Menalton Braff
Nestes últimos tempos, felizmente, tem-se falado muito em leitura. Discussões pe-la imprensa, simpósios, conferências, pesquisas, livros, enfim, a leitura vem tornando-se uma das preocupações centrais de boa parcela da população, ou, pelo menos, daqueles que, por alguma razão, estejam comprometidos com a construção do futuro.
Quando se fala de leitura, entretanto, tem-se que pensar que se está falando do ser humano. O ato de ler tem que ser avaliado em suas dimensões reais, pois não se trata de algo banal como jogar dominó, assistir a uma partida de futebol. A insistência com que se tem falado do incremento da leitura, isto é, da melhoria dos índices de consumo de livros no país, leva a um pressuposto que nos parece indiscutível: existem diferenças entre sociedades de leitores e sociedades de não-leitores. E isso deixando estes últimos em desvantagem.
Parece desnecessário discutir quais as vantagens da leitura nem cabe num artiguete despretencioso e desta extensão como este desenvolver o assunto. Peço, portanto, per-missão para dar como verdade que o leitor (ledor) está mais bem informado que o não-leitor, estando, portanto, mais bem preparado para fazer suas escolhas na vida. Isso, por si, já seria razão boa para que se desejasse incrementar os índices acima.
Mas o que falar da literatura, então, que não tem como principal escopo a infor-mação? E aí está outro assunto cheio de controvérsias, que nos obrigará a alguma sim-plificação. A literatura é arte e arte, pelo menos numa concepção kantiana, é inútil. Tão inútil como gerar filhos, como ouvir música, como amar e ser amado. Inútil, a arte, mas é ela que nos torna diferentes dos outros animais, ou seja, é a arte que nos humaniza.
Ora, aceitando-se as afirmações acima, cabe, então, uma pergunta: lê-se pouco, e isso as estatísticas comprovam, mas tão importante quanto: o que se tem lido?
Não acredito que qualidade e quantidade sejam excludentes. Por isso, sou de opi-nião que todos aqueles que estão hoje empenhados em aumentar o número dos leitores e o número de livros per capita comecem também a investir na qualidade do que se lê. Os dois trabalhos podem ser concomitantes.
( 'Brasil que Lê - Agência de Notícias')
Contato: agencia@brasilquele.com.br
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