Priscila de Oliveira e Alex Lot |
Hélio Consolaro*
Não sei o motivo, mas desconfio que estou envelhecendo. E
isso está me fazendo bem, porque enfiei os problemas existenciais num saco e
joguei o danado num rio. Estou nas nuvens.
Com esse espírito fui assistir ao espetáculo encenado pela
Mancomunados Produções, em Araçatuba, 12/01/2013. Durante a apresentação, o
menino que mora em mim aflorou com Zezinho, cheguei a ficar com os olhos
marejados.
Hoje, filhos e filhas precisam ser expulsos de casa: “saia da aba de meu chapéu, moleque”, mas na geração
de minha juventude, o sonho era sair de casa, ganhar mundo, voar – na linguagem
do personagem Zezinho, da peça de teatro.
Como primogênito saí de casa, com emprego garantido, mas de uma
forma meio rebelde, contrariando os pais. Aliás, passarinho já com pena, deve
abandonar o ninho dos pais. Meus dois filhos (menino e menina) tiveram essa
experiência.
“O menino de trás das nuvens” é um musical. A falta de habilidade
com a música dos atores nada prejudicou a beleza da apresentação, aliás, fez
com que o enredo não perdesse importância.
Carlos Augusto Nazareth |
Gostei tanto da peça que queria conhecer o seu autor, Carlos Augusto Nazareth. Achei
uma longa entrevista dele, dada em 2000, na internet. Gostei dele. Realmente, uma história
tão terna, tão poética, só podia ter saído de uma boca cabeça: " Um terapeuta disse que quem escreve para criança faz um expurgo da alma, com o que existe de mais puro", assim ele começa seu depoimento.
A Mancomunados Produções deveria levar o espetáculo para as escolas,
ia ser sucesso garantido, faria um bem danado para os alunos. Precisamos levar nossos jovens para conhecer o outro lado do morro.
FICHA TÉCNICA
Autor: Carlos Augusto Nazareth
Encenação e Direção: Alexandre Melinsky
Elenco: Alex Lot, Alexandre Melinsky, Natália Tassi e Priscila Oliveira
Iluminação: Alexandre Melinsky e Estevan Gimenez
Música: Etiene Consolaro
FICHA TÉCNICA
Autor: Carlos Augusto Nazareth
Encenação e Direção: Alexandre Melinsky
Elenco: Alex Lot, Alexandre Melinsky, Natália Tassi e Priscila Oliveira
Iluminação: Alexandre Melinsky e Estevan Gimenez
Música: Etiene Consolaro
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
Menino
Ivan Lins/Vítor Martins
Me agarro nesse menino, que tem os olhos tranquilos
Os olhos mais lindos, a boca aguada de tamarindo
Me agarro nesse menino, que tem os dias sadios
Que é peixe no rio, que é bicho acuado sem meus
carinhos
Me agarro nesse menino, que tem o campo cerrado
Um baio selado e fogoso esperando por meus domingos
Me agarro nesse menino, com cola, com visgo de figo
Que brinca comigo, enquanto meus filhos estão
dormindo
Será que ele cresce?
Me faz pouco caso
E um dia me esquece?
Preciso desse menino, que tem na sua algibeira
Segredos e chaves, que abrem porteiras pros meus
caminhos
Preciso desse menino, de sua água de mina
Que lava meus dias e os deixas quarando num sol a
pino
Preciso desse menino, que tira ouro do milho
Da vida o destino, com seu canivete cor de alumínio
Preciso desse menino, que eu carrego aqui dentro
Sem ele eu perco todo encantamento por ter crescido
Será que ele cresce?
Me faz pouco caso
E um dia me esquece
E um dia me esquece
Preciso desse menino, que eu carrego aqui dentro
Sem ele eu perco todo encantamento por ter crescido
Me agarro nesse menino
Preciso desse menino
Preciso desse menino
Os olhos mais lindos, a boca aguada de tamarindo
Me agarro nesse menino, que tem os dias sadios
Que é peixe no rio, que é bicho acuado sem meus
carinhos
Me agarro nesse menino, que tem o campo cerrado
Um baio selado e fogoso esperando por meus domingos
Me agarro nesse menino, com cola, com visgo de figo
Que brinca comigo, enquanto meus filhos estão
dormindo
Será que ele cresce?
Me faz pouco caso
E um dia me esquece?
Preciso desse menino, que tem na sua algibeira
Segredos e chaves, que abrem porteiras pros meus
caminhos
Preciso desse menino, de sua água de mina
Que lava meus dias e os deixas quarando num sol a
pino
Preciso desse menino, que tira ouro do milho
Da vida o destino, com seu canivete cor de alumínio
Preciso desse menino, que eu carrego aqui dentro
Sem ele eu perco todo encantamento por ter crescido
Será que ele cresce?
Me faz pouco caso
E um dia me esquece
E um dia me esquece
Preciso desse menino, que eu carrego aqui dentro
Sem ele eu perco todo encantamento por ter crescido
Me agarro nesse menino
Preciso desse menino
Preciso desse menino
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