AGENDA CULTURAL

8.10.06

Piercing ou gravata?

Hélio Consolaro

Às vezes, aquelas pessoas certinhas, carregadas de preconceitos e que vêem o mundo bem esquadrinhado, me chamam de louco. Que bom! Sou louco, e tudo bem.

Aliás, caro leitor, até me acho conservador e ponderado, apenas quero ser o que sou e os outros também têm esse direito. Então, qual é a sua preferência? Piercing ou gravata?

Nada a ver? Não gosto dos dois. O piercing brutaliza a figura humana, e a gravata mediocriza a inteligência masculina. Nunca vi um engravatado inteligente, no máximo, um sujeito educado, um espertalhão. Os gênios não usavam gravata, lembre-se da irreverência de Einstein...

Toda sogra gostaria de ter um genro que usa gravata. Um sujeito engravatado é facilmente chamado de doutor, é tido como bem-apessoado. Ele é um homem do sistema.

Há mulheres que vêem a gravata como um símbolo fálico, um tesão de homem! Por tudo isso, os bons ladrões são engravatados, até existe o crime do colarinho branco.

Agora, ter um filho ou uma filha que usa piercing, para quem é conservador, é um pé no saco. Aconselho aos pais agirem com moderação, não percam os filhos por causa da burrice da intolerância.

Engraçado, há pais excelentes para os filhos na infância, mas se tornam terríveis quando eles entram na adolescência. Fui ao contrário, um pai meio sem-graça na infância de meus filhos; na adolescência deles, bem mais compreensivo, sabendo dialogar.

Há anos, Meninão chegou em casa com brinquinho. A Japa fechou a cara, cortou a mesada. Eu disse a ela que estava agindo erroneamente. Disse a ele como pai:

- Filho, se apenas minha aprovação basta, use o brinco, sem problemas.

Quando a mãe retornou a falar com Meninão, depois de uma semana, ele retirou o brinco. Nunca mais o usou.

Confesso que gostei do depoimento do Angeli, ilustrador, cartunista, criador de personagem, como Rê Bordosa, Bob Cuspe, os Skrotinhos. Ele disse: “Quando meu filho Pedro, de 16 anos, falou da vontade de colocar piercing, antes de dizer-lhe um sonoro 'não', ponderei o fato de meu filho não ser um veículo para que eu coloque em prática o meu projeto de ser humano.

Muito pelo contrário: ele é um ser independente, com projetos próprios e que tem como orientação básica o respeito ao ser humano e a consciência de que o mundo deve ser mais justo, inteligente, diversificado e saboroso.”

Cada um se veste como é por dentro. Vestir-se de tal forma porque está na moda é dizer ao mundo que é um maria-vai-com-as-outras. Então, revele-se pelo piercing, pela gravata, pela moda. E terá o respeito desse croniqueiro.


Que pretensão a minha... Não sou ninguém na ordem das coisas, apenas um louco.




3 comentários:

Anônimo disse...

Bem,é lugar comum ficar tecendo elogios...Então só vim dizer que estou reativando meu bloguito e quero sua autorização para os links de seu blog e site,quer dizer...já linkei,se não for autorizada terei que desfazer tudo...rs...

Hélio Consolaro disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Marisa
Está autorizada. Muito obrigado. E qual é o endereço de seu blog?
Beijos
Hélio