AGENDA CULTURAL

7.11.12

ROLANDO BOLDRIN: histórias de contar o Brasil - um carroção de causos



Revista da Cultura

“São histórias de personagens tipicamente brasileiras. O barbeiro, o farmacêutico, o padre, o delegado, o prefeito e até o vendedor de cavalos.” Assim Rolando Boldrin define os “causos” que ouvia quando era criança, em São João da Barra, no interior de São Paulo, e que aprendeu a contar, fazendo da habilidade narrativa uma de suas principais marcas. E isso tanto à frente do programa Sr. Brasil, que comanda na TV Cultura desde 2005, como em livros, caso de Histórias de contar o Brasil – Um carroção de causos, seu mais recente lançamento. “Sempre gostei de ouvir e recontar histórias. E, naturalmente, transformá-las com desfechos engraçados, em causos”, acrescenta. Ele lembra, porém, que os escritores não tiveram interesse em dar continuidade a essa cultura escrita criada por nomes como Cornélio Pires, Waldomiro Silveira e Amadeu Amaral, entre outros.

Além de propagar os causos, Boldrin tem uma longa trajetória na valorização da cultura caipira, como ator de cinema e televisão e como cantor e apresentador. “Minha primeira experiência musical foi por meio da música caipira. Na minha infância, era uma coisa pura, singela e criativa, feita por grandes artistas de rádio. Alvarenga e Ranchinho, Jararaca e Ratinho, Tonico e Tinoco, Torres e Serrinha... Enfim, um punhado de duplas que ficaram na história”, conta.

Ele lamenta, porém, o que tem acontecido com esse universo cultural nas últimas décadas. “Essa música foi se descaracterizando e se desvalorizando por conta da comercialização fonográfica e dos apelos dos novos intérpretes, que rotularam a mesma de sertaneja. Mas o termo sertanejo para essa música de alto consumo é enganoso. Sertaneja é a música nordestina. A nossa caipira está quase em extinção.”

Apesar do cenário atual, Rolando Boldrin, que indica mais adiante os filmes que marcaram sua vida, não irá parar de defender e incentivar as culturais regionais. É o que faz na televisão desde a década de 1970, na Tupi, e de 1981 a 1984 na Globo, quando assumiu o Som Brasil, exibido nas manhãs de domingo. O projeto de sua autoria mudou de nome para Sr. Brasil e mantém, para a nossa sorte, fôlego de garoto na TV Cultura. “Esse era e sempre será o meu projeto de vida. Sempre quis mostrar ao Brasil que a nossa música não é só o samba, e nossos poetas e artistas trabalham independentemente da grande mídia.”

Um comentário:

Anônimo disse...

O Rolando Boldrin é uma pessoas extraordinária e certamente este livro é muito bom, assim como os trabalhos que ele faz.