Hélio Consolaro*
Sujeito fica desempregado, sempre ganhou a vida enrolando os
outros, quando lhe pedem “qual é a sua profissão”, ele responde que é
representante comercial, ou empresário ou comerciante. Se eu tivesse uma dessas
profissões, ia processar o sujeito por danos morais.
Dois cidadãos eram transeuntes de uma rua cujo nome é a
profissão de muitos brasileiros de mãos calejadas: rua Lavrador.
O comerciante assaltado estava sendo procurado pela Justiça,
pois havia sido condenado por estelionato (fraudador, enganador, ladrão). Ao
fazer o B.O., os policiais puxaram a capivara dele e...
Em vez de ficar quieto, reconhecer o colega com a camisa do
Flamengo (não era do Corinthians) que nem arma tinha, apenas simulou tê-la, além
disso, perdera apenas R$ 280,00, resolveu chamar a polícia.
O comerciante é mesmo uma anta! Nunca ouviu a frase que
ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão? O assaltado foi preso e está na
cadeia pública de Penápolis-SP, e o ladrõazinho fugiu pela rua Barão do
Triunfo, vitorioso.
HISTÓRIA 2
“Ladrões furtam casacos de pele de raposa de professora” –
jornal O LIBERAL, 27/8/2014.
E a professora não morava na casa. Havia se mudado para
apartamento, certamente com medo de ladrão, mas deixou nela alguns pertences,
afinal, sua nova moradia tipo caixote, cabe pouca coisa.
A ironia da história é que mesmo morando em apartamento
(portador do mito da segurança total), a minha colega de magistério foi
assaltada. Também foi deixar sua riqueza, os casacos de pele, símbolo de
“status”, na casa desocupada, abandonados.
Algum nóia, craqueiro, achou aquilo, se encantou, no
desespero do vício, tomou a decisão de vender os casacos de pele de raposa da
professora num brecho comprar com o dinheiro algumas pedras. Afinal, um casaco ecologicamente incorreto. Onde
se viu matar raposa para fazer casaco!?
Se a professora largou para trás os casacos de pele,
certamente não lhe faziam falta. Com o calor característico de Araçatuba, nunca
deve ter usado tais agasalhos.
Duas ocorrências que certamente vão cair no esquecimento da
polícia, porque ela possui casos mais importantes para cuidar. Apenas viraram
notícias engraçadas.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor.
Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
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