AGENDA CULTURAL

8.10.25

Pôr do sol da ponte do rio Tietê

  “Um bom viajante não tem planos fixos e não pretende chegar de viagem.” – Lao Tzu

Pôr do sol - Tietê

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP


Todos os entardeceres são iguais, não importa em que parte do planeta esteja, pois o Sol é o mesmo.  Não é verdade. Ver o sol se pôr na ponte sobre o rio Tietê, rio que separa os municípios de Araçatuba e de Aracanguá é bem diferente do Taj Mahal, Índia: as cores do crepúsculo refletidas no mármore branco do palácio criam uma paisagem impressionante e grandiosa.


Presidente Epitácio, cidade da beira do rio Paraná, região de Presidente Prudente, Oeste Paulista, tem o seu pôr do sol como o mais bonito do Brasil. Moramos na região e não sabemos disso.

   Estivemos, eu e a Fátima, visitando meu mano Alberto (Ingrid e Albertinho) no Espigão do Costeiro, zona urbana e na beira-mar de São Luís do Maranhão, mas naquele dia uma minúscula nuvem atrapalhou o espetáculo do astro rei. Assim mesmo, várias fotos foram registradas nos celulares. Até selfies.

Fátima Florentino

   Apesar do nome, ninguém dorme sobre as dunas dos Lençóis Maranhenses, pois por lá existem belas pousadas. A melhor visita se faz ao cair da tarde para pegar o pôr do sol. As camionetas Hilux cavalgam as dunas como equinos mecânicos.


Santo Amaro do Maranhão tem 15 mil habitantes, mas possui quase 500 unidades de Hilux 4x4 prestando serviço aos turistas, subindo as dunas e mostrando as lagoas.  A Toyota agradece, pois é o único tipo de veículo a navegar nas areias dos Lençóis Maranhenses.


Só os românticos e os enamorados ou partidários da Terra-Mãe é que emocionam ao ver o pôr do sol na ponte sobre o rio Tietê. A maioria passa pelo fenômeno crepuscular como credores ou devedores, tendo como referência o vil metal.


No Espigão Costeiro, São Luís do Maranhão, só carros novos encostam para gastar o dinheiro naquele momento poético. Enquanto isso, em Araçatuba, a rotina segue modesta e sem ostentação, mas, talvez por isso mesmo, exista certo charme escondido entre as ruas e becos, esperando ser descoberto por quem se dispõe a caminhar a pé pela cidade com um olhar curioso e aberto ao inesperado, percebendo que até nos cantos mais simples da cidade há beleza para ser apreciada.


Até dizem os guias que turistas não têm miséria, gastam à vontade o que foi juntado a ranger de dentes. Ouvi uma conversa:


- Em Araçatuba, não tem isso, é uma vida chinfrim.

   Precisamos passear a pé pela cidade com olhos de estranhamento, como se tivéssemos passando por uma cidade desconhecida. Sem dívidas a pagar. 

6.10.25

Roque Soares da Silva, multiplicador de cidadania - Marcos Francisco Alves

 

Dr. Roque Soares da Silva está entre Cido Sério e Marcos Francisco Alves 

Roque Soares da Silva foi advogado, professor universitário e ativista araçatubense que educou, influenciou e inspirou uma geração de líderes comunitários, religiosos e políticos de Araçatuba. Marido dedicado de Lourdes Gálico Soares e pai amoroso de quatro filhos e três filhas, Roque ajudou a expandir a representatividade democrática de bairros araçatubenses e desenvolveu mentes e corações para a participação política e para o gosto pela cultura, ao fundar instituições e criar eventos que congregavam a comunidade. Com uma compreensão cosmopolita do cidadão atuante e formalmente educado, além de ideias e ações fundadas na democracia e na liberdade, Roque deixou marcas na história da Araçatuba e em muitos de seus habitantes.

 Nascido em 1 º de outubro de 1932 em Araçatuba, Roque – cujo nome herdou do pai – foi o filho mais velho de quatro irmãos e uma irmã. Sua mãe, Lázara Alves de Jesus, era costureira, e seu pai, Roque Soares da Silva, operário de beneficiamento de arroz. Sua infância foi de dificuldades e restrições comuns a outras crianças do período e, como outras crianças do período, começou a trabalhar aos 10 anos de idade, após terminar o primário. Seu primeiro trabalho foi de atendente de serviços gerais no bar de seu tio.

 Aos 14 anos, Roque tornou-se lavador de garrafas. Seu supervisor, notando sua inteligência, recomendou-o para uma transferência para a administração da empresa, onde Roque teve o primeiro contato com a contabilidade. Ele então decidiu voltar à escola para terminar o ginásio e fazer um curso de contabilidade e, aos 21 anos, formou-se contador. Quando preparava seu casamento com Lourdes Gálico, amor que duraria sua vida toda, Roque já nutria uma nova ambição: tornar-se advogado.

 Viajando 7 horas por semana entre Araçatuba e Bauru, enquanto trabalhava como contador em Araçatuba, Roque formou-se em direito em 1963, em um período que 50% da população brasileira acima de 15 anos ainda era analfabeta. Fazer faculdade era inimaginável para sua família e para muitos de seus amigos e conhecidos. Ele foi o primeiro da sua família a se formar em um curso superior.

 Depois da graduação em direito, Dr. Roque – Fiúca para os familiares e amigos próximos – envolveu-se mais profundamente com sua comunidade. Seu mote era “não adianta saber as coisas, tem que compartilhar”. Roque, então, começou a fazer o que se tornaria a marca de sua atuação pública em Araçatuba: idealizar e liderar organizações e eventos que congregavam a comunidade, com o objetivo de educar e promover o desenvolvimento ético e de noções de cidadania para os participantes.

 Membro ativo da Igreja Católica, tendo ministrado aulas de catequese, Roque tornou-se uma das lideranças das atividades religiosas e sociais das Comunidades Eclesiais de Base (CEB) da Igreja araçatubense. As CEBs haviam sido criadas pelo Concílio Vaticano II como forma de reaproximar a igreja de seus fiéis.

 Nos encontros do Circulo Bíblico – nome informal das reuniões da CEB que ocorriam na Igreja São João – Roque conduzia discussões a respeito do significado moral e prático das narrativas bíblicas, fazendo paralelos das estórias com os contextos em que os participantes viviam. A perspectiva trazida por Roque aos encontros era de promover a solidariedade e a caridade de Cristo como práticas possíveis da vida cotidiana.

Roque Soares da Silva

A cada dia, mais jovens vinham para as reuniões de educação religiosa do Dr. Roque. Reconhecendo as limitações do espaço disponível para um número crescente de participantes, ele então idealizou a União Livre dos Amigos (ULA), grupo que passou a se encontrar no Círculo Operário, andar superior do antigo Cine São João. A União Livre dos Amigos tornou-se um encontro religioso e cultural, onde falava-se sobre os ensinamentos de solidariedade de Cristo, e também se discutiam arte, literatura e acontecimentos atuais.

 Diversos políticos araçatubenses hoje em atividade iam aos encontros da União Livre de Amigos. Lá, liam peças de teatro, seguidas de discussões lideradas pelo Dr. Roque. Além disso, Roque dava palestras sobre acontecimentos globais do momento – ele considerava essencial que os jovens aprendessem a interpretar o mundo com a melhor e mais atualizada informação possível, além de discutir o que liam e ouviam.

 As reuniões no andar superior do antigo Cine São João cresceram tanto que chegaram a ter uma centena de participantes ativos na discussão. Eram pessoas que vinham para ouvir sobre a solidariedade do Cristo, sobre teatro contemporâneo, e sobre o mundo fora do Brasil – para serem educadas, serem inspiradas, e inspirarem sob a liderança do Roque.

 Além de servir a comunidade religiosa, Roque expandiu seu serviço à comunidade araçatubense liderando a fundação de diversas Associações de Moradores em diferentes bairros da cidade, particularmente nos locais mais carentes de infraestrutura e serviços governamentais. Esse é o caso Associação dos Moradores do bairro Jardim Guanabara, além de J. das Flores e Aclimação e outros. Por sua formação em direito, Roque entendia que as demandas dos bairros com relação a serviços governamentais locais (prefeitura) precisavam de canais de comunicação formal. Assim, a população organizada seria melhor ouvida e atendida pelos governantes, possibilitando um exercício mais efetivo de cidadania para aquelas pessoas. Com firme propósito de inclusão social, as associações de moradores de bairro foram este canal de comunicação e organização de demandas entre bairros e a prefeitura.  

 Identificando ainda a necessidade de reforçar os pleitos das Associações, Roque criou com parceiros o Conselho das Associações de Moradores, instituição que podia negociar demandas das diferentes Associações com a prefeitura.

 Durante a ditadura militar, Roque foi filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição do regime. Nesse período, fim da década de 1970, ele liderou o Movimento Contra a Carestia (MCC) em Araçatuba. A política econômica regida pela ditadura concentrava renda e causa inflação muito alta, afetando a imensa maioria da população brasileira, empobrecendo e fazendo de muitos trabalhadores miseráveis e famintos. Os movimentos comunitários e de bairro uniram-se aos sindicatos e um dos frutos dessa atuação conjunta foi o Movimento Contra a Carestia. O MCC criou abaixo-assinados para persuadir os governo federal da necessidade de intervenção na economia para o controle da inflação. Em Araçatuba, a coleta de assinaturas para o pedido formal ao governo militar de controle sobre a inflação foi coordenada e empreendida por Roque e parceiros.

Na política, Roque ainda trabalhou com amigos oriundos da União Livre dos Amigos, além de novos amigos e parceiros, para eleger o primeiro prefeito fruto de ampla aliança democrática e popular em Araçatuba, em 1983. Por sua capacidade técnica e atuação política, Roque foi, então, nomeado para a Secretaria de Negócios Jurídicos da prefeitura. Também em 1983, Roque atuou como presidente da Comissão Executiva do PMDB de Araçatuba, onde discursou para o público sobre a necessidade de eleições diretas para presidente. O registro deste acontecimento encontra-se nos arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), agora disponíveis na internet por meio do Arquivo Público do Estado de São Paulo.

Integrou a Campanha pela legalização do Partido Comunista do Brasil – PC do B – pois, democrata convicto, considerava absurdo de que formas de pensar não pudessem se  exprimir e participar do jogo político. Também  via no PC do B, um partido comprometido com as cuasas populares e que em muitos aspectos  se conciliava com sua vivência cristã. Filiou-se a esse  Partido, foi por ele candidato a deputado estadual e  nele sempre se notabilizou pela defesa intransigente da democracia, das liberdade e do socialismo.

 Como educador, Roque Soares, além das iniciativas citadas anteriormente, foi professor de Direito Constitucional, Direito Comercial e Economia Política na Instituição Toledo de Ensino, hoje Centro Universitário Toledo. Roque também nunca parou de advogar nas áreas Cível e Trabalhista. Além disso, também ministrou aulas de Oratória e Orientação Social no Serviço Social da Indústria (SESI), e de Contabilidade na Faculdade de Ciências Contábeis e Atuariais nos Salesianos de Araçatuba.

 Em 2006, aos 74 anos de idade, Roque foi diagnosticado com a doença de Alzheimer. Depois de dez anos recebendo cuidados médicos, carinho e atenção da família, dos amigos e dos cuidadores, Roque Soares da Silva faleceu em 1º de julho de 2016, aos 83 anos.

Pelo seu  papel desempenhado em  prol da cidade, articulou-se homenageá-lo, dando ao  Atende Fácil  seu nome. O prefeito  Cido Sério, com apoio da Câmara de Vereadores/as, aprovou a sugestão.

A visão a que Roque dedicou-se a promover, de uma civilização baseada no amor, na solidariedade, na inteligência, e na curiosidade, ainda inspira muitos araçatubenses e suas famílias a continuar cultivando estes valores e práticas. Todos estes são gratos por terem tido em Roque alguém para despertar o gosto pela alta cultura, pelo aprendizado, e pelo engajamento político democrático, que não excluía nenhuma categoria arbitrária de cidadão.

Roque tinha consciência que agir de acordo com ideias elevadas era muito mais importante do que apenas promover aquelas ideias. E ele – pai, vô, bisavô, professor, amigo, companheiro, líder comunitário, sábio – seguia firmemente o que pregava.

O então prefeito Cido Sério homenageou Roque Soares da Silva nominando o ATENDE FÁCIL. https://www.blogdoconsa.com.br/2016/09/roque-soares-e-homenageado.html

*Marcos Francisco Alves, professor, Araçauba 

 

Níver Daniel - Marcos Francisco Alves

Daniel - cara do pai
Marcos Francisco Alves

Blake, o poeta, afirmou que “...Ter na infinidade/ a palma da mão cheia/ e em  uma hora ver / a eternidade de /passagem /um cão pelo dono / abandonado/ faminto, prediz a / ruina do estado...”, talvez se referindo às oportunidades que perdemos vida afora. Talvez também, não  nos basta apenas a inteligência ou nossas mágoas não superadas para nossa presença nesse mundo. Cada um de nós somos uma possibilidade em trilhões de outras para estarmos nessa mundo e nem sempre, fazemos dessa dádiva, reconhecimento. Sim, porque “a vida esconde nos lugares mais simples sua grande beleza”, já nos disse Pablo Neruda. E o tempo não tem por que nos esperar a decidir o que fazer na vida. Quem somos nós para esse desejar?

“Com o tempo tudo passa. Vi, com alguma paciência, o inesquecível tornar-se esquecido e o necessário sobrar.”, já escreveu Gabriel García Marquez, com a lucidez que muitas  vezes nós não temos. Não  basta ter rumo, tem que saber onde queremos chegar. Cheshire tem sempre razão.

Vasculhando  o que me resta  de memória, lembro do  poeta uruguaio Mário Benedetti: "Esse grande simulacro...o esquecimento está tão cheio de memória que às vezes não cabem as lembranças e rancores... precisam ser jogados pela borda”, haja vista que “no fundo o esquecimento é um grande simulacro”, pois ”ninguém sabe nem pode, ainda que queira, esquecer”. E, claro, não posso me esquecer desse 27.09, seu nascimento pois  as coisas mais auspiciosas são as que ficam. E no pouco tempo me dado, por escolhas certas ou tortas, me regozijei com sua vinda e que esse dia, foi um dia que me ficou  na  memória pois asseverou Benedetti;  “Lento mas vem, o futuro se aproxima devagar, mas vem”. 

Como também me recordo das nossas andanças por São Paulo, ou de quando você, distraído, trombou com um  poste. No Mercadão ou de quando você atuava no movimento estudantil. Da sua primeira namorada, a  médica (eu gostava muito dela). Ou seu abandono dos cursos onde  você entrou com destaque. Daquele emprego, que permitia a você, frequentar bons restaurantes em Sampa. Da sua ida para Portugal.  Do  nascimento de Agnes e do Teo . Enfim, da sua presença em nossas vidas, para o bem e para o mau.

Gabriel Garcia Márquez, disse que “a idade não é a que temos, mas a que sentimos”, assim como “a vida não é a que a gente viveu e sim a que a gente recorda, e como recorda para contá-la”. Nestes tempos ainda de incertezas, nos quais precisamos nos livrar das mentiras, da ignorância e seus derivados, da  negação das ciências, do racismo, do machismo e todas as fobias de gênero, de etnia, de sexo, de raça, de nacionalidade, de classe, de  guerras injustas, do LGTBQ + etc que  possamos contar nessas datas como mais um momento de brado, de luta para a plena libertação dos espíritos  e de resistência, contra todas as formas de opressão, mas que também seja um momento de comemoração, de alegria, de parcerias, de perdões, de delicadeza  e de gentileza, para com o mundo e do mundo para nós. Podemos  sempre recomeçar, reconstruir e participar de um futuro melhor para a Humanidade. Se pudermos ler Dostoiévsk  “ ...O homem tem tudo em suas mãos, e tudo escapa entre seus dedos por pura covardia...”

E aqui te vejo  vivendo, neste 27 setembro, com certeza, tentando reencontrar rumos e lugar para chegar, como mais um dia de celebração para poder contar sobre  sua VIDA para as suas pessoas queridas, pois como também escreveu o grande escritor colombiano, “a vida não é mais do que uma contínua sucessão de oportunidades para sobreviver”, sendo que “a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a este artifício conseguimos suportar o passado”, pois “os seres humanos não nascem para sempre no dia em que as mães os dão à luz, e sim que a vida os obriga outra vez e muitas vezes a se parirem a si mesmos”. Que você esteja sendo muito feliz, sabendo que a lembrança desse nascimento é uma alegria por saber que, de alguma maneira, você cruzou minha vida mesmo antes do seu nascimento e isto é motivo de celebração, uma celebração pública permitida por esta mídia, mas uma celebração sincera pela pessoa importantes que você se tornou  em minha trajetória mesmo  quando dos nossos desencontros. Melhoro, não por conta apenas da sua presença ou pelo fato de você ser “minha” imortalidade, mas por saber que vc irá encontrar seu lugar nesses tempos de viver. Amo você. Parabéns pelo aniversário

Marcos Francisco Alves, professor, 27.09.2025. 

Araçatuba-SP

5.10.25

Sesc implanta em Araçatuba o Mesa Brasil

 

Sesc implanta em Araçatuba o Sesc Mesa Brasil,
programa que fortalece a ação contra a fome, insegurança alimentar e o desperdício de alimentos

De 6 a 9 de outubro atividades de lançamento acontecem pela cidade para anunciar a chegada do
programa que inicia sua operação na região, no dia 10
Caminhão Sesc Mesa Brasil Araçatuba | Foto: Rodrigo Griggio

Neste mês, como parte da expansão da presença da instituição na cidade, Araçatuba passa a receber o

Sesc Mesa Brasil, programa que integra a rede nacional de combate à fome e ao desperdício ao conectar doadores a instituições sociais do município e região, promovendo a destinação responsável e eficiente dos recursos a quem precisa. Com o nome inspirado no conceito de mesa, símbolo do direito básico à alimentação, o programa reforça o compromisso da entidade com a garantia de uma refeição digna para todas as pessoas.
Em julho de 2025, o Brasil foi oficialmente retirado do Mapa da Fome da ONU, após reduzir para menos de
2,5% o percentual da população em risco de subnutrição, conforme o relatório SOFI 2025 (State of Food Security and Nutrition in the World). 

O documento destaca avanços significativos no combate à fome no país. Mostra que a insegurança alimentar severa caiu de 8,5% no triênio 2020-2022 para 6,6% no período 2021-2023, o que representa uma redução de 18,3 milhões para 14,3 milhões de brasileiros nessa condição.

Além disso, segundo dados do IBGE, o país ocupa a 10ª posição entre os países que mais desperdiçam
alimentos, com um descarte anual estimado em 46 milhões de toneladas, equivalente a quase um terço de
toda a produção nacional. Esse cenário evidencia o paradoxo entre abundância e carência alimentar e
reforça a urgência de iniciativas como o Sesc Mesa Brasil, que contribuem para reduzir o desperdício e
assegurar que alimentos ainda próprios para consumo 

Mais do que redistribuir alimentos, o programa articula doadores e instituições, fortalecendo redes de
solidariedade e reafirmando a importância da alimentação como um direito fundamental. 

A implantação dessa ação permanente do Sesc chega em Araçatuba com apoio do Sindicato do Comércio Varejista e da Prefeitura Municipal, através de suas Secretarias de Desenvolvimento Agroindustrial e Assistência Social.
A rede APAS (Associação Paulista de Supermercados) também é parceira no programa.
O Sesc Mesa Brasil também atua de forma educativa, transformando receptores e instituições assistenciais em agentes ativos de mudança. Por meio de ações educativas em Nutrição e Serviço Social,
o programa promove cursos, palestras, oficinas e rodas de conversa que visam disseminar conhecimentos técnicos (como boas práticas alimentares, reeducação nutricional e aproveitamento integral de alimentos)
e fortalecer a gestão das entidades atendidas. Essa dimensão pedagógica reforça a autonomia das
organizações sociais, estimula a troca de experiências e capacita multiplicadores locais, ampliando o
alcance e a sustentabilidade das intervenções sociais.
Com mais de 30 anos de atuação, a iniciativa atende 88 municípios paulistas e arrecada mais de 6 milhões
de quilos de doações (alimentos, produtos de higiene pessoal e limpeza, e outros itens) por ano. Estes
alimentos complementam as refeições servidas a mais de 380 mil pessoas em 1.270 instituições sociais
cadastradas no estado. Tudo isso é possível considerando a colaboração de cerca de 1.000 empresas doadoras, que, junto ao Sesc São Paulo, formam uma rede comprometida e empenhada no combate à fome e ao desperdício de alimentos.
Atualmente, o Sesc Mesa Brasil reúne cerca de 1030 empresas doadoras no estado de São Paulo, que
podem ter isenção de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços), e mais a
economia da redução dos custos com o descarte do alimento que perdeu valor comercial. O programa
também ajuda na promoção de uma cultura solidária dentro da empresa e conscientização sobre o
problema da insegurança alimentar.


Funcionamento do programa

Nas cidades paulistas, circulam mais de 50 veículos para a coleta dos alimentos doados. A seleção e a

coleta ficam a cargo do motorista e do ajudante, previamente capacitados. Em seguida, eles informam
uma das unidades do Sesc Mesa Brasil sobre a variedade e quantidade de produto arrecadado, o que é repassado às nutricionistas, que vão selecionar as instituições mais adequadas para recebê-los. No caso
de grandes volumes de doações, os alimentos são encaminhados para o Centro de Captação e
Armazenagem Mesa Brasil (CECAM), para serem disponibilizados para outras Unidades.


Sobre o programa
Criado pelo Sesc São Paulo em 1994, o programa de combate à fome nasceu como Mesa São Paulo e,
em 1997, ganhou força com a implantação do Colheita Urbana, sistema que coleta doações de empresas
e distribui no mesmo dia para instituições sociais. Em 2003, tornou-se nacional e passou a se chamar
Sesc Mesa Brasil.

Além da arrecadação e distribuição de alimentos, o programa promove ações educativas como palestras,
cursos e oficinas culinárias, abordando alimentação saudável, higiene, aproveitamento integral dos
alimentos e técnicas de preparo. No site, também estão disponíveis publicações, materiais de referência e receitas elaboradas em parceria com universidades, culinaristas e cozinheiras de instituições sociais.
O Sesc Mesa Brasil é referência internacional, sendo a maior rede privada de bancos de alimentos da
América Latina e conta com parceiros como a GFN (The Global FoodBanking Network) no apoio a
pesquisas e realização de importantes eventos sobre o tema. Além disso, tem representação nacional
como membro do comitê gestor da Rede Brasileira de Bancos de Alimentos, do governo federal.
No estado de São Paulo, atende 88 municípios. Na capital e Grande São Paulo, está presente nas
unidades: Campo Limpo, Carmo, Itaquera, Interlagos, Ipiranga, Mogi das Cruzes, Santo André e Osasco.
No interior e litoral, em unidades: Santos, Bauru, Piracicaba, São José dos Campos, Rio Preto, Taubaté,
Campinas, Ribeirão Preto, Araraquara, São Carlos, Sorocaba, Jundiaí e agora, Araçatuba.

Linha do Tempo
1994: Foram realizados os primeiros estudos para a implantação do programa Mesa São Paulo.
Neste mesmo ano, é instalado o Cozinha Central do Mesa São Paulo no Sesc Carmo. A unidade
enviava refeições preparadas para as instituições beneficiadas.
1995: Realização do Simpósio “O Desafio Social da Fome - A Empresa no Combate ao
Desperdício”.
1996: Realização do Simpósio “O Desafio Social da Fome - A Organização da Sociedade na Busca
de Soluções”. O Sesc elabora o conjunto de projetos de lei que compõe o Estatuto do Bom
Samaritano e o entrega ao Presidente da República.
1997: O Mesa São Paulo adota a Colheita Urbana, modelo inspirado na experiência nova-iorquina
que, simultaneamente, combate o desperdício de alimentos, a fome e implementa ações
educativas.
1999: Implantação do Mesa São Paulo no Sesc Itaquera. O programa recebe o Prêmio Eco,
concedido pela Câmara Americana no Comércio de São Paulo.
2003: O Programa se instala em 26 estados e no Distrito Federal, passando a se chamar Mesa
Brasil Sesc.
2006: Realização do Seminário “Cultura e Alimentação - Saberes Alimentares e Sabores Culturais”
no Sesc Vila Mariana.
2013: Reconhecimento pelo Global Foodbanking Network, organização sem fins lucrativos
comprometida com a criação e fortalecimento de bancos de alimentos em todo o mundo, como
ação eficiente no combate à fome e ao desperdício.
2014: O programa completa 20 anos e apresenta o seminário internacional “Alimentação Hoje -
Entre Carência em Excesso”.
2015: Criação do CECAM - Centro de Captação e Armazenagem Mesa Brasil, em São Paulo,
espaço destinado a captar, armazenar e distribuir grandes volumes de alimentos.
Como doar
Para apoiar o programa, empresas como supermercados, padarias, mercados municipais, feiras livres,
centrais de abastecimento, produtores rurais e indústrias podem entrar em contato com o Sesc Mesa
Brasil em Araçatuba. As doações podem ser feitas na forma de alimentos, produtos de higiene pessoal e
limpeza:
● Frutas, legumes, verduras, grãos, conservas, sucos, água, pães, bolos sem recheios, frios,
laticínios, carnes, aves, peixes e ovos.
● As instituições de ensino também podem oferecer espaços como salas, auditórios, cozinhas e
laboratórios, e professores que possam colaborar na execução de cursos, palestras e oficinas.
Como receber
Instituições interessadas em receber doações, devem atender a uma série de requisitos detalhados no site
do programa. Organizações como creches, albergues, asilos, instituições de apoio a pessoas com
deficiência e de reinserção social, entre outras, precisam cumprir os critérios de permanência para
continuar recebendo os alimentos.
Sesc Mesa Brasil - São Paulo em Números
● Quantidade Arrecadada em 2024: 6.569.495Kg de alimentos e 91.198 produtos de higiene e
limpeza.
● Pessoas beneficiada em 2024: 382.592.
● Quantidade de Doadores: cerca de 1.030.
● Quantidade de instituições: cerca de 1.200.  
● Abrangência: 88 municípios.
Confira a agenda de lançamento do Sesc Mesa Brasil em Araçatuba
Dia 06/10. Segunda, 19h30.
Apresentação do programa na Tribuna Livre na Sessão Ordinária na Câmara.
Local: Câmara Municipal de Araçatuba
Praça Nove de Julho, 26 - Centro, Araçatuba
Dia 07/10. Terça, 16h às 22h.
Participação das equipes Sesc Mesa Brasil e Relacionamento Empresas no evento APAS
Experience.
Local: Vivere Eventi - Araçatuba
 
Dia 08/10. Quarta.
Entrega dos alimentos arrecadados no evento APAS Experience às instituições
cadastradas do programa
 
Dia 09/10. Quinta, 9h às 11h30.
Café de boas-vindas Sesc Mesa Brasil em Araçatuba
O Sesc promove café da manhã lançamento do programa e bate-papo "Comida na mesa:
redes que alimentam", com:
Cíntia Sanchez, coordenadora do projeto Cozinha Escola em São Paulo e Sandra Melo,
idealizadora do projeto Cozinha Saudável na Comunidade de Araçatuba.
Local: Biblioteca Pública Municipal Rubens do Amaral
R. Armando Sales de Oliveira, 277 - Bairro das Bandeiras, Araçatuba
Dia 10/10. Sexta.
Início da operação do Sesc Mesa Brasil.


Sobre o Sesc em Araçatuba
Com presença física permanente em Araçatuba desde 2005, a instalação local foi implantada
como uma extensão do Sesc Birigui, oferecendo aulas do programa de Ginástica Multifuncional,
cursos e oficinas em diversas linguagens artísticas, além de uma Central de Atendimento para os
trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo. Ao completar 20 anos na cidade, o Sesc
amplia sua atuação, expandindo o número de atividades e ocupando espaços públicos, como
praças, parques e teatros, em uma ação de descentralização do acesso à cultura e ao esporte,
alcançando também as periferias e atendendo um público cada vez maior. O novo plano de
expansão contempla ainda o fortalecimento do Turismo Social, a aproximação com as empresas
contribuintes e a implantação do programa Sesc Mesa Brasil na cidade. Atualmente o Sesc em
Araçatuba está instalado na Rua São Paulo 382, na região central de Araçatuba.

Serviço
Sesc Mesa Brasil em Araçatuba
Rua São Paulo, 382 – Centro - Araçatuba/SP
Telefone: (18) 99187-7971
sescsp.org.br/mesabrasil
Informações à imprensa
Lívia Muchiutti - (18) 3649-4738
Marinho Rodrigues - (18) 3649-4775
imprensa.birigui@sescsp.org.br

Alinhavando redes de bibliotecas - atividades abertas e gratuitas

 
Espetáculos, oficinas e vivências acontecem entre 6 de outubro e 5 de novembro, com atrações para todas as idades


O projeto Alinhavando Redes de Bibliotecas – Corredor Cultural chega a Araçatuba com uma série de atividades gratuitas que unem teatro, literatura e oficinas criativas.
A programação acontece na Biblioteca Municipal “Rubens do Amaral” e é aberta a toda a comunidade.
A primeira atividade será na próxima segunda-feira, 6 de outubro, às 14h, com a Oficina de Arte com Materiais Recicláveis, conduzida por Ana Rosa Alves. A proposta é estimular a criatividade por meio da transformação de materiais descartáveis, como
garrafas PET e papelão, em obras de arte únicas e funcionais. 

Voltada para
participantes a partir de 6 anos, a oficina promove a consciência ambiental de forma lúdica e acessível. Não é necessário ter experiência prévia em artesanato ou artes.
No sábado, 18 de outubro, às 16h, a atriz Marisa Rosa (Cia Dramas e Folias) apresenta o espetáculo “Rosinha e suas histórias”, que mistura humor, imaginação e narrativas envolventes a partir de uma vendedora viajante e um baú repleto de contos e objetos
curiosos. A atividade é voltada para crianças e conta com interpretação em Libras.


A programação segue em 5 de novembro, às 8h30, com o espetáculo “Como Tudo Começou?”, da Cia Koi (Lins/SP). Inspirada em histórias tradicionais de diferentes povos, a montagem combina teatro, música e artes visuais para falar sobre a origem dos seres e da natureza. A apresentação é voltada ao público infantil.
Projeto

O Alinhavando Redes de Bibliotecas – Corredor Cultural contempla nove cidades da
região – Araçatuba, Cafelândia, Getulina, Guaiçara, Guaimbê, Júlio Mesquita, Lins,
Promissão e Sabino – com mais de 40 atividades, entre oficinas, espetáculos, encontros literários e cursos de formação. Cada cidade recebe parte da programação, e juntas constroem um verdadeiro corredor cultural que fortalece a integração entre
municípios vizinhos.
Além das atividades abertas ao público, estão abertas as inscrições para o curso de formação “Biblioteca e Território”, ministrado por Bel Santos Mayer e Val Rocha, da Rede LiteraSampa (SP). 

A formação acontece em formato híbrido, com início online na terça-feira, 7 de outubro, e encontros presenciais nos dias 24 e 25 de outubro, na
Biblioteca Municipal de Lins. As inscrições são gratuitas, com vagas limitadas. O link de
acesso ao formulário está disponível no Instagram @alinhavandoredes.
O projeto prevê ainda sete vivências presenciais em bibliotecas da região, destinadas às cidades que não contam com bibliotecários em sua equipe. Essas ações serão conduzidas por Sandra Regina Vieira da Mata (Lins) e Renata Ribeiro de Lima (Araçatuba), que levarão assessoria direta aos agentes culturais responsáveis pelo dia. 

O centro de cultura

e cidadania.

As bibliotecas participantes ainda receberão kits de livros inclusivos (em braille) e jogos
educativos, ampliando o acesso e a diversidade do acervo. A realização é do coletivo Alinhavando Redes Culturais, com recursos do ProAC – Programa de Ação Cultural do Governo de São Paulo e apoio das prefeituras.


Serviço
Alinhavando Redes de Bibliotecas – Corredor Cultural
Araçatuba (SP)
De 6 de outubro a 5 de novembro de 2025
Local: Biblioteca Pública Municipal “Rubens do Amaral” – Rua Armando Sales de Oliveira, 100 – Centro
Atividades gratuitas e abertas à comunidade

2.10.25

Tilim e seu irmão


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
 
Sempre escrevi crônicas homenageando meus amigos mais velhos quando faleciam: quase obituários. Mas começou a morrer gente mais nova. Estou ficando quase sem jeito para escrever. O jornalista Carlos Alberto Ferreira, o Tilim, é um exemplo, foi embora com 59 anos.

Tilim foi meu aluno no Colégio Salesiano, trabalhei com ele na Folha da Região e o estimulei a fazer jornalismo na Toledo.

O Marquinho Serelepe nasceu na sombra do Tilim e cresceu bem. Os dois são sinônimos de línguas afiadas. Genilson Senche protegia o Tilim, e este correspondia nos elogios ao patrão.

Em nome da Folha da Região, Tilim apoiava o esporte amador. Vivia 24 horas para o esporte e ao jornalismo. Era uma pessoa que chegou à perfeição, não sabia quando trabalhava e a hora que se divertia.

Certo dia, tempos atrás, fiz uma crônica imaginando que seria profisssionalmente cada jornalista da Folha da Região se não tivesse abraçado o jornalismo. Coube ao Tilim ser um carroceiro que judiava de seu animal com seu rebenque. Rimos muito. Nossa convivência foi boa.
OBSERVAÇÃO: há erros de português na arte-final do cabeçalho em sua última coluna no Facebook.

RESTINGA DE CANUDOS

Companhia Tijolo, Sesc Birigui, apresentada em 18/09/2025, durou três horas, sem enjoar, multilinguagem, foi um sucesso. Trabalhei tema com alunos de ensino médio bem antes da eleição de Bolsonaro.
Atualmente, percebi uma linha tênue entre Antônio Conselheiro e o bolsonarismo. Um choque entre monarquia e república. Fazer o quê? A arte tem essa de confundir a realidade. O massacre de Canudos só ficou conhecido com o livro Sertões, de Euclides da Cunha.

NOME DE CONDOMÍNIO

Araçatuba sempre batizou investimentos imobiliários com nomes bonitos, poéticos, mas ultimamente surgiu uma construtora que denomina seus edifícios e condomínios com palavras inglesas. Pode ser uma questão de marketing, mas antes de tudo é uma falta de amor à nossa língua portuguesa, submissão cultural.
Temos um bairro chamado Jardim Nova Iorque (década de 1950), nome de uma metrópole norte-americana, cujo nome foi corretamente aportuguesado ao ser registrado na Prefeitura de Araçatuba pelo loteador Elíseo Gomes de Carvalho.
E para compensar tal estrangeirismo (corretamente aportuguesado), loteador em 27/01/1957 nominou a avenida principal de Brasília, quando a capital do Brasil era apenas um projeto.
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25.9.25

Conversa sobre a leitura do livro APENAS UM CURUMIM

Eu li o livro, gostei muito, quero dividir com você minhas impressões, minha avaliação no dia 02 de outubro de 2025, quinta-feira,19h30, na sede da Academia Araçatubense de Letras. O livro tem 45 páginas, bem ilustrado. Pode ser encontrado em biblioteca, sebo e livraria. Dá para ser lido num dia. A nossa atividade será grátis, sem custo. Conto com sua presença. 

Orelha de APENAS UM CURUMIM

JAKZAM KAISER*

O livro Apenas um Curumim, hoje um clássico do gênero, faz parte da história da literatura infanto-juvenil brasileira.

À exceção obra de Monteiro Lobato, os livros publicados no Brasil até os anos 60 do século passado – destinados às crianças – em sua quase totalidade, tinha o objetivo de “educar” os pequenos, recheando suas páginas com mensagens de “lições de moral e bons costumes”.

Nos anos 70, a literatura infanto-juvenil brasileira é enriquecida com o lançamento de diversos textos de indiscutível qualidade literária. Estes novos autores, ao invés de se apresentarem como “donos da verdade”, provocavam questionamentos, reflexões e, acima de tudo, estimulavam o prazer de leitura. Temas até então tabus, como sexo e morte, passaram a ser assunto de livros infanto-juvenis.

Os livros de Werner Zotz situam-se nesse contexto. A primeira edição de Apenas um Curumim foi publicada em 1979 e teve sucessivas reedições, encantando gerações de leitores – de todas as idades – nos últimos 25 anos.

Apenas um Curumim é ao mesmo tempo bonito e triste. Uma história densa e profunda sobre como o índio foi enganado pelo branco. De como o índio foi ficando com a vergonha de ser índio e passou a trabalhar para o branco. E, querendo ser como o branco, aos poucos foi esquecendo como ser índio, começou a morrer. No livro, um velho pajé, que ainda lembra como era ser índio, retoma  para a aldeia como um menino – um curumim – que tem vergonha de ser índio, é triste e medroso, sem lembranças sobre a alegria, sobre a altivez e a liberdade em que vivia seu povo. Durante a jornada, o curumim se reencontra, descobre os segredos da floresta e aprende a ouvir sua voz interior. E volta a ser índio.     

Como escreveu a crítica Fanny Abramovich, em 1979, no lançamento do livro, “Apenas um Curumim é uma história muito humana (na relação entre um menino e um velho), sem medo de colocar coisas vitais e fundamentais. Uma história brasileira (porque de índios brasileiros), mas universal (porque de tentativo de extermínio de um povo, de uma fé, de uma forma de crer e estar no mundo). Uma linda história importante, linda de ler, fundamental de saber e comovente de ouvir”.

*Jarzam Kaiser, jornalista e professor universitário

 

23.9.25

Os poetas foram, mas os versos ficaram na praça

 

Hélio Consolaro*

Não sou nenhuma autoridade municipal de Araçatuba-SP, mas continuo com a mania de, quando visito outra cidade, ficar vendo as boas iniciativas.

Não dá para comparar São Luís do Maranhão com Araçatuba. A primeira é capital de estado, mais de milhão de habitantes, mas nas pequenas coisas há alguma semelhança. A Atenas brasileira, assim é chamada pelos ludovicenses, porque a arte e a literatura vicejam por lá, pois Gonçalves Dias, Ferreira Gullar, Aloísio de Azevedo, José Sarnei, Zeca Baleiro são de lá. Por isso há a praça dos poetas. Araçatuba também tem seus poetinhas.

Pôr o que numa praça dos poetas? Bancos em forma de livros semiabertos, bustos, estátuas, placas de metal com textos, ponto de leitura com livros de escritores araçatubenses. E se a praça comportar, uma cantina.  

Outro dia encontrei o Sandro Cubas, secretário municipal atual de Planejamento e Urbanismo no supermercado com a esposa. Já cantei no seu ouvido a ideia de fazer isso no bulevar a ser construído na Vila Ferroviária. Podia ter espaços para homenagear os poetas de Araçatuba. Ele disse que era para pôr a ideia para correr, falar com a secretária de Cultura Vanessa Manarelli e o prefeito Lucas Zanatta. É o que eu estou fazendo agora.

A sede da Academia Araçatubense de Letras funciona na Vila Ferroviária. Há um triângulo abandonado, a praça do Relógio e outros espaços no bulevar. Mas se todos esses espaços estiverem ocupados no planejamento arquitetônico, aceitamos outra praça, como a Independência (rua Marcílio Dias) que está bem largada.

A prefeitura pode chamar a AAL, editoras, escolas, convocar o Conselho Municipal de Políticas Culturais, vereadores, engenheiros, arquitetos, comunidade em geral para assoprarem sugestões e ratearem parte do custo da obra.

Assim, fica a sugestão dessa praça temática a todas as cidades em que esta crônica chegar: a Praça dos Poetas.

18.9.25

SESC BIRIGUI: Semana Move agita a juventude

 

 

Sesc Birigui recebe a 13ª edição da Semana Move de dicada à "Geração Movimento"

 Coordenada pelo Sesc São Paulo no continente americano, a Semana Move é uma campanha global de incentivo à prática de atividades físicas e esportivas para todos os públicos, com atenção especial aos jovens. Sob o tema “Geração Movimento”, a programação no Sesc Birigui conta com 10 atividades gratuitas; destaque para a participação da ex-atleta Carol Albuquerque

 Semana Move chega em 2025 à sua 13ª edição. Entre os dias 22 e 28 de setembro a campanha oferecerá ao público, de todas as faixas etárias, nas 43 unidades do Sesc no estado de São Paulo e em instituições parceiras. A campanha é plural e acessível para todas as idades, mas para chamar a atenção ao alto índice de inatividade nesta parcela da população, a campanha traz como tema, nesta edição, “Geração Movimento”, reforçando o convite sobretudo para as gerações Z e Alpha.

O evento é uma iniciativa da ISCA (International Sport and Culture Association), coordenado pelo Sesc São Paulo no continente americano, com apoio institucional da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). No Brasil, o sedentarismo e a inatividade física são dados relevantes. Segundo informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 47% dos adultos não praticam atividade física regularmente e, entre os jovens, o índice alcança 84%. A ideia é engajar especialmente os jovens e motivá-los a redescobrir o prazer de se mover de forma inclusiva e acessível.

Para Luiz Deoclécio Massaro Galina, Diretor do Sesc São Paulo, “a Semana Move se consolida a cada edição ao ampliar sua rede de parcerias, criando oportunidades para que mais pessoas tenham acesso às atividades físico-esportivas de forma continuada. Ao envolver instituições públicas, privadas e a sociedade civil em uma mobilização coletiva, reafirmamos o compromisso do Sesc com a promoção de um estilo de vida ativo e responsável. ‘Geração Movimento’ simboliza essa interconexão entre saberes do passado, do presente e para o futuro, incentivando a adoção de hábitos saudáveis que extrapolam os limites do evento e, idealmente, são incorporados ao cotidiano das pessoas”.

Em Birigui, o destaque da Semana Move 2025 é a presença da ex-levantadora da seleção brasileira de vôlei, Carol Albuquerque, em uma atividade que promove vivências práticas e interativas com o público. Além de outras 9 atividades entre oficinas, vivências, aulas abertas, festival, bate-papos e torneio, realizadas em diferentes espaços da unidade. Confira a programação completa.

 Aulas abertas

 Mova-se no Ritmo

Com André Vieira e Mariana Bansi, educadores do Sesc

A aula convida o público a se conectar com a música e o movimento, explorando diferentes ritmos para estimular o condicionamento físico de forma dinâmica. Por meio da dança, os participantes melhoram a coordenação e a resistência. Durante o mês de setembro, a atividade passa a ocorrer também às quintas-feiras, em diálogo com a campanha Semana Move, que neste ano destaca o protagonismo da juventude na construção de uma cultura do movimento.

De 2 a 30/9. Terças e quintas, 18h30 às 19h30. Exceto dia 25/9.
Quadra poliesportiva.
Grátis.
A partir de 12 anos.

                                                                                                                                                                                                                     Treinão Corrida GMF
Treino aberto que estimula a resistência cardiorrespiratória e muscular, combinando exercícios funcionais à corrida no formato de treino híbrido, preparando os participantes para a competição Corrida GMF.

Até 19/9. Domingos, 10h às 11h. Quartas e sextas, 18h45 às 19h35.
Quadra poliesportiva.
Grátis.
A partir de 12 anos.

Treino de Corrida noturna

O "Treino de Corrida noturna", uma aula aberta conduzida por educadores do Sesc, oferece aos participantes a oportunidade de estimular e testar a resistência física. A corrida acontece no período noturno, percorrendo as ruas do entorno do Sesc, com saída do Sesc Birigui. Saída para o percurso do Sesc Birigui

Dia 23/9. Terça, 18h30 às 20h.
Quadra poliesportiva.
Grátis.
A partir de 16 anos.

Maratona de aulas GMF

Com educadores em atividade físico-esportivas

Parte do Programa GMF, a aula convida o público a participar de quatro blocos de aula em sequência: ritmos, condicionamento físico, jump e mobilidade e flexibilidade.

Dias 7 a 19/9.

Domingos, das 10h às 11h. Quartas e sextas, das 18h45 às 19h35
Quadra poliesportiva.
Grátis.
A partir de 12 anos.

 Vivências

Futemesa e futevôlei
A vivência oferece a oportunidade de explorar essas modalidades esportivas. Ambas as práticas envolvem rebater a bola predominantemente com os pés, o que auxilia no estímulo da coordenação motora e no desenvolvimento da capacidade tática dos participantes.

Dias 20 e 21/9. Sábado e domingo, 15h às 18h.
Campo Soçaite.
Grátis.
A partir de 6 anos.

                                                                                                                                                                                                                         Nadando em Águas Abertas
Com Alexandre Strauch, professor e participante da modalidade

A vivência oferece uma experiência prática de natação que simula as condições de águas abertas. Com orientação técnica especializada, os participantes desenvolvem estratégias de adaptação ao nado contínuo, controle de respiração, navegação por pontos de referência e resistência em percursos mais longos. A atividade também aborda práticas de segurança, posicionamento em grupo e uso de equipamentos, aprimorando habilidades para desafios em ambientes naturais.

Alexandre Strauch é professor de Educação Física e atua como coordenador e professor no Esporte Clube Pinheiros. Com ampla experiência em provas de águas abertas, organiza e participa de eventos da modalidade, além de realizar atividades semelhantes em diversas unidades do Sesc.

De 23 a 27/9.
Terça e quinta, 19h às 20h30. Quarta e sexta, 18h30 às 20h. Sábado, 14h às 16h.
Conjunto Aquático.
Grátis. Necessário Credencial Sesc e exame dermatológico válido.
A partir de 12 anos.                                                                                                                                                          

Jogando com Carol Albuquerque
Ex-levantadora da seleção brasileira

A Semana Move inclui a vivência "Jogando com Carol Albuquerque", uma oportunidade de aprendizado e inspiração para praticantes e entusiastas do voleibol. Carol Albuquerque, ex-levantadora da Seleção Brasileira, compartilha sua vasta experiência em aulas práticas. As sessões exploram fundamentos técnicos, estratégias de jogo e o valor do trabalho em equipe.

Carol Albuquerque, nascida em Porto Alegre em 1977, iniciou sua carreira no voleibol aos 17 anos. Conquistou títulos nacionais e internacionais, incluindo a medalha de ouro olímpica em 2008. Atuou em clubes como Osasco e PAOK, da Grécia, destacando-se pela técnica e liderança. Após se aposentar, segue atuando no esporte, compartilhando suas experiências e contribuindo para o desenvolvimento do voleibol.

De 23 a 25/9. Terça a quinta, 20h às 21h30.
Quadra poliesportiva.
Grátis.
A partir de 16 anos.

                                                                                                                                                                                                                             Trampolim acrobático
A vivência "Trampolim acrobático" oferece a oportunidade de explorar esta modalidade esportiva. A atividade envolve a realização de diversos saltos e movimentos ginásticos sobre o trampolim, proporcionando o desenvolvimento de coordenação, equilíbrio e agilidade.

De 25 a 28/9. Quinta e sexta, 14h às 18h. Sábado e domingo, 15h às 18h.
Quadra Poliesportiva.
Grátis.
A partir de 6 anos.

 

Festival

 

 Festival de Maratona Aquática
A proposta do Festival de Maratona Aquática é oferecer uma vivência esportiva voltada à prática da natação de longa distância em ambiente controlado. O objetivo é proporcionar um desafio individual ou em revezamento, respeitando os diferentes níveis de habilidade dos participantes. A atividade será dividida por faixas etárias e distâncias adaptadas, incentivando a superação pessoal, o espírito esportivo e o convívio saudável entre praticantes.

Dia 28/9. Domingo, 9h30 às 13h.
Conjunto Aquático.
Grátis. Inscrições a partir das 18h do dia 2/9.
A partir de 16 anos.

 

Torneio

 

Corrida GMF
A "Corrida GMF" é uma competição inspirada no modelo de treino híbrido, que combina corrida com estações de exercícios funcionais, como burpee (flexão com salto) e avanço. A disputa acontece em quartetos mistos, com o objetivo de concluir a prova no menor tempo possível.
O regulamento completo da competição pode ser consultado no ato da inscrição. As vagas são limitadas.

Dia 20/9. Sábado, 16h às 18h30.
Quadra poliesportiva.
Grátis. Inscrições de 2 a 17/9 no Portal Sesc e Central de Atendimento.
A partir de 12 anos.                                                                                         

Para Carol Seixas, Gerente de Desenvolvimento Físico-esportivo do Sesc São Paulo, destaca que “a Semana Move representa um convite aberto para que pessoas de todas as idades e contextos sociais descubram ou redescubram o prazer de se movimentar. Com uma rede de parceiros engajados em toda a América Latina, buscamos incentivar as diversas práticas esportivas, bem como reforçar a importância da atividade física para a saúde mental, o bem-estar social e a qualidade de vida. O slogan ‘Geração Movimento’ reflete esse compromisso de conectar as novas gerações ao esporte e à atividade física, promovendo experiências acessíveis, inclusivas e transformadoras.”