Mário Sérgio Cortella fala que o livro se insere na "filosofia do cotidiano". Na verdade, é um livro de autoajuda, mas admitir isso pega mal perante os leitores metidos a intelectuais.
Mário Sérgio Cortella aproveita o filão do mercado promissor da autoajuda para faturar. Confesso que não vejo mal nisso. O mal é esconder isso e querer dourar a pílula.
Li o livro, usei o seu conteúdo em reunião de executivos. É uma boa leitura para quem procura administrar alguma coisa, tanto no campo privado como no público.
O livro foi presente de alguém. Ótimo presente.
Leia a resenha abaixo.
Esse é o último livro lançado pelo filósofo e professor Mario Sergio Cortella: Qual é a tua obra?Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética. Nele o autor mostra a importâcia de sabermos o valor do nosso trabalho.
O livro, com 141 páginas, foi lançado pela Editora Vozes, trata de questionamentos sobre gestão, liderança e ética, procurando explicar vários termos do ambiente corporativo, além de desafiar alguns comportamentos das pessoas em relação às outras.
O inicio do livro é um convite a refletirmos sobre certos valores que estão presentes em nossa sociedade. Para o autor, existe uma angústia muito grande dentro das pessoas e que está levando-as a se questionarem sobre o que estão fazendo com suas vidas e mais ainda, qual o verdadeiro significado de tudo isso. Funciona como uma sensação de vazio anterior, uma sensação de vazio que traz consigo uma crise no conjunto da vida social, do qual o trabalho é apenas um apêndice e que envolve a família, a relação entre as gerações e a própria escola. Estamos em um momento de transição, de turbulência muito forte em relação aos valores. Há uma necessidade urgente de a vida ser muito mais a realização de uma obra do que um fardo que se carrega no dia-a-dia.
O autor resgata trechos da história para explicar o significado de certos comportamentos em relação ao trabalho como a associação do trabalho como um castigo, um fardo ou uma provação. A explanação dessa associação começa no período do século II a.C e se estende até o século V, com a formação da sociedade greco-romana (sociedade essa que cresceu em sua exuberância a partir do trabalho escravo), passando pelo mundo medieval em que a relação foi senhor e servo (formação dos feudos, sem dúvidas presentes em muitas empresas) mudando a relação de escravidão para servidão, e finalizando com o mundo capitalista europeu que “exportou” o trabalho escravo para fora da Europa. Países como Brasil e Estados Unidos foram todos construídos sob a lógica da exploração do homem pelo homem.
Depois de apresentar a origem do trabalho, Cortella apresenta a visão da filosofia grega em relação ao trabalho, na qual a definição de dignidade é a capacidade de dedicar-se ao pensamento e não as obras manuais, a tal ponto que, no mundo escravocrata da filosofia e da ciência gregas não se faziam trabalhos manuais.
Esses dois últimos parágrafos representam a base da sociedade ocidental, que coloca o trabalho como castigo do ponto de vista moral-religioso ou uma concepção de castigo a partir da vontade dos deuses na cultura grega. Nobre é ser Senhor e o servo deve estar sempre na posição de submissão. Conceitos ainda muito presente no Brasil, pois ainda consideramos o trabalho manual como tarefa de inferiores.
A humildade é colocada como um dos valores a ser resgatados pela sociedade. Reconhecer que não estamos só, que devemos pensar em um senso maior de coletividade. Reconhecer que não sabemos tudo e que dependemos de outras pessoas para sobreviver. Um dos capítulos do livro é dedicado a importância de não se saber tudo (O lado bom de não saber) e condena aqueles que fingem que sabe. Aqueles que têm certeza de tudo. Gente que tem certeza de tudo, não evolui, não inova, não cresce. Gente que não tem dúvidas, só é capaz de repetir, E repetir em um mundo em constante mudança não é uma atitude inteligente.
Reconhecer que não sabe tudo leva você a querer evoluir, a buscar novos conhecimentos, a arriscar mais. Arriscar mais pode levar a erros. E erros devem ser corrigidos e não punidos. O que se pune é a negligência, desatenção e o descuido. Thomas Edison inventou a lâmpada elétrica de corrente contínua, mas o que não se divulga é que ele fez 1430 experiências antes de obter sucesso. Ele aprendeu que o fracasso não vem com o erro, mas quando desistimos ao cometermos um erro.
A parte final do livro é dedicado à ética. Uma reflexão da importância de pensarmos coletivamente. O autor deixa claro a diferença entre autonomia e soberania. Autonomia leva em consideração os impactos que suas decisões têm na vida das outras pessoas. Soberania é fazer tudo o que quer sem levar em consideração as consequências. Temos autonomia na nossa vida, mas não soberania.
Enfim, o livro leva a refletirmos sobre o significado de nossos atos, a substituir o hábito de fazer algo sem um sentido maior pelo sentimento de construção de uma obra, uma obra a ser construída por todos nós em busca de uma melhor qualidade de vida. (Resenha do professor Jacaré)
Mário Sérgio Cortella fala do livro no programa do Jô Soares. Veja:
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