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Às vezes, mergulho
tanto dentro de mim que é preciso de alguém para me tirar de lá, daquele poço
profundo. É visível meu transe hipnótico, meu olhar perdido. Quando alguém
percebe isso, bate palma ou me cutuca, levo aquele susto como se estivesse
acordando.
Volto molhado de
interioridade, cabelos despenteados de rebeldia, descansado, revigorado,
mostrando a língua para quem idiotiza a vida.
Nem tudo é sempre azul, a
rotina corrói. Sem querer, sou máquina de consumir e, meus sonhos são ouro de
tolo, como canta Raul Seixas. Quando tenho aquela vontade de dizer “Eta vida
besta, meu Deus”, mergulho nas águas de meu próprio interior, busco o elo perdido.
A vida burguesa,
amarrada a cuidados: Não faça isso, é perigoso! Cuidado! Vento frio faz mal!
Zelar pelo bom nome. É melhor pingar do que secar... Quando isso me acontece,
grito com a voz de Mário de Andrade: “Fora! Fu! Fora o bom burguês!...”
A leitura faz a
gente buscar a interioridade, nela busco respostas, por isso leio sempre. A escritora
Esther PS Rosado disse numa de suas belas crônicas: “Vida, este trapézio e o
seu trapezista: o vôo sem rede de proteção por baixo, o trapezista de
ponta-cabeça, suspenso no ar por um pé, por um fio, por um triz. E o coração batendo
tão forte, e o mundo sendo tão belo. Viver é mesmo muito perigoso, Guimarães
Rosa...”
Este cronista, caro
leitor, não quer ser exemplo de vida, apenas divido as minhas façanhas. Gosto
de mim, adoro minha cidade, curto meus 64 anos, não me falta nada (e o amor é
sempre bem-vindo), e o presente é o melhor momento de minha vida. E para seu
desespero, faço deste blog minha pista
de Fórmula 1, nela vivo perigosamente.
*Hélio Consolaro é professor,
jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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