AGENDA CULTURAL

27.8.14

História de ladrões

Hélio Consolaro*

“Comerciante é roubado no Paraíso e termina preso” – esse era o título da notícia do jornal O LIBERAL, de Araçatuba-SP, 26/08/2014. Tudo aconteceu no Paraíso (não foi no inferno), na rua Lavrador.

Sujeito fica desempregado, sempre ganhou a vida enrolando os outros, quando lhe pedem “qual é a sua profissão”, ele responde que é representante comercial, ou empresário ou comerciante. Se eu tivesse uma dessas profissões, ia processar o sujeito por danos morais.

Dois cidadãos eram transeuntes de uma rua cujo nome é a profissão de muitos brasileiros de mãos calejadas: rua Lavrador.

O comerciante assaltado estava sendo procurado pela Justiça, pois havia sido condenado por estelionato (fraudador, enganador, ladrão). Ao fazer o B.O., os policiais puxaram a capivara dele e...

Em vez de ficar quieto, reconhecer o colega com a camisa do Flamengo (não era do Corinthians) que nem arma tinha, apenas simulou tê-la, além disso, perdera apenas R$ 280,00, resolveu chamar a polícia.

O comerciante é mesmo uma anta! Nunca ouviu a frase que ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão? O assaltado foi preso e está na cadeia pública de Penápolis-SP, e o ladrõazinho fugiu pela rua Barão do Triunfo, vitorioso.

HISTÓRIA 2

“Ladrões furtam casacos de pele de raposa de professora” – jornal O LIBERAL, 27/8/2014.

E a professora não morava na casa. Havia se mudado para apartamento, certamente com medo de ladrão, mas deixou nela alguns pertences, afinal, sua nova moradia tipo caixote, cabe pouca coisa.

A ironia da história é que mesmo morando em apartamento (portador do mito da segurança total), a minha colega de magistério foi assaltada. Também foi deixar sua riqueza, os casacos de pele, símbolo de “status”, na casa desocupada, abandonados. 

Algum nóia, craqueiro, achou aquilo, se encantou, no desespero do vício, tomou a decisão de vender os casacos de pele de raposa da professora num brecho comprar com o dinheiro algumas pedras. Afinal, um casaco ecologicamente incorreto. Onde se viu matar raposa para fazer casaco!?  

Se a professora largou para trás os casacos de pele, certamente não lhe faziam falta. Com o calor característico de Araçatuba, nunca deve ter usado tais agasalhos.

Duas ocorrências que certamente vão cair no esquecimento da polícia, porque ela possui casos mais importantes para cuidar. Apenas viraram notícias engraçadas.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP


Nenhum comentário: