Hélio Consolaro*
Invoco, hoje, sua paciência, caro leitor, porque
escreverei sobre uma pessoa muito simples: Jesus Cristo. Os teólogos teorizaram
e teorizam, complicando tudo.
Como
nessa semana houve o dia santo, quando a Igreja Católica comemora Corpus
Christi, não poderia deixar de atender às minhas comichões místicas. Não sou
Spinoza, mas gosto de fazer elucubrações sobre o tema.
Correrei
o risco de cometer aqui muitas heresias, às quais peço o perdão
antecipadamente. Peço que pastores, padres e bispos (não vou citar o papa,
porque não terei leitor tão privilegiado) perdão antecipado.
Tenho
comigo que não conhecemos nem 10% dos ensinamentos de Jesus. Chegou até nós
apenas um arremedo, uma caricatura da pregação desse homem fantástico. Por suas
parcas palavras conhecidas nós, conclui-se que ele só poderia ter uma dimensão
divina para dizê-las naquela época.
Talvez
isso acontecera por falta de preservar mais suas palavras, pois Jesus Cristo se
tornou referência global séculos depois, e entre os primeiros cristãos, a
escrita não era forte, por isso prevaleceu a tradição oral, e muitas
informações se perderam. Os Evangelhos conhecidos foram escritos 70 anos depois
de sua crucificação. Haja memória! Nem computador conseguiria guardar tanta
fidelidade.
Ou então muita coisa foi destruída, porque não interessava
à igreja burocrática, bem parecida com aquela condenada por Cristo, que surgia
em cima de sua doutrina.
Entre
12 e 30 anos de sua vida, há uma lacuna. Segundo estudiosos da Bíblia, ela foi
preenchida com documentos importantíssimos como os Evangelhos Apócrifos
(ocultos, secretos), que reúnem ensinamentos e a história da vida de Jesus. Há
muitas especulações sobre essa fase, propícia a imaginações.
Há
quem afirme que esses Evangelhos foram desprezados ao longo dos tempos pelos
líderes das religiões cristãs, que os consideravam uma heresia e chegaram a
esconder e queimar muitos desses textos, mas foram copiados pelas seitas fundadas
sobre eles. Naquela época não havia museus, arquivos históricos, CPI, STF, Congresso.
Queimava-se e pronto. Era uma vez. Tiranos e manipuladores vicejavam.
A
cada dia, acredito num Cristo holístico, essênio, oriental, sem essa separação
entre corpo e alma, que foi herdada da cultura grega.
“Para
de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Aborrece-me
que me louvem. Cansa-me que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando
de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Sentes-te olhado, surpreendido?
Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.”
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário Municipal de Cultura
de Araçatuba-SP
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