Hélio
Consolaro*
O
presidente da UBE – União Brasileira de Escritores – Joaquim Maria Botelho,
escreveu no boletim da entidade “O Escritor”, abril de 2013, na sua
coluna-editorial “Conversa com o escritor”, sobre a necessidade de o poder
público facilitar a publicação de livros. Uma reivindicação justa.
Com
este artigo, não estou discordando do presidente, apenas quero acrescentar mais
informações, como gestor, principalmente quanto à política cultural adotada pelos
municípios. Prefeitos e vereadores podem fazer muito pela cultura, como ocorre
em Araçatuba-SP.
Se
o teatro e outras artes atendem a muitos editais para que artistas se
candidatem a prêmios, por que não a literatura ter as mesmas chances? Afinal, os
escritores não estão separados das artes e nem formam um gueto na cultura.
Como
secretário municipal de Cultura, Araçatuba-SP, cidade do interior do Estado de
São Paulo, com 200 mil habitantes, e também escritor filiado à UBE e à Academia
Araçatubense de Letras, tenho sempre pregado que a literatura faz parte do bojo
da cultura, não devemos nos separar, formar um mundo à parte. Os escritores não
devem fazer reivindicações separadamente.
Assim,
com a ajuda do Ministério da Cultura, o prefeito Cido Sério, a Câmara Municipal
e o Conselho Municipal de Políticas Culturais (o primeiro a ser criado para
ajudar na elaboração do sistema) implantaram em 2011 o Sistema Municipal de
Cultura de Araçatuba, com fundo municipal de cultura (com 0,5% das rendas
próprias do município), lei de incentivo fiscal e plano decenal de cultura.
Infelizmente,
muitos municípios ignoram as vantagens da implementação do sistema no município,
e também agentes culturais exercem mal sua cidadania, não cobrando isso das
autoridades municipais. Quando se iniciar o repasse, tais municípios não
receberão verbas estaduais e federais, então, com certeza, prefeitos e
vereadores tomarão providências.
A
Secretaria Municipal de Cultura soltou 25 editais em 2012, dentre eles, prêmio
de R$ 5 mil para publicar cada livro (em 2013, R$ 7 mil). Apenas 03 se
apresentaram e todos tiveram a ajuda significativa para publicar suas obras. Já
em 2013, houve 07 prêmios, 10 concorrentes se apresentaram. Já houve um avanço,
um despertar para a nova política. Os prêmios estão em acordo com o mercado
editorial regional.
Os
agentes culturais, inclusive escritores, estão perdendo o medo do “monstro da burocracia”,
estão buscando alternativas, fazendo com que suas mãos busquem o dinheiro
público para que sua arte tenha condições de ganhar visibilidade. E, por que
não, de o artista sobreviver de sua arte. Quem faz um projeto para a Secretaria
Municipal de Cultura ganha coragem e prática para chegar a esferas maiores.
Deve-se
cobrar das secretarias estaduais e do MinC que façam editais dirigidos à
literatura, mas também precisa-se pressionar as prefeituras para que o
município tenha uma política comprometida com a cultura. A lei municipal de
incentivo fiscal, municipal, é bem mais acessível que a Lei Rouanet.
Infelizmente,
o Brasil tem muitos municípios sem biblioteca e nenhuma importância no
orçamento público destinada à cultura. A luta precisa ser feita a partir dos
municípios brasileiros.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista, escritor. Secretário municipal de Cultura de
Araçatuba-SP
Artigo publicado no jornal "O Escritor" da União Brasileira de Escritores. agosto 2013 - n.º 133
Um comentário:
kkkk
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