AGENDA CULTURAL

15.12.13

Propaganda eleitoral - proibições

Hélio Consolaro*

Os meios de comunicação querem que só haja como caminho de propaganda para partidos e candidatos as suas empresas, ou seja, o seu faturamento: jornais, por exemplo. Se voltasse a possibilidade de propaganda paga via rádio e televisão, adorariam.

Fazer propaganda partidária e eleitoral gratuitamente em rádio e TV foi uma grande conquista, pois assim as oportunidades, com mais ou menos tempo, são para todos. Se o PT hoje é um grande partido, se deve a esse benefício democrático.

Fazer propaganda em cavalete, santinhos, pintar muros foge ao controle da grande mídia, são procedimentos encaminhados a pequenas empresas, micro-empreendedores ou à própria família de candidatos. Grandes empresas não ganham dinheiro com pequenos serviços. Se tais meios fossem proibidos, como seria a propaganda na eleição municipal em pequenas cidades que não têm estações de TV e rádio, nem jornal?
 

Então, caro leitor, desconfie, questione sempre, porque por trás de quem emite uma opinião ou de um questionamento, há sempre, sempre mesmo, interesses econômicos, políticos ou de outro tipo. Não importa de que lado esteja o emissor.

lobby forte, gente que tenta influenciar Senado, Câmara Federal, Assembleia Legislativa e Câmara Municipal, além dos poderes Executivo e Judiciário. Ainda bem que a presidenta Dilma Rousseff vetou tais proibições no projeto que foi aprovado pelo Congresso, a minirreforma eleitoral.

Observe a Câmara Municipal de Araçatuba, caro leitor. Se quem defende com unhas e dentes a proibição de pintar muros, fazer panfletos e pôr cavalete nas ruas em ruas não está ligado a donos de jornais e outras mídias... A vereadora Tieza (PSDB), por exemplo, é irmã da dona da Folha da Região, que também instala outdoor, tem emissora de TV; com todo respeito que tenho pelas duas, não posso me omitir neste mísero blog.

Elas fazem o jogo delas, têm liberdade para isso, não as reprovo. Os donos da mídia sofismam, afirmam que querem a cidade limpa (como se democracia fosse sujeira), inventam argumentos para trazer os eleitores menos avisados para o lado deles. Cabe a nós fazer o nosso jogo como cidadãos, como democratas.

Na parábola da Luz do Mundo, Jesus afirma que ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo da redoma, mas num lugar algo, velador, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Ninguém é candidato para se esconder debaixo da cama, quem se atreve a candidatar-se  está colaborando com a democracia e com a nação brasileira, portanto merece respeito.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP




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