Hélio Consolarlo*
Li com alegria que o secretário da Segurança Pública do
Estado de São Paulo, Fernando Grella Vieira, reuniu-se com o comando da Polícia
Militar e disse que o rolezinho não pode ser considerado crime, mas um fenômeno
cultural, por isso não deve ser tratado como caso de polícia por si. Uma
avaliação ponderada e correta.
Li com tristeza o depoimento do senador do PSDB, por São
Paulo, Aloysio Nunes, que registrou seu julgamento no Twitter. Como um homem
com tantas responsabilidades pode ser tão obtuso:
“Domingo, levei meus netos, de 5 e 4 anos, à exposição do
‘Gloob’ no Shopping Morumbi. Imagino como eu e demais avós reagiríamos caso um
bando de cavalões cismassem de dar um rolê por lá...” escreveu no Twitter o
senador tucano; segundo ele, “os bacaninhas de sempre fazem agora apologia da
nova modalidade de inclusão da periferia”.
No Shopping Araçatuba, há rolezinho há muito tempo no
domingo. Nunca houve balbúrdia, a polícia acompanha preventivamente fato e o
dono do shopping nunca reclamou disso publicamente. Se não houver manipulação
política do fenômeno, passa despercebido. Se fizemos o “footing” antigamente,
porque não se pode haver um rolezinho pacífico na atualidade?
As famílias beneficiadas pela economia inclusiva conseguiram
suas casas, seus apartamentos, mas eles são pequenos, por isso a cidade é uma
extensão delas, espaço necessário de lazer. Daí a preocupação em promover o
entretenimento em finais de semana para que a juventude tenha lugar para se
divertir de forma sadia. O rolezinho é um jeito de passear nos shoppings, que
substituíram as praças públicas.
Barrar pessoas no baile, impedi-las de entrar num lugar por
preconceito é a forma mais burra de construir a violência em nossas cidades. A
rejeição não constrói o amor, constrói o ódio.
Como secretário municipal de Cultural, conversei com o DJ
Sancler para saber a opinião dele a respeito dos rolezinhos em São Paulo, já
que é líder da cultura Hip-Hop em Araçatuba tem um programa radiofônico para os
manos na Rádio Cultura.
Sancler me disse que se fosse o dono do shopping, teria
recebido os jovens do rolezinho com um ato cultural compatível com o contexto
cultural deles. Depois de quebrar o gelo, chamaria as lideranças para conversar
e estabelecer um nível de convivência. Afinal, o diálogo é a melhor forma de
resolver problemas.
É que dialogar é muito difícil para quem sempre mandou,
explorou e escravizou. Se quisermos construir a paz, sempre é melhor incluir,
aproximar-se, valorizar do que excluir e rejeitar.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.
Secretário municipal de Araçatuba-SP
2 comentários:
Bom Dia !...
Xará
Quanto ao assunto "role", vou de dar aqui meu "pitaco"...Se esses atos de vandalismo deva chamar de "ato cultural" é uma verdadeira piada. Antigamente as nossas "paradas" em praças era para paquerar e pegar as mulheradas, e não prá cheirar, ou fumar drogas e depois ficar correndo, um atrás do outro...isto prá mim tem nome: "Viadice", uma cambadas de "nóias"...borracha neles...
Vandalismo agora é "Fenômeno Cultural", "Ato Cultural", etc etc etc...
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