AGENDA CULTURAL

24.12.14

Não é a Paulista, estúpido! É a 15 de Novembro!

Raul Longo

Apesar de acostumado com as grosserias o motorista não entendeu nada, afinal sempre que o patrão se demonstrava tão afogueado e convicto é porque ia para a Avenida Paulista mudar o Brasil! Derrubar a Dilma! Acabar com a raça do PT! Com vigor juvenil juntava-se ao líder Lobão pela intervenção militar e instauração de outra ditadura, agora sob as orientações do novo Golbery do Couto e Silva: o guru Olavo de Carvalho.
Arriscou uma pergunta meio a medo: “- Mudaram do vão do MASP para o Centro da cidade ou é outra dissidência do movimento?” E o entusiasmo e disposição do patrão até o animaram a responder por si mesmo: “- Boa ideia! Quem sabe dessa vez conseguem reunir mais gente?”
Lá de trás o chefe consertou: “- Mais não! Agora quero é menos! Se todo mundo se mete a comprar, as ações vão subir muito rápido. O negócio é comprar na baixa!”
“- Não era mais fácil chamar um corretor da Bolsa ao invés de enfrentar esse trânsito/”
“- Eu hein! Tão tudo dominado pelo George Soros. Até os da Wall Street! Quero ver isso pessoalmente. Eu mesmo vou comprar essas ações! No cash!
Como não custa perguntar, inquiriu: “- Ações de quem?”
“- Ora de quem? De aeroporto clandestino do Aécio é que não é! Ações da Petrobras, claro!”
Chegou até a virar para trás pra conferir se o patrão estava passando bem: - “- Ué! Mas ainda ontem a Petrobras não ia falir? Todo o país não ia quebrar com essa roubalheira da Graça Fortes? Até a STE ia diplomar o Aécio em vez da Dilma por causa disso!”
“- Armação do PT pra enricar a própria militância que mandou se encherem de ações da Petrobras, os filhos da puta! Por sorte sou bem informado e estou sempre de olho na Mídia. Não vou cair nesse papo furado pra enganar os trouxas!”
“- Quem são os trouxas?”
Perguntou por perguntar, sem qualquer malícia, mas o patrão mandou que calasse a boca e acelerasse: “-... Toca pra BOVESPA!”




Enquanto grandes fundos dos Estados Unidos reduziram nos últimos meses as apostas em papéis da Petrobrás, um grande investidor está indo na direção contrária, o bilionário George Soros. Desde o começo do ano ele vem aumentando as compras de ações da empresa brasileira e no último trimestre dobrou a quantidade de papéis em suas carteiras.
Soros fechou o terceiro trimestre com 5,1 milhões de ações e opções de compras da Petrobrás. No período anterior, ele tinha 2,4 milhões de papéis, também acima dos 2 milhões do primeiro trimestre, de acordo com dados enviados pela Soros Fund Management, que administra cerca de US$ 28 bilhões, para a Securities and Exchange Commission (SEC, que regula o mercado de capitais norte-americano). Pelas regras dos Estados Unidos, os fundos precisam informar à SEC a cada trimestre como estão suas carteiras no fechamento do período, com a quantidade de ações e as empresas em que investem.
Já outros grandes fundos dos EUA têm vendido ações da Petrobrás. A Millennium Management, que administra cerca de US$ 22 bilhões, reduziu sua exposição em 86% no terceiro trimestre comparado com o segundo período de 2014. A Discovery Capital, que faz a gestão de US$ 15 bilhões, cortou em 28%, e a D.E. Shaw, com recursos de US$ 34 bilhões, em 9%.
Outros fundos foram ainda mais radicais. A AlphaBet Management, que agora se chama Saiers Capital e administra US$ 2 bilhões, zerou a posição. A Arrowstreet Capital, que faz a gestão de US$ 25 bilhões, também se desfez dos 1,1 milhões papéis da petroleira, segundo os dados da SEC compilados pelo site especializado em fundos de hedge InsiderMonkey.
Os American Depositary Receipts (ADRs), recibos que representam ações da Petrobrás e são negociados na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse, na sigla em inglês) acumulam queda de 50% este ano. Uma série de notícias negativas nos últimos meses tem ajudado a provocar estas perdas. Entre elas, as denúncias de corrupção na empresa, prisão de executivos da companhia e de prestadoras de serviços, falta de divulgação do balanço do terceiro trimestre, alto endividamento e a queda do preço internacional do petróleo.
Na avaliação dos analistas de petróleo do Credit Suisse, Andre Sobreira e Vinicius Canheu, a Petrobrás já quebrou uma série de promessas feitas aos investidores e é crucial, para restaurar a confiança, que a empresa apresente números e metas confiáveis e que as investigações das denúncias tenham resultados concretos, escrevem em um relatório a investidores.
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