(Outubro de 2005)
De repetente, algo nos pulmões. Entrou viva no hospital e saiu morta. José Edson Bonfim, seu marido, ficou ao pé da cruz, uivando seu desespero, por semanas. A Santa Casa de Araçatuba era o seu calvário. Dessa vez, Maria foi crucificada, e o homem chorou a morte da mulher.
As pessoas morrem, os amigos desaparecem. Algumas morrem cedo, outras vivem bastante, mas ninguém quer perdê-las. Nós nos perpetuamos nos outros, no mapa genético e nas lembranças.
(Não consigo escrever sobre a morte sem cair nos lugares-comuns: meus pêsames, foi para uma melhor...)
Se o sorriso é a alegria de viver, o choro é aceitar a morte, como a dizer:
- Sou mortal, por isso buááááááá!
Conhecido, perco um a cada dia. Leitores morrem e nem fico sabendo, mas entre setembro e outubro perdi três pessoas muito queridas.
A primeira foi a professora Tânia Mara Bonfim, moradora de Guararapes, que foi coordenadora pedagógica de meus tempos de EE Prof. Genésio de Assis, em Araçatuba. Parou de trabalhar para se internar.
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Tânia Mara Bonfim |
Bonfim, o pai, e os filhos Fábio, Vinícius e Lara ainda esperam à noite a chegada de Tânia, mas ela foi para não voltar mais. Dormiu tão nova e não acordou.
Depois de alguns dias, foi a vez de minha tia Yolanda Fortin Guilherme, moradora do bairro Santana. Quase 90 anos, cheia de bisnetos. Devagar, ela foi sumindo, sumindo, adivinhou a hora de ir embora, não dava mais para segurar. Pelo tio Benevenuto, o marido dela, conheci pela primeira vez o que era andar num caminhão, na década de 50, na rua Aviação.
O terceiro foi um médico. Aqui na FR, faço a revisão de anúncios comerciais e sociais. Por ironia do destino, já corrigi muitos obituários de amigos e parentes.
De repente, grito, para susto de todos do comercial:
- Ué! Fulano morreu?
Assim foi com o Dr. Deroci de Carvalho, que fez o parto do Meninão, meu filho, na extinta maternidade Santa Teresinha. Ele fez muita gente saltar para a vida, mas no último dia 12 chegou a vez de ele saltar para a morte. Desejo a todos os falecidos que comprovem tudo: Dante Alighieri foi um enganador, o inferno não existe.
Um comentário:
As pessoas morrem...espero que continue assim. O inferno nao existe? então o céu e o purgatorio,tambem.
"Si noi nom vejamo piu, que sea por la morte tua"...ditado italiano e a loba que não me caçe por este italiano desgraçado.
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