Tendo como inspiração a novela Scènes de la vie de bohème, de Henri Murger, e a ópera composta por Giacomo Puccini (1858-1924) La Bohème – a ópera contada e cantada integra o programa Ópera Curta, da Secretaria Estadual de Cultura, que promove a circulação de peças de teatro musical, baseados em óperas famosas, nas cidades do Estado de São Paulo, em cooperação com as Prefeituras Municipais.
“ La Bohème – a ópera contada e cantada foi criada em 2013, pontua Rosana Caramaschi, diretora artística de Produção da Companhia, que circulará ao lado de Carmen e La Traviata, produções de anos anteriores que também continuam sendo apresentadas e, esperamos, continue com uma longa carreira. É um espetáculo muito expressivo e importante para quem deseja ter um primeiro contato com a ópera, sendo também adequado a quem já possua larga convivência com o gênero”.
A ópera de Giacomo Puccini é uma criação de transição entre o período romântico e o realismo no gênero. Puccini criou um espetáculo que narra a história de artistas e pessoas comuns que conviviam em estado de penúria, na Paris do final do século 19 La Bohème apresenta os amigos Rodolfo (poeta), Marcelo (pintor), Schaunard, Colline e os amores dos dois primeiros, Mimi e Musetta, respectivamente. As relações afetivas são de permanente conflito, motivadas pelo ciúme e pelas inseguranças do grupo, pela pobreza a que estão reduzidos. Mimi morre ao final da ópera, vítima de uma doença avançada pelo abandono, desamparo, falta de recursos. É inverno em Paris.
“Na nossa versão de La Bohème – comenta Cleber Papa, diretor, cenógrafo e autor dos textos do espetáculo – buscamos acentuar os aspectos musicais e dramatúrgicos da ópera sem perder a essência da obra e, com as referências da novela de Murger, introduzir e comentar a natureza dos personagens, a profundidade de suas relações. Preferimos desenhar Rodolfo como um jovem instável, emocionalmente perturbado, inseguro, incapaz de qualquer generosidade afetiva com Mimi e Marcelo, apesar dos pequenos resultados financeiros de sua pintura e de ser mais maduro que Rodolfo, não conseguiu estabelecer uma relação continuada com Musetta. Esta é uma jovem cujos que, apesar de apaixonada por Rodolfo, prefere buscar a companhia de homens mais velhos que possam lhe garantir boas roupas e comida em troca de favores sexuais ou simples companhia. Musetta não é claramente definida como uma cortesã ou prostituta como Violetta Valéry (La Traviata), mas vive no limite do comportamento socialmente aceitável de uma jovem frívola e volúvel. As relações dos dois casais são tumultuadas, de brigas constantes e são fator determinante do resultado fatal. O personagem Benoit (pequeno na ópera) ganha nova dimensão nesta versão, passando a ser o elo que une aquele grupo à cidade de Paris. Há certa atemporalidade no espetáculo realçada pelos cenários e figurinos, muito embora o tempo acabe demonstrado sua forma motivadora ”.
Ópera Curta é um tipo de espetáculo de teatro musical criado por Cleber Papa e Rosana Caramaschi, sob a direção musical do maestro Luís Gustavo Petri, baseado em óperas famosas, na literatura que lhes deu origem, no contexto histórico e sua relação com o pensamento contemporâneo. A Ópera Curta possui uma dramaturgia própria que inclui de partes consideradas imprescindíveis das óperas convencionais à criação de novos personagens que possam contar a história base do espetáculo original.
A motivação original dos criadores foi a perspectiva de criar espetáculos de teatro que auxiliassem a compreensão do que é ópera, difundissem o conhecimento dos principais títulos e despertassem o interesse para o gênero. Como estratégia, os espetáculos precisariam ter padrões de excelência e flexibilidade na implantação em cada cidade, de forma a atingir espaços teatrais diferentes.
Os espetáculos são produzidos com a participação de cantores, bailarinos, atores e músicos com ampla experiência profissional, utilizando recursos de cenografia, figurinos, projeção de legendas (subtítulos com a tradução para o português quando se trata de língua estrangeira) e efeitos especiais.
Musicalmente, são criadas transposições das composições originais para formações de câmara, seja para trios, quartetos ou quintetos de cordas, por exemplo. Desta forma assegura-se um projeto original, de qualidade musical e cênica.
Os espetáculos são reunidos sob uma série denominada “A ópera contada e Cantada” e levam este subtítulo, inclusive como uma forma de garantir ao público a informação correta de que está assistindo a um espetáculo original, baseado em uma ópera e que possui um tratamento artístico próprio.
“Em La Bohème – a ópera contada e cantada, fizemos uma transposição da música para um conjunto de câmara composto de piano, violino, violoncelo e flauta – afirma o maestro Luis Gustavo Petri, diretor musical do espetáculo. Desta maneira, preservamos a música original de Puccini para orquestra de grande porte, “traduzindo-a” para uma formação de quatro músicos. As principais árias e duetos da ópera estão mantidos no espetáculo, permitindo uma compreensão bastante precisa por parte do público leigo e oferecendo um resultado de alto padrão para aqueles que já conhecem o gênero e até a própria ópera”.
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