Hélio Consolaro*
Não há mototáxi em todas as cidades brasileiras, mas com
certeza nas cidades médias e grandes há o motoboy. Um carrega gente, e outro, mercadoria.
No transporte de passageiro, há o maior
cuidado; mas no de carga, o motoboy se parece montado num marimbondo,
costurando todos os corredores entre os carros.
Assim canta Seu Jorge na sua música
Motoboy: “Ele é o rei da pista/ E na comunidade/Ele é fundamental/ Ele é
solidário
Se pegar pra um/ Pegou pra geral”. Essa música me remete a um conto de Dalton Trevisan “O ciclista”, cujo primeiro parágrafo diz: “Curvado no guidão lá vai ele numa chispa. Na esquina dá com o sinal vermelho e não se perturba – levanta vôo bem na cara do guarda crucificado. No labirinto urbano persegue a morte como trim-trim da campainha: entrega sem derreter sorvete em domicílio”.
Se pegar pra um/ Pegou pra geral”. Essa música me remete a um conto de Dalton Trevisan “O ciclista”, cujo primeiro parágrafo diz: “Curvado no guidão lá vai ele numa chispa. Na esquina dá com o sinal vermelho e não se perturba – levanta vôo bem na cara do guarda crucificado. No labirinto urbano persegue a morte como trim-trim da campainha: entrega sem derreter sorvete em domicílio”.
Essas novas profissões brotam do chão da necessidade, do
avanço da tecnologia. Atualmente, já temos o tuk-tuk, um triciclo motorizado
que carrega duas pessoas no banco de trás ou então traz na traseira, um furgão.
Coisa de chinês.
Como numa cidade, onde impera a vida coletiva, tudo
precisa ser regulamentado, a Prefeitura já vai mandar para a Câmara Municipal
disciplinando o uso do tuk-tuk.
E continua Seu Jorge: “Motoboy”: “Ele é o rei da pista/ E na comunidade / Ele é
fundamental/ Ele é solidário/ Se pegar pra um/ Pegou pra geral”.
Nas cidades do interior, como Araçatuba, ser motoboy ou
mototaxista não é um privilégio da juventude. Outro dia morreu um mototaxista foi
atropelado por um carro, ele tinha 68 anos.
Minha octogenária mãe, na beirinha dos 90, para não
depender dos filhos para pagar suas contas mensais, tem sua mototaxista de
confiança, porque há mulheres na profissão (motogirl), para quem Dona Augusta
passa o dinheiro e ela vai ao banco fazer o pagamento, voltando com o troco
certinho. Mamãe nunca foi enganada.
Os bacanas das cidades não gostam de motoclistas nem de
motoboys porque são procedimentos de gente humilde. Eles têm motoristas
particulares ou usam táxis com carros de luxo.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor.
Secretário de Cultura de Araçatuba-SP
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