Rudá Ricci |
Há várias observações a serem feitas sobre esta tendência:
1) Se ela se confirma, revela um desastre para PTB e PPS, que assumiram descaradamente a vinculação com o serrismo. Outros partidos se vincularam ao candidato tucano, mas sem alarde. Queda livre para Campos Machado e Roberto Freire;
2) Serra, se perder da maneira que se desenha, acaba politicamente. Perder duas vezes para desconhecidos (Dilma e Haddad) catapultados por Lula é uma humilhação que destrói qualquer reputação política;
3) Se assim for, Serra sai da política como um personagem menor, sem estofo, sem história, irritadiço, que na adversidade apela para o fundamentalismo religioso e para o que há de mais recôndito na alma brasileira;
4) A grande imprensa paulista revela seu divórcio com o grande público. Os editorialistas, como já afirmei neste espaço, se alimentam de um passado em que a classe média tradicional, compradora de suas publicações, formava opinião. Não forma mais. O apartheid cultural entre ela e os estratos de renda abaixo dela parece um fosso medieval. Os editores se recusam a compreender este fenômeno, como se estivessem se jogando ao populismo. Na verdade, revelam despreparo profissional ou acomodação à mesmice editorial. Em muitos casos, acomodação ao padrão de financiamento. O rabo preso com o eleitor padrão e seus financiadores fazem os editores brigarem com os fatos;
5) O mensalão não significou nada em termos eleitorais. Outro divórcio no país. Pauta moralista ou temas vinculados à corrupção não definem comportamento eleitoral ou político dos brasileiros. Uma desgraça que se instalou a partir da prática mais comezinha dos políticos tupiniquins. Como se o eleitor perguntasse: "querem que eu acredite que algo mudou de verdade?".
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