Lula, pois percebeu que Eduardo Bolsonaro e seu pai, e toda a tropa bolsonarista estavam desgastados com seu falso patriotismo.

"O Brasil é dos brasileiros" é a frase escrita no boné de Lula, Trump que cuide dos Estados Unidos sem prejudicar o nosso país, não venha usar os bolsonaristas como preposto de seus interesses dentro do Brasil. 

Ligeiramente, o presidente Lula tomou o nacionalismo e o patriotismo para seu governo. Aqui sim temos democracia. A estátua da liberdade precisa mudar de lugar.       

25.8.25

Namorar na praça

A cantina da praça João Pessoa 
Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

A praça João Pessoa, assim denominada quando foi construída, sempre foi um entorno da caixa d' água que servia o núcleo urbano de Araçatuba, que não era grande. Nos escurinhos de seus bancos, namorei muito por lá em minha juventude.

Pelos nomes dos lugares públicos, conhece-se a história da cidade. A praça João Pessoa é vizinha da Getúlio Vargas, participantes da Revolução de 1930.  

No ano de 2000, quando o Brasil comemorou 500 anos e Germínia Venturolli fazia uma administração pífia, o professor de inglês Artur Lopes aproveitou o vazio de poder e encabeçou um movimento com participação da iniciativa privada numa remodelação da praça, chamando-a a de Praça dos 500 anos. A partir daí, ela se transformou numa praça cultural.

Fez parte da remodelação da praça a construção de uma bonita cantina que fora entregue à exploração de alguém sem a prefeitura fazer licitação. A presença do comércio na praça era ilegal.

Era uma prática do clientelismo da política de distribuir a exploração dos espaços públicos a parentes e compadres de vereadores e prefeitos.

Em 2009, com Cido Sério (PT) assumindo a prefeitura, me nomeando como secretário de Cultura, a praça João Pessoa (500 anos) passou para a minha jurisdição.     

O promotor público Albino Ferragini me chamou em seu gabinete para uma conversa. Ele queria saber por qual motivo eu não expulsava os comerciantes ocupantes de lugares públicos.

Respondi-lhe: "Como a ocupação do espaço foi política, não há força que faça isso. Quem tem força para isso é o senhor que é promotor público, que não pôs ninguém". Declarou que veria isso, quando fiquei sabendo, a lei estava imperando. O promotor agiu. Foi recurso daqui, recurso dali, parece que a situação se regularizou.

O Paulo, que tocava a cantina da praça foi avisado por mim: vá ajeitando um outro lugar, porque a sua saída daqui será iminente. Quem está mexendo é a Promotoria. Ele me dizia que tinha costas quentes. 

A cantina foi demolida, e logo em seguida Paulo morreu de desgosto num banco da praça. Parou a bicicleta, passando pela rua que circunda o local, sentou-se e teve um infarto. 

Atualmente, após uma reforma da iluminação pública, feita por Dilador Borges (PSD) a praça retornou à sua vocação cultural. A Vanessa Manarelli, nova secretária de Cultura, é dinâmica. O palco se chama Tom Jobim. Mas lá está faltando ela, a cantina. Precisava derrubar? Apenas fazer licitação.

Da praça, conheci muitos amigos, nela fiz boas crônicas, levei muitos artistas forâneos, enquanto fui secretário muitos espetáculos artísticos foram apresentados. E também perturbei muito a vizinhança com o barulho.    

A PARTE BOA

Araçatuba é interior, não é litorânea, mas a praça João Pessoa era minha Itapuã. Trabalhei muito nos eventos culturais, mas quando eles não eram da prefeitura, reunia amigos para rir e tomar uma cervejinha. A saudosa Helena (a Japa),como na foto, quase sempre estava comigo. 

Agora vou lá com a Fátima, acompanhado de uma caixa térmica carregada de cerveja. Sentados em nossas cadeiras na última fila dos bancos da plateia. A vida continua, e feliz, a velhice é uma bênção de Deus. Continuo namorando na praça João Pessoa, agora, bem iluminada. 

   

20.8.25

Dia do Esquerdo - 13 de agosto

Cena do filme Tempos Modernos,
de Charles Chaplin 
Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP 

O Dia Internacional dos Canhotos é celebrado em 13 de agosto desde 1976, criado pelo britânico Dean R. Campbell, fundador do Left-Handers Club. A data valoriza essa minoria — cerca de 7% a 10% da população mundial e conscientiza sobre os desafios que enfrenta em um mundo projetado principalmente para destros (usa a mão direita)REVISTA VEJA 

Um sujeito da esquerda escrevendo sobre o Dia do Esquerdo. Parece brincadeira. Não sou neutro, não existe a neutralidade, procuro não ser um manipulador. Ser neutro parece uma covardia, beneficia a posição vencedora.  

Quando foi criado o Dia do Esquerdo em 1976 ainda não existia o PT e agosto já era mês do cachorro louco no Brasil. Neste ano, não caiu na sexta-feira. Não há nenhuma insinuação.

Dizem os estudiosos que ser esquerdo ou destro se define no útero da mãe. O feto que chupou o dedo esquerdo, certamente será canhoto. Uma maioria significativa chupou o dedo direito. 

Essas explicações lógicas vieram com a ciência. As preconceituosas são da Idade Média, quem nascia canhoto tinha parte com o demônio, feitiçaria. Os bons ficavam à direita de Deus. 

Crianças que não eram destras apanhavam até mudarem de mão. Quantas crianças sofriam violência com a professora alfabetizadora porque eram canhotas. Hoje se respeita a individualidade de cada um. 

Na política, a expressão "esquerda" surgiu durante a Revolução Francesa, especificamente na Assembleia Nacional Constituinte em 1789. Era uma questão de espaço físico.  Os favoráveis à república (revolucionários) sentavam-se à esquerda na assembleia e os partidários da monarquia, à direita. 

Canhotinho (Milton Medeiros) no futebol jogou no Palmeiras, foi ponta-esquerda. Não sei se o feto também chupa o dedo do pé da esquerda. Atualmente o mercado vende instrumentos para os esquerdos, sem preconceito.  

Com o tempo, o significado desses termos evoluiu, associando-se a diferentes ideologias políticas. Na esquerda, surgiram ideias como o socialismo, o comunismo e o progressismo, com foco em igualdade social, justiça, direitos trabalhistas e a ampliação do papel do Estado na economia e na proteção social. A direita passou a ser associada ao conservadorismo, ao liberalismo econômico, à defesa da propriedade privada e a um menor intervencionismo estatal. (IA)  

Na política, o senso de lateralidade não é espacial, é ideológico. A esquerda prega que a pessoa viva e deixe o outra viver também. A direita quer tudo para si, por isso dizem por aí, há até em livro publicado, que é estranho ter pobre de direita. 

14.8.25

Eu sou um Hamlet - teatro no Sesc Birigui - Rodrigo França

 Dirigida por Fernando Philbert, a peça explora as relações humanas e as condições da existência, trazendo a visão e os questionamentos de um homem negro sobre a realidade. O espetáculo recebeu indicações aos prêmios Shell

(Música) e Cenym (Monólogo e Texto Adaptado).

Rodrigo França em Eu sou um Hamlet
Foto Márcio Farias

“O Hamlet de Shakespeare quer vingança; no Brasil, os diversos ‘Hamlets’ só querem justiça. Imagina se quisessem vingança?” Rodrigo França, ator de Eu sou um Hamlet

Após uma temporada no Rio de Janeiro e São Paulo, o monólogo;Eu sou um Hamlet; se apresenta no Sesc Birigui, trazendo Rodrigo França no papel do icônico personagem de Shakespeare. O ator sobre ao palco do Teatro Sesc Birigui no dia 21 de agosto de 2025, quinta, às 20h. Sob a direção de Fernando Philbert, o espetáculo oferece uma releitura contemporânea da obra do bardo, com tradução assinada por Aderbal Freire-Filho, Wagner Moura e Barbara Harrington. A adaptação, fruto da colaboração criativa entre Jonathan Raymundo, Fernando Philbert e Rodrigo França, reforça a parceria dos dois últimos, já consagrada na montagem de Contos Negreiros.

Os ingressos custam de R$15 a R$50 e já estão disponíveis para venda nas bilheterias do Sesc Birigui e do Sesc em Araçatuba, além do Portal e Aplicativo Credencial Sesc SP.

A montagem utiliza as falas de Hamlet para refletir sobre um mundo violento e segregado, lançando luz sobre as questões da sociedade atual e a condição de humanidade de um homem negro no Brasil. Ao incorporar um ator negro, a peça amplia os dilemas do clássico, trazendo a consciência da realidade ao personagem.

Este Hamlet questiona o mito da democracia racial e enfrenta o desafio de criar um discurso que provoque reflexão sobre o presente. Rodrigo França, ao assumir o papel, reflete sobre o impacto da tragédia colonial na identidade do homem negro, forçado a lidar com uma humanidade fragmentada e constantemente questionada.

Como sobreviver à consciência de uma condição vulnerável, em um sistema que marginaliza e estigmatiza? Como não ceder ao desespero? A peça busca respostas nos ancestrais, iluminando um coração em luta contra uma cultura opressora.

Queríamos um Hamlet que abordasse o racismo e o dilema do homem comum em uma sociedade que ameaça direitos e liberdades. Nosso Hamlet reflete sobre a tensão do mundo e busca entender como chegamos aqui. A peça coloca o ser humano no centro do pensamento, mostrando como enfrentar um sistema que oprime negros, LGBTs, pobres e quem luta por justiça. Em cena, Rodrigo enfrenta essa batalha solitária, mas encontra coragem nas vozes dos ancestrais para desafiar as regras, explica Philbert.

Para Rodrigo, estar à frente desta montagem é significativo, sobretudo por mostrar que artistas negros podem interpretar qualquer personagem. Ele destaca que interpretar um texto como esse, que reflete o ser humano, traz um impacto único ao ser incorporado por um ator negro. A peça, embora respeite a obra de Shakespeare, explora novos territórios ainda não revelados, mostrando que amor, ódio, fúria e vingança são universais, mas suas expressões variam conforme a subjetividade de cada grupo. Essas emoções são naturais, mas a forma como são vivenciadas é construída socialmente. Nesse contexto, um homem negro buscando descobrir quem matou seu amado pai adquire outra dimensão.

Para o ator, que divide seu tempo ainda como diretor, debatedor, filósofo, autor e escritor, a população negra ainda está em busca de ser humanizada no Brasil. “Só é tratado como humano aqueles que têm dignidade em suas estruturas. Estamos longe de uma equidade para existir uma reparação de nossas mazelas causadas pela escravização. Contextualizando ‘Hamlet’, os nossos fantasmas (ancestrais) ainda clamam. O Hamlet de Shakespeare quer vingança; no Brasil, os diversos ‘Hamlets’ só querem justiça. Imagina se quisessem vingança? Não posso dispersar, pois os meninos estão morrendo lá fora. E temos muito o que fazer”, finaliza Rodrigo França. 

SINOPSE

A montagem, ao empregar as falas de Hamlet, funciona como um espelho da nossa sociedade violenta e segregada.

A partir da perspectiva de um ator negro, a peça provoca reflexões profundas sobre as relações humanas, a condição do homem negro no Brasil e a busca por identidade. Ao fazer isso, a obra amplia os dilemas clássicos de Shakespeare, convidando o público a questionar sua própria humanidade em um mundo marcado por desigualdades.

FICHA TÉCNICA

Dramaturgia: utilizando as falas de Hamlet, a montagem coloca um espelho diante do mundo e reflete este tempo violento e pleno de segregações. Assim, nos evoca questionamentos acerca da sociedade de hoje, das relações humanas e da sua própria condição de humanidade enquanto homem negro no Brasil em sua jornada de autoconhecimento. Uma das primeiras dramaturgias do ocidente que busca refletir a humanidade, a peça amplia os seus dilemas a partir de um ator negro em sua encenação. 

A proposta é trazer essa consciência da realidade ao personagem. Ser ou não ser? Estar consciente ou não?

13.8.25

A xícara trincada - Pedro Trajano

Quatro e pouco. Acordo antes da cidade.

A luz da cozinha acende, o cursor do notebook pisca,

o Word em branco pede versos.

Às vezes, a pia ainda carrega lembranças do jantar de ontem:

três pratos, alguns talheres — e um silêncio que respinga.


Às dez para cinco, colho couve e ora-pro-nóbis no quintal.

Faço um suco verde e entrego um copo à minha esposa.

Ela sai pra caminhar.

Eu fico — e acordo nossa filha ao som de K-pop.


O café da manhã segue um ritual: crepioca, ovos, frutas.

A liturgia do dia toca de um aplicativo.

Enquanto comemos, falamos de contas, de planos,

da vida que caminha — e também rimos.


Levo as duas: uma para aprender, outra para ensinar.

Escolas diferentes, mas o mesmo cheiro de giz.


Volto. Molho a horta. Reviso a agenda.

Olho prazos, penso nos clientes.

Se der tempo, escrevo.

A poesia ainda não me paga — mas sustenta a alma.

Às oito, saio de casa para conquistar o meu dia.


Minha rotina não é prisão — é afeto encadeado.


Entre um afazer e outro, penso:

a vida, às vezes, é como aquela xícara trincada no armário.

A que ninguém escolhe pra visita.

Mas é nela que o café parece estar mais quente.


Nas redes sociais, o mundo vive em festa:

quase uma orgia de dopamina.

Gente em praias, brindando ao pôr do sol.

Carros caros. Filhos prodígios. Casamentos filtrados.


Mas isso é só o que se mostra.

A maioria vive como a gente:

entre o despertador e o dia lá fora,

entre boletos e pequenos milagres.

Só que isso — quase ninguém curte.


A armadilha é tomar o recorte pela realidade inteira.

E esquecer que o extraordinário — quase sempre — se disfarça no comum.


A vida simples não se exibe.

Ela sussurra.

Talvez por isso não se poste:

porque o essencial não se posta — vive.


*PEDRO TRAJANO - poeta de Penápolis-SP, 
membro da Academia Penapole
nse de Letras

12.8.25

Atirou para ver de que lado ia cair

Empresário: Renê da Silva Nogueira Júnuir

Hélio Consolaro

Nem tudo acontece como a gente quer. Exemplo, o caminhão que recolhe o lixo da cidade. Às vezes, ele atrapalha o trânsito, eu meio contrariado, invoco a paciência urbana e supero minha contrariedade em nome do coletivo: a cidade.

O sujeito, lá em Belo Horizonte, galã, rico, carro elétrico, marido de delegada de polícia se acha o dono do mundo, atirou no gari do caminhão que recolhia os sacos de lixos da calçada, levando para o caminhão. Homicídio.
Por isso que não acredito em quem anda armado (sem ser policial),o indivíduo é um assassino em potencial. E também está lá na Bíblia: é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico ir para o céu. Com a arma, o demônio tomou conta do sujeito

8.8.25

Enterrar o morto no quintal

 

Túmulo abandonado
Foto: jornal O LIBERAL- Araçatuba

Araçatuba: familiares têm até a próxima semana para regularizar túmulos em Araçatuba

O prazo para regularização de túmulos no Cemitério Municipal Recanto de Paz termina na próxima semana, no dia 14 de agosto. Familiares e responsáveis devem procurar a administração do cemitério para regularizar sepulturas abandonadas ou danificadas, sob risco de transferência dos restos mortais para o ossuário coletivo do município (Jornal O Liberal).

Cuidar da memória da família, homenageando seus mortos, é uma questão cultural. Por meio de meu pai, aprendi a cuidar do túmulo da família. Ele fazia tudo para que o jazigo de meus avós não parecesse descuidado no Dia de Finados.

Paguei para construir um pequeno monumento na avenida principal do cemitério da saudade, onde estão as placas dele(Luís), de minha avó (Augusta), de meu irmão (Gervásio) e da Helena (minha mulher). Um lugar apresentável. Pago mensalmente para um profissional averiguar as ocorrências no local. 

Já foi costume no Brasil enterrar os mortos no pátio das igrejas, pois assim o morto ficava com acesso facilitado para o céu. Não é permitido enterrar um morto no quintal da casa. Hoje é uma prática dos homicidas para esconder pessoas assassinadas. Os índios dizem que embaixo de uma enorme árvore foi enterrado um grande líder da tribo. Cada povo tem o seu jeito de sepultar os corpos dos falecidos.

Em Araçatuba, há forno para cremação, cemitério vertical, cemitério jardim (Jardim da Luz) e dois cemitérios municipais (da Saudade e Recanto da Paz). Enterrar os mortos num lugar só, cemitério, é uma atitude sanitária. Sepultura perpétua, sem exumação periódica. Resquício de uma época.  

Atualmente os cemitérios precisam ser bem cuidados, não se enterra um corpo e larga lá, deixando o espaço geral com aspecto horrível. Por isso, o prefeito Lucas Zanatta está dando prazo para que parentes se apresentem para cuidar dos túmulos da família.

Na verdade, quando a equipe for desmanchar os túmulos mais antigos ou abrir covas não vai encontrar ossos, todos já estão decompostos. Tempo de decomposição: três a cinco anos. Na verdade, a prefeitura vai tirar os tijolos, a cruz e a plaqueta.   

Esse abandono geral dos túmulos se devem a vários fatores, um deles é o religioso. O catolicismo criou os cemitérios como eles estão; o evangelismo não cultiva a memória, embora não impeça, despreza as imagens. É outra proposta religiosa.

Outro fator é a concepção de família. A família mais extensa e focada em funções econômicas, patriarcal, construiu mausoléus nos cemitérios para que retratassem também a estratificação social.

A tendência de morar de pequenos apartamentos, da vida on-line, família nuclear, é a mesma que apoia cemitérios em forma de jardim, verticais e à cremação.   

A iniciativa da prefeitura de racionalizar a administração do uso do solo nos cemitérios é um expediente para não precisar de criar novo cemitério municipal. Uma iniciativa válida.       

4.8.25

Mahatma Gandhi, Zatti e médicos

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP 

A verdade mora nos dois lados. Dizer que ela mora num lado só é unilateralismo. Com o espírito multilateral que abordo assunto: "médicos descontentes com Zatti". Esse assunto ocupou o noticiário local.

UniSalesiano tem a sua faculdade de medicina dentro do programa Mais Médicos, com bolsistas que têm uma contrapartida de trabalhar certo tempo (4 anos) na saúde pública. Eles fazem estágios também nas UBS. Um pagamento em forma de trabalho dirigido à população mais vulnerável.

Há algum tempo, atualmente de forma mais intensa, existem médicos de famílias mais afortunadas que se especializam e montam empresas de saúde; e há médicos bolsistas ou de famílias com menos posses que são assalariados no setor público ou privado.

Na administração de Dilador Borges (PSD), a Organização Social de Saúde contratada para administrar a saúde primária do município foi a Mahatma Gandhi, enquanto o atual prefeito de Araçatuba Lucas Zanatta contratou a Zatti, OSS da Misssão Salesiana de Mato Grosso. Padres especializados em educação que têm a faculdade de medicina em Araçatuba. 

Nessa transição, ou transação, os médicos da Mahatma foram demitidos com promessa (ou esperança) de serem readmitidos pela Zatti após um processo de seleção. Nesse ponto é que se deu desentendimento. 

Pergunta dos médicos oriundos da Mahatma Gandhi: por que 23 médicos recém-formados admitidos (quase metade) são oriundos da Faculdade de Medicina do Salesiano. Ouve proteção, algum tipo de facilidade ou é exigência do Mais Médicos?  Os antigos foram preteridos?

Quanto pagava Mahatma Gandhi aos médicos: R$99,00 por hora. E a Zatti quanto paga? R$66,00 por hora. Há uma diferença no caráter da admissão que deságua no preço a hora. O médico na Mahatma Gandhi era admitido como MEI (CNPJ) e na Zatti como celetista, com todos os direitos trabalhistas.

Na verdade, a Prefeitura de Araçatuba quer um atendimento de saúde de bom nível à população de Araçatuba. Essa briga dos médicos tem mais a ver com a Zatti. Se esse conflito tiver atingindo a qualidade no atendimento, a prefeitura precisa intervir. Tanto a Zatti como a Mahatma Gandhi são OSS, ou seja, ferramentas da terceirização.

Tenho certeza de que a exposição feita aqui já foi dita por muitos em  rádios e assembleias.   


2.8.25

Ficção científica de escritor de Araçatuba

 

Capa do livro Calária
Hélio Consolaro 

Hélio Consolaro e Simon Levy

Até ontem, se alguém dissesse que havia em Araçatuba um escritor de ficção científica, eu diria que era mentira. Trata-se de Simon Langenbach Levy, ou simplesmente Simon Levy. Escreveu Calária, 236 páginas, com ilustrações coloridas, Draft Editora, R$60,00. Informações de compra:18 99109-65S59. 

Simon Levy nasceu em São Paulo, TI, apaixonado por ficção científica desde a infância, escrevente do fórum de Araçatuba, mora na cidade há 20 anos.

Lançou seu livro no Quintal Cultural durante a Balada Literária do Grupo Experimental, Academia Araçatubense de Letras: 29 de julho de 2025, 19h30. Parentes, amigos, colegas de trabalho e escritores se fizeram presente   

RESENHA DO CANAL 4 YOU BOOKS MANI

 

30.7.25

Viagem Literária chega a Araçatuba com destaque para a literatura afro-basileira


A Biblioteca Comunitária Maria Hermínia T. Salibe, localizada no bairro Hilda Mandarino em Araçatuba, será palco de atrações da 17ª edição do programa Viagem Literária. Este ano, o projeto coloca em evidência a rica e diversa Literatura Afro-Brasileira, convidando o público a uma imersão nas vozes que moldam a identidade cultural do Brasil. O Viagem Literária é uma iniciativa que, desde 2008, integra as ações do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de São Paulo (SisEB) e transforma bibliotecas em espaços vivos de descoberta, promovendo conexões, debates e valorizando a leitura em diversas comunidades. Já alcançou mais de 230 municípios, com 3.600 ações e impactou mais de 364 mil pessoas. Nesta edição, o programa levará o universo da literatura brasileira contemporânea a 67 bibliotecas em 66 cidades paulistas, celebrando as importantes contribuições da literatura afro-brasileira, abordando temas que vão desde os ecos da história colonial até as expressões de identidade, cultura e resistência.

Contação de Histórias com a Cia Mapinguary

No dia 5 de agosto, a Biblioteca Comunitária Maria Hermínia T. Salibe receberá a Cia Mapinguary para duas sessões de contação de histórias, às 9h e às 14h. A companhia, formada por Carlos Godoy e Bruno Rocha, foi criada em 2000 e é conhecida por sua narrativa oral cênica, inspirada no folclore infantil, teatro de bonecos e contos populares do Brasil e do mundo. Eles apresentarão “Ubuntu - Contos Africanos”, uma oportunidade imperdível para o público de Araçatuba. As duas sessões contarão com intérprete de libras.

Aproveite a chance de participar deste circuito literário que valoriza a leitura, amplia horizontes e fortalece a presença da biblioteca como um ponto de cultura e encontro em Araçatuba.

Serviço:

● Evento: Contação de Histórias “Ubuntu - Contos Africanos”

● Local: Biblioteca Comunitária Maria Hermínia T. Salibe

● Endereço: Rua Joaquim Cândido, 1631, Bairro Hilda Mandarino, Araçatuba.

● Data: 5 de agosto (terça-feira)

● Horários: 9h e 14h

● Entrada: Gratuita e aberta ao público.

● Classificação: A partir de 6 anos.