Os meios de comunicação querem que só haja como caminho de
propaganda para partidos e candidatos as suas empresas, ou seja, o seu
faturamento: jornais, por exemplo. Se voltasse a possibilidade de propaganda
paga via rádio e televisão, adorariam.
Fazer propaganda partidária e eleitoral gratuitamente em
rádio e TV foi uma grande conquista, pois assim as oportunidades, com mais ou
menos tempo, são para todos. Se o PT hoje é um grande partido, se deve a esse
benefício democrático.
Fazer propaganda em cavalete, santinhos, pintar muros foge
ao controle da grande mídia, são procedimentos encaminhados a pequenas empresas,
micro-empreendedores ou à própria família de candidatos. Grandes empresas não
ganham dinheiro com pequenos serviços. Se tais meios fossem proibidos, como seria a propaganda na
eleição municipal em pequenas cidades que não têm estações de TV e rádio, nem jornal?
Então, caro leitor, desconfie, questione sempre, porque por
trás de quem emite uma opinião ou de um questionamento, há sempre, sempre
mesmo, interesses econômicos, políticos ou de outro tipo. Não importa de que
lado esteja o emissor.
Há lobby forte,
gente que tenta influenciar Senado, Câmara Federal, Assembleia Legislativa e
Câmara Municipal, além dos poderes Executivo e Judiciário. Ainda bem que a
presidenta Dilma Rousseff vetou tais proibições no projeto que foi aprovado
pelo Congresso, a minirreforma eleitoral.
Observe a Câmara Municipal de Araçatuba, caro leitor. Se
quem defende com unhas e dentes a proibição de pintar muros, fazer panfletos e
pôr cavalete nas ruas em ruas não está ligado a donos de jornais e outras
mídias... A vereadora Tieza (PSDB), por exemplo, é irmã da dona da Folha da
Região, que também instala outdoor, tem emissora de TV; com todo respeito que
tenho pelas duas, não posso me omitir neste mísero blog.
Elas fazem o jogo delas, têm liberdade para isso, não as reprovo.
Os donos da mídia sofismam, afirmam que querem a cidade limpa (como se
democracia fosse sujeira), inventam argumentos para trazer os eleitores menos
avisados para o lado deles. Cabe a nós fazer o nosso jogo como cidadãos, como
democratas.
Na parábola da Luz do Mundo, Jesus afirma que ninguém acende
uma candeia e a coloca debaixo da redoma, mas num lugar algo, velador, e assim ilumina
a todos os que estão na casa. Ninguém é candidato para se esconder debaixo da
cama, quem se atreve a candidatar-se está
colaborando com a democracia e com a nação brasileira, portanto merece
respeito.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.
Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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