Dados revelam que o problema não costuma ser diagnosticado na velhice devido aos sintomas serem atribuídos a outras doenças crônicas
Em um país em que a população está vivendo 25 anos a mais, comparado à
década de 60, é este o momento certo para abrir uma discussão sobre o
assunto. Transtornos relacionados ao álcool são comuns entre idosos e
são muitas vezes subdiagnosticados, uma vez que os instrumentos de
rastreamento mais utilizados e os critérios de diagnósticos atuais são
voltados para pessoas mais jovens, e ainda, devido ao pouco preparo dos
profissionais de saúde em abordar o problema nesta faixa etária. Sendo
assim, ignoram evidências e questionamentos que ajudam a diagnosticar a
dependência e, quando percebem o abuso do álcool, tratam como tolerável e
não encaminham o paciente ao tratamento adequado.
Parece pouco, mas os efeitos da bebida nessa faixa etária também são
graves: o fígado exibe redução da metabolização, o tubo digestivo
diminui a capacidade de absorção, o estômago reduz a absorção de
vitamina B12 e o pâncreas torna-se mais propenso aos quadros de
pancreatites aguda e crônica. A polifarmácia e a utilização de
medicamentos de venda livre aparecem como outros complicadores, podendo
inclusive resultar em morte por associação de substâncias, como
benzodiazepínicos e álcool.
O que leva os idosos a serem mais vulneráveis ao uso de álcool do que
os jovens são os riscos maiores de efeitos adversos que eles
apresentam, mesmo consumindo em doses baixas. É lamentável que o
problema seja pouco avaliado e conhecido. A gravidade das alterações
comportamentais e físicas torna extremamente importante a realização de
estudos que compreendam esta faixa etária para que se possa conhecer a
real extensão do problema por meio de medidas preventivas específicas e
tratamento adequado.
Dra. Larriany Giglio é psiquiatra
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