*Emília Goulart
Estando 2013 na hora da
morte, pedi-lhe que perdoasse minha indisciplina por não ter prosseguido com os
objetivos prometidos no seu início. Eram lindos, esplendorosos, mas de curta
duração como os fogos de artifícios que iluminam o céu nas últimas horas do
ano.
Os acontecimentos que me cercaram em 2013 foram bons, na
verdade foram ótimos. Absorveram-me de tal forma que as promessas ficaram para
trás. Não fiz um terço das visitas que programei. Iniciei algumas dietas que
não passaram do terceiro dia, mas o meu sentimento de culpa não eliminou nem um
quilo do meu peso, quando deveria ter perdido dez. Por alguns momentos senti
que não era dona de mim, deixei-me levar pelo vento como caravela no mar,
estava bom demais. Os acontecimentos que me trouxeram alegria não cobraram de
mim sacrifícios. Para as tribulações, Deus deu um fim e para minhas esperanças,
mais fé. Mas tudo tem seu preço e tenho certeza de que terei que me empenhar
muito porque 2014 chegou para cobrar.
Esse preâmbulo me conduz ao assunto principal desta crônica:
a nossa Academia de Letras.
Se não foi difícil eu
entrar para a Academia Araçatubense de Letras, sei que será difícil cumprir o
que me propus ao ocupar ali a cadeira número 13. Pensei em me unir a um grupo
que se interessasse pela nossa Academia e me entristeci ao ver tantas cadeiras
vazias durante a sessão solene do final de ano. Nem mesmo a presença de um
excelente palestrante foi capaz de atrair a atenção de alguns acadêmicos.
As cadeiras não são objeto material de
decoração e sim parte simbólica, pois o que importa é a presença daquele que
deveria ocupar o seu lugar de honra para prestigiar a cultura da nossa cidade,
em especial a literatura. É a postura dinâmica dos acadêmicos que nos colocará
no lugar de destaque no cenário da literatura nacional.
Há treze anos fazendo parte do Grupo Experimental da
Academia Araçatubense de Letras, nunca desprestigiei meus pares ausentando-me
das reuniões e havia o mesmo comprometimento do grupo. É desta participação ativa,
comprometida que estou sentindo falta na Academia.
Será difícil atender
à expectativa das confreiras e confrades
atuantes que confiam em nós? Confreiras e confrades dispersos desta família de
literatos, vamos nos unir para garantir que os bons projetos propostos ganhem
força.
Como dialogar com cadeiras vazias não é possível, faço um convite: compareçam as reuniões mensais
da Academia Araçatubense de Letras, mesmo que seu sonho ao ocupar uma cadeira
fosse apenas o de alimentar o próprio ego. Não se esqueçam das muitas pessoas
que nos veem como imortais e precisam de nós para alimentar os seus sonhos.
Vejo com muito carinho o empenho do nosso presidente professor
Francisco Antônio Tito Damazo, admiro a eficiência das confreiras Yara Pedro de
Carvalho, Marilurdes Martins Campezi, o interesse do confrade Antônio Luceni,
assim como a dinâmica atuação da nossa querida secretária, Marianice Paupitz Nucera
e a colaboração constante do confrade professor Hélio
Consolaro que, dentro da competência de Secretário da Cultura do Município de
Araçatuba, tem muito prestigiado a literatura araçatubense para que ela ocupe
um lugar de destaque, não só na região, como em todo Estado de São Paulo.
Estou aproveitando
este espaço cedido pelo jornal Folha da Região, para fazer um apelo aos
confrades da Academia Araçatubense de Letras. Vamos nos unir e fazer de 2014 um
ano diferente para a nossa academia. Não é preciso muito. Basta ocuparem de
fato as suas cadeiras, para que a sociedade
não nos pergunte mais: onde estão os acadêmicos?
*Emília Goulart dos Santos, escritora, acadêmica da Academia Araçatubense de Letras, vários livros publicados.
5 comentários:
Cumprimento Emília pelo texto perfeito, corajoso0, vigoroso.
Até agora no face nenhum comentário mais consistente ao seu texto..Parece que as pessoas têm medo de se comprometer. Aliás, dentro do grupo experimental, ninguém dá muita bola para os textos dos colegas que são publicados. Certas doenças são transmissíveis , principalmente se há proximidade. Repito: talvez os verdadeiros imortais, como mostra a Maria josé, o Marcolino, nao estejam dentro das academias.
Gostaria de me solidarizar com minha colega e acadêmica Emília Goulart. Tem razão em tudo que diz em seu irretocável artigo. Diferente de você, Emília, minha presença na Academia de Letras foi dificultada; não foi nada fácil ingressá-la, como nada em minha vida foi fácil. E as barreiras vieram de alguns destes que não participam e nem colaboram com nossa AAL. Nós cremos, entretanto, que o serviço bem prestado e com qualidade prevalece sobre a malemolência, boicote e ostracismo. Podemos citar, por exemplo, o Sarau Manuel Bandeira Estrela da Vida Inteira, no qual a participação maior aconteceu a partir dos membros do Grupo Experimental e em menor quantidade, bem menor, pelos acadêmicos da AAL. Conforme você aponta em seu artigo, talvez a meta de muitos dos nossos colegas tenha sido alimentar compor a Academia para alimentar o ego. Conseguiram. Assinam em suas produções e artigos o rodapé de "acadêmico" e ostentam a fama de "imortal"; isso já é o suficiente para eles. Prossigamos.
oomo mostram
Meus amigos, companheiros de jornada expressa, das verdades diárias... A cumplicidade ao ego, faz mesmo parte deste belo artigo de nossa querida Maria Emília. Que bom que novos exemplos estão surgindo para dar mais garra e sustentação aos nossos sonhos... Quem somos nós, sem nossos sonhos? Como disse no post do José Hamilton (Zé Mirtus) Iremos ao "front", sim iremos lutar com os
de boa vontade para termos uma melhor qualidade de expectadores ao resumo dos nossos almejos. Vamos levando tombos, arranhando o joelho, mas levantando sempre para mais uma nova jornada e ainda, sabemos que este ano, por insistência de nosso querido presidente Tito Damazo com a formulação do Projeto do Ponto de Cultura, teremos este ano mais responsabilidades com sua aprovação! Por isso é bom que todos dêem um "start" em suas novas responsabilidades, com suas CADEIRAS, ou mesmo os que não as têm, mas que com muita vontade de
expressão estão ali demonstrando sua vontade. Sim amigos vamos ao "front", lutar contra o parasitismo que está incrustado nas cadeiras vazias, e que é como os expectadores os chamam nos
bastidores... Sim, Antonio Luceni,prossigamos!...
?
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