Artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo do dia 7/7/2012:
Marta Suplicy - senadora - PT-SP
| Woody Allen | 
Não. É Woody Allen
 apresentando o povo italiano de forma felliniana, ao mesmo tempo em que
 introduz a internet e a mídia do século 21, que Fellini não viveu.
"Roma é um lugar 
muito vasto para caber em um único enredo. Uma cidade artística, que 
acontece a céu aberto", diz Woody Allen, que agrega os monumentos e 
vielas romanas como parte dos seus enredos.
O filme abre ao som de "Volare". Estamos na Itália!
No ponto, a construção do que seja "celebridade"! Andy Warhol já prognosticava que um dia todos teriam seus 15 minutos de fama.
O que o senhor 
come no café da manhã? Essa é a primeira pergunta a um homem sem nenhum 
atrativo, que, de tão questionado respeitosamente sobre babaquices, vai 
acreditando na sua importância. Torna-se uma celebridade perseguida 
pelos jornalistas e prestigiado pelos organizadores de eventos.
Roberto Benigni dá
 um banho de interpretação. A sutileza com que vira a cabeça, como um 
ventilador, quando o interesse da mídia e do público o abandonam pelo 
novo alvo de consumo, transmite, com perfeição, cenas que presenciamos 
no cotidiano do nosso mundo político e artístico. É igualzinho.
Outro episódio é o
 da jovenzinha tímida do interior que chega a Roma para conhecer a 
importante família do marido. O tal se envolve com uma prostituta (a 
deslumbrante Penélope Cruz) e a linda mocinha, perdida em Roma na busca 
de um salão de cabeleireiro, é fisgada pelo impacto de conhecer, numa 
filmagem na rua, o seu ídolo. 
Daí, para um 
almoço hilário e ir para um hotel é um passo. Pensativa, no banheiro, 
ela decide enfrentar o adultério: "Afinal, posso me arrepender a vida 
toda por perder tal oportunidade". Eis que surge um assaltante, mais a 
mulher do galã e, num rolo típico da melhor comédia pastelão, docemente 
constrangida, a mocinha decide que, afinal, todos tendo ido embora, 
menos o ladrão, ela não perderia a ocasião.
 Neste episódio, 
um jovem ingênuo fica fascinado pela amiga da namorada. Bonitinha, 
parecendo ter engolido um grilo falante plugado no Google, entre batidas
 de pestanas e recitações de autores, ela seduz o mocinho e parte 
rapidamente à chamada de nova aventura.
História trivial 
não fosse Alec Baldwin funcionando no papel de superego invisível. Dá 
conselhos, alerta, tenta proteger. Magistralmente, Allen mostra como é 
obtusa e cega a cabeça de um apaixonado.
Temos também o 
cantor de óperas, infelizmente só bem cantadas quando embaixo do 
chuveiro. É um episódio divertido e surreal, quando Fellini volta forte e
 a Itália se funde ao gênio americano.
Woody Allen é um bom cicerone de cidades, povos, hábitos e costumes. Além de delicioso refresco para a alma.
 
 
 
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