Revista da Cultura
“São
histórias de personagens tipicamente brasileiras. O barbeiro, o
farmacêutico, o padre, o delegado, o prefeito e até o vendedor de
cavalos.” Assim Rolando Boldrin define os “causos” que ouvia quando era
criança, em São João da Barra, no interior de São Paulo, e que
aprendeu a contar, fazendo da habilidade narrativa uma de suas
principais marcas. E isso tanto à frente do programa Sr. Brasil, que comanda na TV Cultura desde 2005, como em livros, caso de Histórias de contar o Brasil – Um carroção de causos,
seu mais recente lançamento. “Sempre gostei de ouvir e recontar
histórias. E, naturalmente, transformá-las com desfechos engraçados, em
causos”, acrescenta. Ele lembra, porém, que os escritores não tiveram
interesse em dar continuidade a essa cultura escrita criada por nomes
como Cornélio Pires, Waldomiro Silveira e Amadeu Amaral, entre outros.
Além
de propagar os causos, Boldrin tem uma longa trajetória na valorização
da cultura caipira, como ator de cinema e televisão e como cantor e
apresentador. “Minha primeira experiência musical foi por meio da
música caipira. Na minha infância, era uma coisa pura, singela e
criativa, feita por grandes artistas de rádio. Alvarenga e Ranchinho,
Jararaca e Ratinho, Tonico e Tinoco, Torres e Serrinha... Enfim, um
punhado de duplas que ficaram na história”, conta.
Ele
lamenta, porém, o que tem acontecido com esse universo cultural nas
últimas décadas. “Essa música foi se descaracterizando e se
desvalorizando por conta da comercialização fonográfica e dos apelos
dos novos intérpretes, que rotularam a mesma de sertaneja. Mas o termo
sertanejo para essa música de alto consumo é enganoso. Sertaneja é a
música nordestina. A nossa caipira está quase em extinção.”
Apesar
do cenário atual, Rolando Boldrin, que indica mais adiante os filmes
que marcaram sua vida, não irá parar de defender e incentivar as
culturais regionais. É o que faz na televisão desde a década de 1970,
na Tupi, e de 1981 a 1984 na Globo, quando assumiu o Som Brasil, exibido nas manhãs de domingo. O projeto de sua autoria mudou de nome para Sr. Brasil e mantém, para a nossa sorte, fôlego de garoto na TV Cultura. “Esse era
e sempre será o meu projeto de vida. Sempre quis mostrar ao Brasil que
a nossa música não é só o samba, e nossos poetas e artistas trabalham
independentemente da grande mídia.”
Um comentário:
O Rolando Boldrin é uma pessoas extraordinária e certamente este livro é muito bom, assim como os trabalhos que ele faz.
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