17 de Agosto de 2015
ELVINO BOHN GASS*
Do alto de sua arrogância, o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso usou uma rede social para dizer que a presidenta Dilma deveria
renunciar ou admitir seus erros. Conviria que ele se desse ao respeito e não
maculasse ainda mais sua já tão enodoada participação na política do Brasil.
Pois FHC deveria lembrar-se que no seu tempo as pesquisas
mostravam índices também muito ruins de popularidade. E que nem por isso ele
renunciou ou veio a público admitir erros. Deveria lembrar-se que a inflação
era maior do que agora. E que nem por isso ele deixou o governo ou admitiu sua
incompetência. Que a taxa de juros era o dobro da atual. E que nem por isso ele
pediu para sair ou fez um mea culpa.
Então, FHC não tem autoridade moral – que é conferida, entre
outros requisitos, pela coerência – para aconselhar uma presidenta como Dilma,
eleita legitimamente pelas urnas. Mas não deixa de ser lamentável que o outrora
príncipe da sociologia produza, agora, oportunismos tão baratos a fazer dele um
exemplar típico de conselheiro Acácio do ano 2015.
FHC já nem sequer escolhe os termos mais adequados para sua
crítica, como conviria a um intelectual, mas reproduz sem qualquer
constrangimento palavras de ordem de misóginos e xenófobos que desfilam com
cartazes pedindo a volta da ditadura e o extermínio de seres humanos. Há quem
veja nisso, não sem boa dose de razão, um exemplo acabado de decadência.
Sim, é a hipocrisia quem costura a manifestação do
ex-presidente tucano ao tentar justificar suas observações por conta das
“falcatruas do lulopetismo”... Ora, nem Lobão seria tão superficial, sorrateiro
ou medíocre. De quê falcatruas fala FHC? Dos desvios na Petrobras, que até os
delatores disseram ter começado... no governo dele? Do financiamento de
campanhas por empreiteiras que doaram os mesmos milhões... ao candidato dele?
Estaria se referindo às palestras pagas por empresas a Lula que, ora vejam,
valem mais do que as dele no mercado de conferências?
O cavaleiro de triste figura em que FHC se transformou
deveria, ao menos, lembrar que nem Lula nem Dilma compraram suas reeleições.
Eles as conquistaram nas urnas. E quanto a sua solerte tentativa de invocar as
palavras de Ulysses Guimarães dirigidas a Collor (“você pensa que é presidente,
mas já não é mais”), redirecionando-as à Dilma, tenho a dizer: Dilma não pensa
que é, ela é, e será até 2018, a presidenta legítima do Brasil. Quem parece que
pensa que ainda é presidente mas não é mais, é você, Fernando Henrique.
*Deputado Federal (RS) e Secretário Nacional Agrário do PT''
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