AGENDA CULTURAL

7.8.12

Espetáculo de Dança “Frágil” - sexta-feira, Araçatuba




A partir dos estudos de pinturas e fotografias de figuras femininas de mais de três séculos, a bailarina Nathalia Catharina transforma a bidimensionalidade das imagens em tridimensionalidade em seu segundo solo de dança.

Quais as continuidades e descontinuidades estéticas e culturais entre os corpos femininos passados (apresentados por artistas plásticos dos séculos XVI, XVII) e o corpo feminino atual representado por esta bailarina? Em cena um jogo entre luz e sombra, tons de cinza e cor, recortes e repouso de movimento, desenho do corpo na luz, linhas de perspectiva:
Frágil recria dramaturgicamente a transformação da representação do corpo feminino ao longo dessas épocas através de uma plasticidade figural.
Ao mesmo tempo misterioso e romântico, atual e nostálgico,

Frágil permite que o público percorra diversas épocas por um breve instante, fazendo-o refletir sobre sua permanência e ruptura. O figurino de Theodoro Cochrane trás os tons das pinturas renascentistas, revelando a pele através de sobreposições de tecido e transparências. A luz de Fabrício Licursi e a trilha sonora composta por Manuel Pessôa especialmente para o solo, ambientam essas épocas, permitindo que o espectador transite sinestesicamente pelas mesmas.
O que se pode dançar, negar ou rememorar desses corpos de mulheres que já foram e que ainda são?

ROTEIRO DA OBRA COREOGRÁFICA
Frágil parte da idéia de uma narrativa multi-trama, enfocando o corpo em três momentos históricos distintos vistos a partir de pinturas renascentistas (século XVI e XVII), de fotografias do século XIX e dos tempos atuais (século XXI). Essa trama de múltiplas épocas é re-traduzida em múltiplas corporeidades, a partir do trânsito de uma imagem à outra (baseado na técnica de movimento-imagem), a partir do qual constituímos uma época, clima e/ou personagem. Alguns dispositivos coreográficos que embasam a construção de Frágil são: deslocamento e condensação, repetição, variação de ritmo e dinâmica, movimentos protagonistas e coadjuvantes, fragmentação e recolocação de um movimento no tempo-espaço, princípios que permitem ao público tecer uma narrativa a partir de associações entre as imagens que se repetem ao longo da performance e da variação entre essas constantes coreográficas.
A coreografia conta com seis momentos e é construída a partir da apropriação das obras de artes visuais selecionadas (Rubens, Ticiano e Leonardo da Vinci), empregando-se técnicas da improvisação dança-teatro, parâmetros plásticos de pinturas, desenhos e fotografias como linhas, perspectiva, luz e sombra, foco, paisagem e ponto de fuga, além de dispositivos da consciência corporal tais como torções, pontos de apoios e pêndulo, entre outros. Para esse processo conto com a interlocução da coreógrafa Juliana Moraes. A iluminação e trilha sonora composta especialmente para a obra trás consistência ao deslocamento, criando o ambiente de cada imagem e movimento durante a coreografia.

A dramaturgia se faz no encadeamento e fusão de uma imagem na outra, buscando-se uma narrativa que revele as épocas estudadas e que coloque em questão a representação imagética e social do corpo feminino na atualidade.

No início uma pequena imagem corporal vai sendo revelada por uma luz que cresce sutilmente. Aos poucos esse corpo vai se transfigurando pelas épocas que o atravessam, passando por momentos de densidade e humor e de tônus ora elevado, ora leve. Finalmente ao final chegamos à pele que é evidenciada por uma luz que vai fechando seu foco até enxergarmos apenas uma mancha, como uma pincelada de um dos quadros.

CONCEPÇÕES
Concepção de Iluminação-cenário
Fabricio Licursi
Em Frágil, visa-se um desenho de luz a partir da observação das "imagens femininas" coletadas pela bailarina Nathalia Catharina e do material corpóreo levantado por ela durante a pesquisa/ensaios. Na primeira etapa observou-se tonalidades, formas, perspectivas e a relação entre luz e sombra presentes nas imagens femininas escolhidas pela bailarina. Na segunda etapa pesquisou-se a luminosidade da cena a partir da definição do espaço cênico do solo e do material poético desenvolvido pela solista; nesse sentido a luz desenha e constrói a cenografia de Frágil, criando recortes, sombreamentos, justaposições e cores no palco, ambientando as cenas e revelando o espaço cênico. O intuito foi construir uma iluminação que teça uma narrativa com a bailarina, abrindo espaço para que luz e corpo construam a dramaturgia do solo em parceria.

Concepção de Figurino
Theodoro Cochrane
O figurino para a peça
Frágil foi concebido em sintonia com a iluminação e movimentação da intérprete. Trabalhou-se a construção de uma vestimenta que carregue em si as três épocas estudadas pela bailarina: peso, volume e tons avermelhados de afrescos e pinturas renascentistas, o contraste de luz e sombra presentes nos registros fotográficos do século XIX, ao mesmo tempo em que evidencia a pele e a transparência, no intuito de expor a natureza de um corpo atual, o da própria bailarina em cena.

Concepção de Música
Manuel Pessôa
O princípio que me norteou para a trilha sonora da peça é o de som e silêncio que ora conduzem e ora se opõem à movimentação da solista. Em constante jogo com os princípios de deslocamento e condensação da performance, a música igualmente conduz o espectador a se deslocar para uma época antiga a partir de sons de órgão, harpa, cello e flauta transversal, assim como deve ser capaz de condensar a apreensão da cena quando trabalha com ruídos e silêncio, trazendo a percepção para o tempo presente. Esse inquietante diálogo sonoro tece a narrativa musical que guia os passos de Frágil. 

10/08 – sexta-feira - teatro municipal Castro Alves
Proac Espetáculo de Dança “Frágil”
20h30 - Indicação: acima de 12 anos
Ingressos: gratuitos, distribuição no local, uma hora antes.

FICHA TÉCNICA
- Nathalia Catharina.................................................Concepção, direção e criação
- Juliana Moraes.........................................................Interlocução
- Theodoro Cochrane................................................ Figurino, cabelo e maquiagem 
- Fabricio Licursi....................................................... Desenho de Luz 
- Manuel Pessôa.........................................................Direção Musical
- Osmar Zampieri.......................................................Registro em Vídeo
- Osvaldo Guarnieri...................................................Fotografia e desenho visual 
- Fábio Leão................................................................. Violoncelo
- Judite de Lima............................................................Confecção de figurino
- Larissa Orlow..............................................................Produção Executiva
- Olga Vereiski................................................................Assistência de Produção
- Lu Cassas & Lica Nielsen...........................................Assessoria em Comunicação 
Aproximadamente 40 minutos.

ESTE ESPETÁCULO FOI FINANCIADO PELA SECRETARIA ESTADUAL DE CULTURA (PROAC). A DIREÇÃO DO ESPETÁCULO ESCOLHEU ARAÇATUBA PARA APRESENTÁ-LO.




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