Por Ilana Ramos - www.maisde50.com.br
O Dia dos Namorados é celebrado hoje, dia 14 de fevereiro,
em grande parte do mundo. Uma das lendas diz que a data é em homenagem ao dia
da morte de São Valentim, condenado pela defesa do amor e do casamento, mesmo
em tempos de guerra. E assim como o santo, que acreditava no amor e no
casamento como instituição divina, muitos casais investem em relações amorosas
sem medo de errar. E não é porque da primeira vez não deu certo, que a segunda
não pode ter um final feliz, mesmo depois dos 50.
Após uma separação, nem todo mundo consegue considerar a
possibilidade de um "recasamento". De acordo com o psicólogo
especializado na área do tratamento das dificuldades do relacionamento amoroso
e autor do livro "A Arte da Paquera: inspirações à realização
afetiva", Thiago de Almeida, "muitas coisas se perdem entre a
separação e a consideração para uma nova situação familiar. Uma delas é o
dinheiro. Outra é o tempo, investimento irrecuperável. As relações amorosas
hoje estão muito fluidas e, especialmente, as mulheres não pensam em investir
de novo em um casamento em tempos onde até a noção de vínculo foi
relativizada".
Uma palavra muito usada na Física pode ser aplicada com
sucesso nas questões do coração: resiliência. "Essa palavra representa a
capacidade que um corpo tem de, após deformado, voltar ao seu estado original,
como a mola, por exemplo. As pessoas têm essa mesma capacidade. Depois de uma
decepção amorosa, existe a possibilidade dessas pessoas retornarem a um estado
onde sejam, novamente, plenamente capazes de recomeçar. A dor da separação é
bem semelhante à dor do luto e a superação requer uma atualização psicológica.
Elas precisam de um tempo para se recuperar do trauma do fim e começar de novo.
Pode durar seis meses, 15 anos, mas todos têm a tendência de voltar ao estado
original", garante Thiago.
Já bastante conhecidas, as fases do luto – o que a pessoa
sente quando recebe a notícia de morte – também podem ser aplicadas quando
percebem o fim de uma relação, especialmente se tiver sido duradoura. Thiago
explica que, no entanto, nem sempre as fases ocorrem alternadamente ou na ordem
proposta. "Primeira fase: negação. A pessoa tenta acreditar que o fim é
apenas uma fase, que as coisas já irão voltar ao normal. Segunda fase: raiva.
Essa é a fase das brigas e atribuição de culpas. Telefonemas irados, fotos
rasgadas. Terceira fase: barganha. A pessoa tenta fazer acordos para negociar a
volta. Esses acordos podem ser feitos com o próprio ex, mas também com Deus e
consigo mesma, através de promessas. Quarta fase: tristeza. É quando a pessoa
cai na real e percebe que não haverá mais volta. Ela tende a ficar mais
introspectiva, chorar. Quinta fase: aceitação. É a tal da fase da resiliência.
Ela aceitou o fim e está pronta para recomeçar, partir para outra", ensina.
O último verso do poema Soneto da Fidelidade, de Vinícius de
Moraes, "que seja eterno enquanto dure", não poderia retratar melhor
os relacionamentos atuais. Thiago explica que "as pessoas tendem a pensar
que não querem perder mais tempo em um novo relacionamento se o anterior 'não
deu certo'. Mas relacionamentos não dão errado. Eles são sempre funcionais
durante o tempo em que o casal esteve junto. O casamento é uma edificação que
se constrói todos os dias, tijolo por tijolo. Se, por acaso, não tem mais tijolos
para colocar, não necessariamente o que foi construído irá cair. Pode servir
até de fundação para uma relação futura, onde os medos e as inseguranças do
passado foram substituídas por uma maturidade emocional e as expectativas se
tornaram mais realistas. Não se busca mais a 'outra metade' quando já estiver
se sentindo completa", finaliza o psicólogo.
Um comentário:
Já comentei no face, mas reitero: quem consegue ter forças e coragem para buscar uma segunda chance de ser feliz, fora do casamento, não deve retroceder. Levando sempre em conta que casamento e amor são processos distintos, por mais que se queira vincular uma coisa a outra.
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