AGENDA CULTURAL

3.4.11

Meu amor genético

Hélio Consolaro*
Família reunida após o batizado na Igreja Santana - Araçatuba
Padre Orlando Maffei. Bisavô Luiz foi embora, mas nos deixou Luísa
Nunca fui um pai carinhoso. Nem estou sendo avô ternura, mas tive a sorte, e meu neto o azar, de Yuri se parecer comigo. E ele se orgulha disso.

Chegou ao ponto de brigar com sua psicóloga, porque ela lhe disse que não conhecia seu avô. Independente de minha vontade, porque todos dizem admirados:

- Neto do Hélio Consolaro!

Ele me acha poderoso! Usa até meu nome para conseguir pequenos favores. 

Tão garotinho e já aplicando a famosa carteirada:

- Você sabe com quem está falando?

-...?

- Com o neto de Hélio Consolaro!

É bom dizer que sou um homem provinciano, conhecido até o ribeirão Baguaçu, mas confesso que essa celebridade circunscrita afaga o meu ego.

 Agora nasceu uma neta, a Luísa. E no dia 13 de março foi o seu batizado. Não sei se precisa batizar, mas a tradição manda, então deixei o meu computador abandonado e fui adorar outro Deus, o verdadeiro.
Luísa não se parece comigo. Aliás, eu não disse que sou casado com nissei, a Helena. E minha filha, Hélen, também, em sua segunda núpcias com o Marlon Kanezawa.  Meus filhos não se parecem comigo, o Hélder é bem Japa. Luísa também. Yuri foi um acidente genético, o universo ouviu meu desejo.
Da esquerda para a direita: padrinhos: Gervásio e Valdira; pais: Marlon e Hélen;
padre Orlando com a Luísa no colo; avós Tieko (o vovô Minoru foi cuidar da festa), 

Helena e Hélio
Não posso amar apenas a imagem que aparece no espelho, quando estou à frente dele, como fez Narciso. Meu amor precisa ser universal, apenas precisa, porque amo meus descendentes porque nele estou de forma latente, na Luísa, ou declarada, no Yuri. Precisamos parar de mistificar o amor, ele é interesseiro.


Luísa, minha neta, amo você como amo a todas as crianças. Lógico, como você carrega meu mapa genético, a carga afetiva é bem maior.
Com o batizado, bem-vinda à comunidade cristã, da qual participamos.  Bem-vinda a este universo que você está aprendendo a conhecê-lo. Até vou praticar uma heresia idiomática: te amo!   

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras e da UBE. Atualmente é secretário da Cultura de Araçatuba.

3 comentários:

jhamiltonbrito.blogspot.com disse...

A Luiza não se parece com o senhor....como Deus é bondoso.

Marlon Kanezawa disse...

Como pai da Luísa espero que geneticamente, puxe para o avô na parte da inteligência e na honestidade. Quanto
á beleza, acho meu sogro meio "feinho", mas como dizem "pai feio, filha linda". Amo todos e somos muito felizes juntos, um grande abraço e obrigado por amar sua neta LUÍSA fico muito feliz....

Karine Hanl disse...

Gente, que saudades de vocês!!!! Parabéns pela neta!!! Acho que a beleza da vida está nisso: de repente pequenos seres nascem, parecidos ou não conosco, mas nos fazem experimentar um amor incondicional, devotado e dolorido...uma verdadeira aventura! Um beijo enorme a todos!